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Artigo
Centro de Documentação e Memória da Fundação Abrinq
Por Elisangela Alves Silva
10/12/2005

O Brasil é um país marcado por sua diversidade cultural, algo que pode ser visto como um ambiente fértil para a troca de conhecimentos, experiências e oportunidades às suas crianças e adolescentes. Entretanto, seu potencial é pouco aproveitado, embora seja inegável que nos últimos anos aconteceram avanços no combate às iniqüidades do país como a aprovação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), fruto de intensa mobilização social, ocorrida em um momento de abertura política do país, que garante constitucionalmente como prioritários a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. Mas infelizmente, a verdade é que o ECA comemora 15 anos em 2005 sem que alguns de seus principais artigos tenham saído do papel.

Assim, são necessárias mais do que alterações de leis e políticas, mas sobretudo, mudanças de atitudes, tradições e comportamentos que contribuam para resgatar a delicada situação em que se encontram milhares de crianças e adolescentes no país.

A Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança e do Adolescente, desde a sua constituição, há 15 anos, trabalha na mobilização dos setores da sociedade para promover a defesa dos direitos e o exercício da cidadania da criança e do adolescente.

A Área de Informação da Fundação Abrinq foi criada no ano 2000 e integra atividades de tecnologia (análise, programação e implantação de sistemas, webdesign e infra-estrutura) e de informação, que inclui o Centro de Documentação e Memória (CEDOC), com o objetivo de aumentar a eficiência e eficácia das atividades operacionais e das redes da Fundação Abrinq, bem como para a definição das estratégias e ações institucionais, tendo em vista a ampliação da capacidade de disseminação e multiplicação de suas ações.

O Centro de Documentação e Memória da Fundação Abrinq é a única biblioteca especializada em Direitos da Criança e do Adolescente na cidade de São Paulo. Tem por finalidade dar apoio à tomada de decisões estratégicas e às ações desenvolvidas pela instituição, coletando, organizando e facilitando o acesso a informações e documentos que auxiliem os programas e projetos. O CEDOC, a partir da disponibilização de sua base de dados no site www.fundabrinq.org.br/biblioteca, ampliou a abrangência de sua atuação e seu público.

A atuação social se concretiza por meio da disseminação de informação e conhecimento sobre os direitos da criança e do adolescente, contribuindo para a pesquisa na área e para a sensibilização de pessoas e instituições sobre a causa.

Não apenas o público interno se beneficia das ações do CEDOC. Cada dia mais pessoas entre os membros das organizações sociais parceiras, estudantes e pesquisadores descobrem um rico acervo que inclui dados e informações produzidos, coletados e adquiridos pela organização, reunidos sob os mais diversos suportes – livros, produção acadêmica, hemeroteca, relatórios, periódicos, vídeos, fotos, cartazes, documentos eletrônicos, bases de dados, sistemas e outros documentos produzidos pela Fundação Abrinq e por ela coletados. O conteúdo é permanentemente atualizado, está relacionado com a área da infância e da adolescência, trazendo diferentes tipos de abordagens sobre o tema.

Destacamos também que algumas publicações produzidas pela Fundação Abrinq ou desenvolvidas em parceria estão disponíveis em formato eletrônico (pdf) com o objetivo maior de garantir o acesso completo às informações publicadas sem a necessidade do deslocamento físico para pesquisa e/ou retirada da publicação como empréstimo, ou ainda a compra. Dessa forma, os arquivos e bibliotecas, que de um modo geral, foram considerados durante muito tempo como meros repositórios de papéis, deslocam-se da questão da guarda (acervo físico) para a do acesso (ampla disponibilidade de leitura e aquisição de conhecimento online). Dentro desta visão, mesmo quando não há o documento digitalizado na íntegra, a simples troca de instrumentos de pesquisa já viabiliza o acesso do usuário à sua referência, um grande auxílio ao desenvolvimento das pesquisas. Os usuários contam também com o serviço de referência online, por meio do “fale conosco” de nosso site, onde podem ser encaminhadas dúvidas, agendamento de visitas, entre outras questões.

No intuito de dinamizar o desenvolvimento do acervo e conquistar novos públicos, criamos o Informativo CEDOC, com periodicidade quinzenal e envio eletrônico. O objetivo deste informativo é de estimular o uso do acervo, indicar publicações relevantes à causa da infância e da adolescência, divulgar publicações acadêmicas (teses e dissertações) – não apenas do corpo técnico da Fundação Abrinq, mas de outras organizações e dos pesquisadores das universidades que freqüentam o CEDOC. O informativo também visa prestar contas das atividades realizadas no Arquivo Memória, implantado oficialmente em fevereiro de 2005.

O objetivo do Arquivo Memória é reunir toda a documentação de interesse histórico, produzida e coletada pela instituição e registrar depoimentos de pessoas que atuaram junto à Fundação e fizeram a diferença na luta pelos direitos da infância e adolescência no Brasil.

Um dos produtos em desenvolvimento é a seção Memória, no site da Fundação Abrinq, onde estará disponível parte do acervo histórico digitalizado a partir de fevereiro de 2006, quando serão comemorados os 16 anos da instituição. Será um momento oportuno e privilegiado para a reflexão da sua trajetória e para sua ampla divulgação.

Entendemos que, ao acumular o conhecimento produzido pela Fundação Abrinq, o Arquivo Memória pode ampliar os benefícios em favor das crianças e adolescentes, servindo de matéria-prima para a sistematização das práticas da instituição e de subsídio para a atuação de seus programas e projetos. Universidades e outras instituições também podem se beneficiar desse conhecimento.

A maior parte dos arquivos das áreas e programas da Fundação Abrinq ainda carece de seleção e organização. Descentralizados, sem obedecer a critérios de seleção, guarda e tratamento, apresentam muita duplicação e, paradoxalmente, lacunas. Em conseqüência, há grande dificuldade para a localização de documentos e informações e verifica-se, até mesmo, o desconhecimento de sua existência, sobretudo por parte dos colaboradores mais novos da Fundação.

A implementação de critérios de gestão de documentos em execução que permitirão selecioná-los, descartá-los, se necessário (pois não há memória sem esquecimento), distribuí-los em arquivos correntes, intermediários e permanentes (Arquivo Memória) e padronizar seu arranjo e classificação, objetiva, fundamentalmente, ampliar seu acesso e uso operacional e estratégico.

Os documentos, isolados, são simples vestígios de uma trajetória e não possibilitam, em si, a reconstituição das idéias, dos processos e das ações da Fundação Abrinq, pois refletem o olhar de uma época e estão impregnados implicitamente de juízos de valor de um grupo, de um contexto e de uma época. O Arquivo Memória – ao agrupar documentos que, isolados, são simples vestígios de uma trajetória, e ao registrar depoimentos daqueles que ajudaram a fazer essa história, e que se tornam, então, também documentos – permitirá visões de conjunto de suas idéias, de seus processos e de suas ações, que refletem o olhar e os valores de determinados grupos, contextos e tempos. Os documentos agrupados passam a se interrelacionar e dialogam com os depoimentos registrados em outro momento histórico, possibilitando novas leituras da história da Fundação Abrinq.

Nessa oportunidade, a Memória, como repositório do conhecimento acumulado, tem um papel fundamental para reforço da identidade da organização. Externamente, é material valioso para ações de comunicação, mobilização, defesa e captação de recursos. Internamente, ao lado do uso voltado a fins operacionais e de gestão, deve ser utilizada em ações de integração, valorização e motivação de funcionários de forma a gerar maior participação e compromisso com a missão.

Dentro da Fundação Abrinq, como em outras organizações sociais, os usos de dados e do conhecimento acumulado são diversos. Sua importância será relativa ao uso que dele se fazem, considerando-se seus contextos, isto é, seu momento histórico, seu ambiente e seus públicos.

Entre muitas metas e funções, a Área de Informação da Fundação Abrinq busca o aprimoramento do acesso e a qualidade das informações para uso interno e de seus públicos. Sabemos que apenas a disponibilidade de dados não é capaz de mudar o quadro de inequidades em que nosso país se encontra, mas já é a base para uma sociedade informada, ciente de seus direitos e deveres.

Acreditamos que a disseminação da informação e do conhecimento, tarefas do profissional da informação, poderá contribuir a manter a sociedade informada e é um passo para mobilização sobre os principais problemas da infância e da adolescência e suas soluções.

Dentre seus objetivos, o CEDOC procura divulgar o seu acervo físico e virtual no sentido de ampliar o acesso ao conhecimento acumulado e, conseqüentemente, sensibilizar pessoas e instituições e estimular novas ações pela causa da infância e da adolescência.

Elisangela Alves Silva é assistente técnica da Área de Informação da Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança e do Adolescente. E-mail: ealves@fundabrinq.org.br