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Agronegócio requer ainda mais investimentos para ampliar exportações em 2005


Com o aumento da produtividade nacional e os radares voltados para o “celeiro do mundo”, os agronegócios no Brasil tem conquistado importantes posições no ranking mundial, como no caso da soja, carne, café e álcool, mas sua fatia na participação de exportações mundiais ainda é pequena. Preocupados em estabelecer novas estratégias e investimentos que otimizem o potencial brasileiro, empresários, representantes do governo e especialistas do setor reuniram-se no Seminário Agricultura brasileira: agronegócio e exportações, que aconteceu no último dia 24, em São Paulo.

De acordo com o novo presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Silvio Crestana, que foi nomeado há pouco mais de um mês ao cargo, é importante defender o agronegócio brasileiro para garantir as exportações. A “defesa” citada por ele consiste basicamente em pesquisas em ciência e tecnologia (C&T) voltadas para combater males que assolam tanto a produção agrícola, quanto a atividade pecuária. “Qualquer mal, como a gripe do frango, faz cair as exportações”, afirmou durante o evento promovido pela Editora Três, com apoio do Banco do Brasil.

Na ocasião, Crestana apresentou uma lista de oito projetos estratégicos que serão desenvolvidos pela nova administração da Embrapa no sentido de proteger as exportações. Além da prevenção da influenza (gripe do frango), a empresa visa investir em trabalhos para prevenir o mal da vaca louca, a sigatoka negra e amarela (que atinge as bananeiras), a ferrugem asiática da soja, entre outros. O presidente da empresa também destacou um projeto de instalar laboratórios móveis de sanidade animal, para agilizar o processo de identificação de patologias – principalmente da febre aftosa - sem a necessidade de se recorrer aos laboratórios, muitas vezes, distantes do campo.

Questão diplomática
A febre aftosa anda atingindo também os ânimos de muita gente. Um deles é o governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto (PMDB-RS) que, durante o Seminário, criticou duramente a Rússia, que anda comprando carne de Santa Catarina por causa de suspeitas de aftosa no Rio Grande do Sul e no Paraná. De acordo com Rigotto, é preciso que o Ministério da Agricultura estabeleça uma política nacional de sanidade animal que inclua a vacinação contra aftosa. Atualmente o governo federal promove uma campanha piloto de prevenção à febre apenas nos estados do Pará e do Rio Grande do Norte. “Se existirem casos de aftosa na Amazônia, a imagem da carne brasileira no exterior é prejudicada e as exportações caem até no Rio Grande do Sul”, disse. O Brasil é atualmente o maior produtor e exportador de carne do mundo, pelo segundo ano consecutivo, mas precisa ainda expandir seus mercados. Cerca de 41% de suas exportações têm como principal comprador a União Européia.

O governador do estado gaúcho criticou também a atual política econômica do governo que tem mantido o dólar em baixa. “O produtor comprou insumos e plantou com o dólar a R$3,20 e agora tem que vender com o dólar a R$2,60 ou menos”, alardeou. Além disso, a queda do valor da moeda americana frente ao Real faz com que os produtos importados sejam mais baratos do que os nacionais. Um eles é o trigo argentino, que faz despencar a demanda pelo produto no Rio Grande do Sul. Rigotto sugeriu que o governo estabeleça cotas com valores dos produtos nacionais e, se preciso, crie medidas compensatórias “que não cheguem a ser subsídios”.

A preocupação do governador do Rio Grande do Sul não é despropositada. O estado tem sofrido com uma estiagem que atinge a região sul do país e o Uruguai desde o final de 2004. Com isso, estima-se uma quebra na safra de soja em 30% e em 50% do milho plantado na região. No Estado, cerca de 140 mil estabelecimentos rurais plantam soja e a perda da safra poderá ser ainda maior se não chover até meados de março, época de formação dos grãos.

Setor estratégico
O agronegócio representa atualmente 35% do PIB nacional e garante 7% do total empregado. Mas além do investimento em C&T, a necessidade de créditos no campo também foi destacada no Seminário. Nesse sentido, Ricardo Conceição, vice-presidente do Banco do Brasil, garantiu, sob aplausos de uns e olhares desconfiados de outros, que aumentará as linhas de créditos do banco para o setor. “Grandes produtores precisam de crédito para investir”, afirmou. Atualmente, cerca de 35% dos recursos do setor correspondem a créditos bancários.

Do mesmo modo que as exportações são estratégicas para o Brasil, a importação de produtos agrícolas nacionais também é estratégica para muitos países. Um deles é a China que, de acordo com o Presidente da Câmara de Comércio de Indústria Brasil-China, Charles Tang, é uma das principais saídas para o mercado brasileiro. “A China precisa do Brasil para se alimentar e sobreviver”, enfatizou Tang durante o evento. Apesar disso, o comércio com o Brasil representa para a China apenas 1% de todo o seu comércio com o mundo. Mas perspectivas apontam que esse número tende a crescer, principalmente depois do interesse chinês em construir usinas de álcool e cana-de-açúcar no Brasil. O país mais populoso do mundo é também um grande consumidor de soja nacional (22% das exportações) – só perdendo para a União Européia, que consome 48% - e ajudou a impulsionar o cultivo do grão no Brasil, em 2004.

Por causa da expectativa de crescimento de consumo da China e de outros países, Marcus Partini de Moraes, ex-Ministro da Agricultura e atual Presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportados de Carnes Industrializadas (Abiec), sugeriu que a área de cultivo no Brasil seja ampliada. De acordo com dados apresentados por ele, o Brasil planta, atualmente, em 5,5% do território nacional e existem pelo menos 90 milhões de hectares livres para o plantio, desconsiderando a região amazônica. “O Brasil é a última fronteira agrícola nacional”, enfatizou. Tang apostou mais alto: “o Brasil tem condições de ser o maior tigre de exportação do mundo, ultrapassando China e o Japão”.

Leia mais na ComCiência:
- Brasil falha na rastreabilidade animal e se prepara para receber Missão da UE

- Nova administração da Embrapa deve dar mais atenção ao agronegócio

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Atualizado em 25/02/05
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