No atual cenário em que as sociedades democráticas buscam regular as redes sociais digitais tendo como um dos principais objetivos reduzir o terreno da disseminação de informações falsas, de mentiras, de ataques à produção científica, de teorias da conspiração, de negação de fatos ocorridos e de invenção de outros que não passam de ficção, a análise do modelo de negócios das plataformas torna-se fundamental. Para observar com profundidade essa dinâmica é importante nos apoiarmos em referenciais teóricos e conceitos que ampliam nosso campo de visão. Continue lendo Espetacularização, velocidade e o negócio da desinformação
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A lei das ‘fake news’, seus problemas e espantalhos
Por Carlos Orsi
Confesso que minha intenção original era não escrever nada, absolutamente nada, sobre o projeto de lei “das Fake News”, em tramitação na Câmara Federal. O motivo é simples: porque já escrevi demais. Sobre o dever cívico e moral de curadoria de que as redes sociais, aplicativos de mensagem e motores de busca tentam, cinicamente, se eximir; sobre os incentivos perversos que levam os algoritmos implementados por essas plataformas a promover ódio e divisão; sobre os riscos de envolver o aparato do Estado no combate à desinformação; e até sobre as armas de desonestidade intelectual usadas por quem deseja melar esse e outros debates (aqui e aqui). Continue lendo A lei das ‘fake news’, seus problemas e espantalhos
Defesa da ‘liberdade de expressão’ virou bandeira da extrema-direita
Uns querem carta branca para espalhar mentiras. Outros, para difundir preconceitos e incitar violência. Continue lendo Defesa da ‘liberdade de expressão’ virou bandeira da extrema-direita
Supermercados de mentiras e a regulamentação das redes sociais
Por Herton Escobar
A ideia de regulamentação das redes sociais e aplicativos de mensagens — Facebook, Twitter, Instagram, YouTube, TikTok, WhatsApp, Telegram, etc. — pode soar como uma aberração, a princípio, para muita gente. Uma intervenção indevida do poder público em atividades de caráter privado. Mais do que isso: um ataque à liberdade de expressão! Censura! Mas não é bem assim. Na verdade, é algo absolutamente aceitável e justificável que se faça, com o máximo de urgência possível. Continue lendo Supermercados de mentiras e a regulamentação das redes sociais
Humor na ciência
Por Peter Schulz
Cientistas são, acredito, como outros seres humanos quaisquer e, portanto, têm humor, contam piadas e riem delas. A pergunta a ser feita, no entanto, é se fazem e falam da ciência com humor. No ramo há 40 anos (da ciência, não do humor), não sei bem o lugar que ele ocupa nela, mas exemplos, pelo menos isolados, não faltam. Continue lendo Humor na ciência
Os humores do mercado como instrumento de governança neoliberal: autoritarismo econômico e hegemonia ideológica
Por David Deccache
Os governos que se submetem – por interesse, medo ou ignorância – ao terrorismo mitológico das elites econômicas estão colocando em risco não apenas a democracia, mas também o nosso próprio futuro como humanidade, algo totalmente incompatível e irresponsável com os desafios do nosso tempo. Continue lendo Os humores do mercado como instrumento de governança neoliberal: autoritarismo econômico e hegemonia ideológica
Humor e Vergonha
Por Christian Dunker
Tanto o riso (pensado como correlativo do júbilo) quanto o rubor (pensado como correlativo da vergonha) são refratários à intromissão discursiva de suas causas. Um chiste apresentado junto com sua explicação se torna inócuo, é um chiste-falho. Uma irrupção de vergonha se dissolve pela explicitação das suas motivações.
Golpes e golpismos no Brasil contemporâneo
A vitória eleitoral de Jair Bolsonaro não era prevista em 2016, mas foi o golpe de 2016, desorganizando o jogo político existente e conferindo legitimidade a discursos autoritários e regressistas, que criou as condições para que ela ocorresse. O bolsonarismo é apenas a metástase de um projeto de retração democrática que o precede e o transcende. Continue lendo Golpes e golpismos no Brasil contemporâneo
Contribuições sociológicas para compreender o golpismo dos patriotas
Por Jonas Medeiros
Entre o final de outubro de 2022 e o início de janeiro de 2023, o Brasil viveu uma campanha golpista de contestação do resultado da eleição presidencial. O que a sociologia tem a contribuir para aprofundar e complexificar o debate público em torno da compreensão deste fenômeno? Neste artigo, vou abordar quatro contribuições: revelar a racionalidade das ações sociais; refletir sobre a relação entre meios e fins; investigar a interação entre a base deste movimento e as suas lideranças; e, por fim, lembrar que valores são produzidos e internalizados em instituições socializadoras. Continue lendo Contribuições sociológicas para compreender o golpismo dos patriotas
A politização da toca do coelho
Por Carlos Orsi
Das questões ainda em aberto sobre a intentona fascista de 8 de janeiro de 2023, talvez a mais intrigante seja: o que os bolsonaristas achavam que ia acontecer? A invasão e depredação de prédios públicos, vazios e trancados para o fim de semana, é um ato de selvageria e barbarismo, mas que dificilmente pode ser visto como uma tentativa séria de usurpar o poder ou desestabilizar o governo: não é como se os invasores estivessem tentando tomar o presidente recém-empossado como refém ou algo assim. Continue lendo A politização da toca do coelho