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Profissionais de saúde carregam bactérias superresistentes
Por Carolina Medeiros
10/05/2015

As infeções por bactérias resistentes aos antibióticos são um problema grave enfrentado dentro dos hospitais. Um trabalho conduzido por pesquisadores da Universidade Federal de Goiás identificou a presença de bactérias da família Enterobacteriaceae na saliva de profissionais da saúde, e 57,8% da amostra apresentou resistência à amoxicilina.

Foram utilizadas 294 amostras de saliva de profissionais de saúde de um hospital oncológico, e o estudo foi publicado na Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo.

Dentre as bactérias identificadas estão 64 enterobactérias. Os três gêneros mais comuns foram Enterobacter (46,9%), Klebsiella (18,8%) e Citrobacter (17,2%). A maioria das espécies foi Enterobacter gergoviae (17,2%).

Os números do estudo são reforçados por outros ainda mais preocupantes. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, em média, de cada 100 pacientes internados, 13 adquirem alguma infecção durante o período. O risco se torna ainda maior quando a internação é em Unidades de Tratamento Intensivo, e entre 30 e 47% dos pacientes são acometidos por infecções.

Na UTI, os pacientes são submetidos mais frequentemente a procedimentos invasivos como respiração mecânica, cateteres venosos drenos, e sondas. Os equipamentos podem levar, assim, os patógenos diretamente para a corrente sanguínea, pulmão, bexiga e outros locais.

Controle de agentes infecciosos no Brasil

O país promove ações de combate às infecções hospitalares desde a década de 60, quando surgiram as primeiras Comissões de Controle de Infeção Hospitalar (CCIH). A questão passou a ser considerada um problema de saúde pública em 1988, quando foi criado o Programa Nacional de Controle de Infecção Hospitalar.

Nos anos seguintes, portarias foram criadas pelo governo com o objetivo de atualizar e normalizar as ações de prevenção e controle das infecções. O principal avanço foi a criação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em 1999. A agência passou a desenvolver ações em todo país na tentativa de minimizar os riscos, e em 2003 criou a Unidade de Controle de Infecção Hospitalar (Ucisa), depois denominada Gerência de Investigação e Prevenção das Infecções e dos Eventos Adversos (Gipea). Em 2011, após reformulação na estrutura organizacional da Anvisa o programa nacional passou a ser conduzido pela Gerência de Vigilância e Monitoramento em Serviços de Saúde (GVIMS).

Dentre os muitos trabalhos realizados pela GVIMS estão as cartilhas de conscientização. Elas indicam que os profissionais de saúde devem conhecer e seguir rigorosamente as rotinas de prevenção recomendadas pela Comissão de Controle de Infecções, além de lavar as mãos cuidadosamente sempre que necessário e ser criterioso ao indicar medicamentos e procedimentos. Familiares devem evitar levar alimentos para o paciente; não tocar em superfícies, camas e objetos, além de lavar as mãos ao chegar e ao sair do ambiente hospitalar.