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Demissões causam desmobilização
entre trabalhadores


Essa foi a principal conclusão a que chegou a cientista política Eleonora Frenkel, em sua dissertação de mestrado Desemprego e (des)mobilização: a luta do sindicato dos bancários de Campinas e região, defendida no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp. O estudo específico sobre o sindicalismo bancário justifica-se pelo fato desta categoria ser tradicionalmente organizada e combativa, no Brasil, e porque se constitui como um setor que sofreu muito com as demissões nos últimos 20 anos. "Essas características tornaram o sindicalismo bancário ideal para o tipo de estudo que eu realizava - como os trabalhadores podem se organizar para resistir a essa imposição que é a questão das demissões?", diz a pesquisadora. De acordo com ela, a análise pode ser aplicada para outras categorias profissionais.

A pesquisa realizou-se através da análise dos jornais editados pelo próprio sindicato de 1986 a 2002 e de entrevistas feitas junto a nove dirigentes da instituição. De acordo com as conclusões tomadas a partir dessas fontes, a pesquisadora notou que as demissões ocasionam uma grande desmobilização, um enfraquecimento muito grande, do movimento sindical. Isso porque: durante o período estudado, o movimento foi severamente reduzido com a demissão de mais da metade dos bancários e o número atual de integrantes da categoria é inferior a 400 mil. A cientista social acredita que esse esvaziamento, por si só, já dificulta a mobilização do setor, mas o principal fator de desmobilização é o medo do desemprego. "Há uma pressão sobre os trabalhadores que permanecem empregados e que se sentem obrigados a não contestar aquilo que discordam, pois correm o risco de serem demitidos", afirma.

As mudanças impostas com a reestruturação do sistema bancário têm significado a perda de algumas garantias que os bancários conquistaram através de sua luta há vários anos. A pesquisadora afirma que jornada de seis horas de trabalho é um exemplo de direito que foi conquistado durante a década de 1930, mas, atualmente, com as terceirizações, "foi retirada de uma forma dissimulada", porque o trabalhador das empresas terceirizadas desempenha funções de bancários, mas não tem os mesmos direitos que este: cumpre uma jornada de oito horas, além de horas extras. A reestruturação do sistema bancário trouxe mudanças (demissões, mudanças nas formas de contratação e de salários - as terceirizações, privatizações e fusões são exemplos) "que acarretam em uma grande transformação nas relações de trabalho", diz Frenkel.

A análise do sindicato dos bancários também pode ser aplicada para observar fenômenos semelhantes em outros setores. "Em geral, pode-se dizer que o movimento operário - não só sindical, partidário ou os movimentos sociais - está fragilizado diante de um poder muito forte que a reestruturação capitalista impôs, e a questão do desemprego é determinante na relação de forças entre o trabalhador e o empregador - não só no setor bancário", conclui a pesquisadora, acrescentando que essa é uma questão que perpassa toda a classe de assalariados, mais do que às categorias profissionais.

Atualizado em 20/12/04
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