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O bestiário do imposto e da inflação - Carlos Vogt
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Entrevistado por Por Simone Pallone / Foto do entrevistado na capa: Brasília Confidencial.
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Editorial
O bestiário do imposto e da inflação
Por Carlos Vogt
10/05/2011

Vivemos em um país no qual os que pagam impostos trabalham 5 meses por ano para pagá-los e os outros 7 meses para reunir condições para continuar pagando-os nos anos subsequentes. De certa forma, vivemos também para pagar impostos. O que não é pouco, já que quase metade do tempo de nossa vida cidadã é dedicada a cumprir o ritual dessa dedicação. Em outras palavras, o Estado zela por nós, nós, zelados, trabalhamos para o Estado, o que aumenta o seu zelo para garantir nossas obrigações tributárias.

Não é, pois, de estranhar que, no bestiário da vida pública, o zelo tributário do Estado, quanto à renda de pessoas físicas e jurídicas, se represente no, pelo e com o leão, rei dos animais, de cujas garras nenhuma presa transgressora escapará.

De fato, o simbolismo da fera arguta é para atemorizar. E atemoriza!

Outra fera que povoa nossos pesadelos no mundo contemporâneo e que, além do temor, causa-lhe pânico e horror é o dragão cujos empreendimentos se associam à predação não de infratores do fisco mas de cidadãos que lutam continuadamente para que não sobre mês no fim de seus salários. Sabem, como ninguém, que para isso, entre outros fatores, é fundamental que não haja corrosão inflacionária, que a moeda seja estável e que a garantia do trabalho e do emprego esteja efetivamente ancorada pelo bom funcionamento da economia real do país.

Nesse caso, o saber não precisa ser teórico da mesma forma que o horror ao dragão não é, de nenhum modo, abstrato.

Entre trabalhar para pagar impostos, cumprindo, assim, nossas obrigações cidadãs e trabalhar para garantir a contrapartida, também civil e política, de nossos direitos à vida com qualidade e à qualidade de vida com que é direito sonhar, entre a severidade leonina do Estado e os desmandos draconianos das economias disparadas nos galopes da inflação, carregamos, além do mais, mesmo que não o saibamos em tese, o fardo da responsabilidade de sermos infinitamente locais em nossos próprios territórios e neles funcionar como estacas plantadas do sistema que suporta e sustenta a globalidade concreta e abstrata de cada existência particular.

Com um olho no bicho-fera e outro na fera-bicho, ficamos com o espaço de liberdade limitado ao “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”. O jeito é correr sem sair do lugar, como já há alguns anos nos permitem fazer as TICs, as novas tecnologias de informação e de comunicação, que nos põem em simultaneidade sincrônica com os acontecimentos onde quer que ocorram e que, em contrapartida, faz também de cada um de nós uma ocorrência na teia de acontecimentos simultâneos postos em sintonia pelas máquinas eletrônicas de comunicação.