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Qual deve ser o papel da escola na formação de uma cultura científica?
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Reportagem
Qual deve ser o papel da escola na formação de uma cultura científica?
Por José Pichel Andrés, de Salamanca
10/12/2010

Ramón Núñez Centella, diretor do Museu Nacional de Ciência e Tecnologia da Espanha (Muncyt), foi o responsável pelo encerramento da jornada Aula Empírika, no dia 4 de novembro, em Salamanca, em um dos encontros que anteciparam a Empírika. Participaram da jornada uma centena de professores de Castela e Leão, de áreas científicas e técnicas. Esse especialista tem defendido o papel do ensino no fomento da cultura científica e tem destacado que a realização da Empírika 2010, a Feira Iberoamericana de Ciência, Tecnologia e Inovação, é um sintoma da aposta de Salamanca e de toda a comunidade por uma “autêntica cultura”.

"A ciência pode aportar muitas coisas à cultura", observou, em particular, pela necessidade de se ter espírito crítico. “Estamos sujeitos a que muitas frentes nos vendam tolices”, afirmou Centella, de maneira que aposta que os cidadãos fortaleçam “seus mecanismos de defesa” e possam ter critérios próprios para discernir o que faz sentido.

Além disso, em sua opinião, a ciência leva à sociedade outros valores, como a curiosidade, a criatividade, o inconformismo ou a constância, “que é necessária para o progresso científico, porque aquele que desiste diante das primeiras dificuldades, não pode ser um bom experimentador”, e também na vida é necessário “educar-se com esforço continuado”, comentou.

A jornada Aula Empírika foi dirigida a professores de todos os níveis educativos, desde o ensino fundamental até bacharelado e formação profissional, com docentes vindos de todas as províncias da região. Por isso, Ramón Nuñez fez referência à educação e considerou que é “absolutamente imprescindível que o ensino das crianças não seja memorístico, mas sim que as pessoas adquiram cultura científica na escola fazendo ciência, e fazer ciência é levantar perguntas e buscar experimentalmente as respostas; isso é, fazer ciência não é saber de memória as fórmulas dos compostos”, completou.

Questionado sobre a futura Lei de Ciência, que no momento está em discussão, Nuñez fez uma especial referência ao artigo 37, que sob seu ponto de vista, “traz uma contribuição histórica, ao reconhecer que as administrações públicas têm a obrigação de incentivar a cultura científica dos cidadãos”. Até agora, as administrações “apoiaram a música, a poesia, a pintura, a novela, o teatro, a dança. Pois bem, agora têm que apoiar, também, a cultura científica”, afirma. “Estamos aceitando, por fim, que sem a ciência não há cultura, porque sem ciência não podemos nos mover adequadamente no mundo de hoje”, acrescenta Nuñez.

A Aula Empírika se adiantou ao restante das atividades da Feira Iberoamericana de Ciência, Tecnologia e Inovação, Empírika 2010, que foi inaugurada oficialmente no dia 11 de novembro. “Parece-me um sinal de vida e de vigor de uma cidade e de uma comunidade”, afirmou o diretor do Muncyt, em referência ao evento, “que se esteja fazendo em Salamanca tantas coisas no terreno da cultura científica, especialmente quando aqui não há um museu. É sinal de que há uma inquietude social compartilhada por grupos universitários e pessoas em distintas instituições e é um sinal de vida da autêntica cultura”, apontou.

O Conselho de Educação da Junta de Castela e Leão e a Fundação Centro de Estudos da Ciência, da Cultura Científica e da Inovação (3CIN) organizou esse encontro, Aula Empírika, que teve como objetivo levar ao público conhecimentos e ferramentas que favoreçam a incorporação de uma perspectiva cívica e participativa no ensino das ciências.

http://www.labjor.unicamp.br/comciencia/img/empirika/rp_pinchel/01.jpg
Pesquisador José Abel Flores, do Grupo de Geociências Oceânicas da Universidade
de Salamanca, adianta experimento que foi depois visto na Empírika: a recriação
do fenômeno climático conhecido como "El Niño"
Foto: Agência Dicyt

Após uma manhã centrada no aspecto teórico, o período da tarde foi dedicado a oficinas que chamaram a atenção dos professores e lhes conferiram ideias para o ensino das ciência por meio de iniciativas que foram, posteriormente, vistas nos dias em que ocorreu a Empírika. Entre elas, a oficina coordenada por José Abel Flores, pesquisador do Grupo de Geociências Oceânicas da Universidade de Salamanca, que realizou um experimento com aquários de cores para explicar o fenômeno climático conhecido como "El Niño". Além disso, participaram do evento especialistas do Centro de Laseres de Pulsos Ultracurtos Ultraintensos (CLPU), do Instituto Universitário de Estudos de Ciência e Tecnologia e do Centro Internacional de Tecnologias Avançadas (CITA).

Empírika 2010

Em sua primeira edição, a feira contou também com o apoio do Ministério da Habitação, a Fundação Universidades de Castela e Leão, vários museus de ciência nacionais e o Conselho Superior de Pesquisas Científicas (CSIC), o Centro de Pesquisas Energéticas, Ambientais e Tecnológicas (Ciemat), entre outros organismos. De outro lado, também colaboram com a Empírika grupos empresariais espanhóis com projeção iberoamericana, como Iberdrola, a Cidade da Energia de Ponferrada, Universia-Banco Santander, Rede Elétrica Espanhola, o Conselho de Segurança Nuclear, a Associação Espanhola de Bioempresas (Asebio), Laboratórios Zeltia e El Corte Inglés.

* Esta reportagem foi publicada originalmente na Agência Dicyt, da qual a revista ComCiência é parceira e foi traduzida por Simone Pallone.