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Carlos Vogt
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Sistema de C & T é gerido por diversas instituições
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Programas especiais financiam pesquisas
Fapesp é modelo no fomento à ciência e tecnologia
A inovação tecnológica nas grandes empresas
Incubadoras geram empregos e inovações
Comunidade científica faz prévia para conferência nacional
O Brasil tem cientistas, mas faltam empregos
Artigos:
O intinerário da pesquisa no Brasil:
Evando Mirra
Os desafios para transformar conhecimento em valor econômico:
Roberto Nicolsky
Livro Verde pode ampliar conceito de política científica:
Ulisses Capozoli
Interação Rhodia-universidades no Brasil:
Saul D'Ávila
Quando o setor produtivo faz C&T:
Adermerval Garcia
Poema
Bibliografia
Créditos

 

 

Interação Rhodia-universidades no Brasil

Saul D'Ávila

Sendo uma empresa-líder em especialidades químicas, dentro de sua estratégia global a Rhodia considera fundamental para o desenvolvimento e crescimento de seus negócios a interação externa, em especial aquela com a Universidade, esta reconhecida como essencial. A empresa está consciente de que a manutenção e ampliação de seus mercados passa pelo lançamento contínuo de novos produtos, que incorporam tecnologias de ponta, as quais são a concretização de novas idéias e de técnicas que freqüentemente se originam nos centros de excelência universitários em uma escala mundial. Assim, a interação da Rhodia com as instituições brasileiras, particularmente aquelas localizadas no estado de São Paulo, tende a se ampliar e aprofundar no futuro, estendendo-se o perímetro também a instituições de ponta no exterior a partir de 2001, sempre que possível em íntimo contato com as organizações brasileiras.


A Universidade no processo de inovação da Rhodia

Modernamente, a estratégia do desenvolvimento de novos produtos/processos leva em conta um mercado global (visão mundial), porém respeita as características dos mercados locais que determinam as aplicações. Tendo em vista a complexidade e os altos investimentos envolvidos nas atividades de P&D, impõe-se tanto uma otimização dos recursos humanos e materiais da empresa em nível mundial, como também a utilização de competências e de recursos de organizações externas como aqueles encontrados nas Universidades.


Figura 1
Fase do desenvolvimento de novos produtos

O esquema apresentado na Figura 1 ilustra os vários estágios do desenvolvimento e comercialização de um novo produto. Tipicamente, o envolvimento da Universidade se concentra nos estágios iniciais do desenvolvimento, principalmente na fase exploratória da pesquisa, sendo pouco exigido nas etapas posteriores. A fase de prospecção (novas idéias, escala de laboratório), onde o papel da Universidade é fundamental, é aquela de maior risco, e portanto, de menor investimento. À medida que o risco diminui ao se conhecer melhor o produto, os investimentos aumentam exponencialmente. Como regra geral, costuma-se dizer que para cada unidade monetária envolvida no estágio da idéia cerca de 60 unidades adicionais terão de ser investidas, na maior parte diretamente pela empresa, até colocar o produto no mercado, ou seja, quando a idéia verdadeiramente se traduz em uma inovação.

A Rhodia mantém atualmente quatro Centros Mundiais de P&D que são responsáveis pelo desenvolvimento de aplicações e de novos produtos/processos. Os Centros estão localizados em Aubervilliers (França), Lyon (França), Cranbury (Estados Unidos) e Paulínia (Brasil). Seguindo uma estratégia de otimização de recursos, os quatro Centros Mundiais trabalham integrados em projetos de abrangência global, e atendem às necessidades de desenvolvimento de aplicações específicas do mercado local. Todos os Centros desenvolvem projetos conjuntos com Universidades locais e do exterior.

No Centro de Pesquisas de Paulínia (CPP) da Rhodia Brasil, localizado em Paulínia-SP, trabalham 114 pessoas, dentre elas 84 pesquisadores, em grande parte pós-graduados (M. Sc., Ph. D., Pós-Doc's), 23 estagiários e sete funcionários de infraestrutura e apoio técnico.


Interação Rhodia-Universidades no Brasil

A empresa mantém atualmente vários Projetos de colaboração com grupos de excelência de Universidades e instituições brasileiras de pesquisa, nos mais variados níveis, com o objetivo de:

(1) desenvolver competências científicas e tecnológicas para apoiar as atividades das áreas de negócios (businesses) locais;
(2) promover a participação de entidades brasileiras de pesquisas no processo de desenvolvimento de novos produtos/processos de alcance mundial.
(3) motivar a realização de pesquisas de caráter básico em linhas correlacionadas com os produtos da empresa.

Nos últimos três anos, a Rhodia no Brasil tem celebrado e executado convênios/contratos com as mais destacadas entidades de pesquisa do país, na maioria sediadas no Estado de São Paulo: Unicamp, USP-SP, UFSCAR, USP-Ribeirão Preto, Coppe/UFRJ, UnB, PUC/Rio, UFSC, Faenquil, UCS (Caxias do Sul).

A interação da Rhodia com grupos de excelência brasileiros tem tido um caráter abrangente, envolvendo:

· projetos conjuntos de pesquisa;
· bolsas de Pós-Doutorado;
· bolsas de Mestrado;
· bolsas de Iniciação Científica;
· consultoria
· compra de serviços especializados
· apoio a programa de capacitação interna em nível de Mestrado e de Doutorado de seu pessoal de P&D, envolvendo 10 pesquisadores

A Rhodia mantém, desde 1992, no Brasil um Conselho Científico e Tecnológico, atualmente formado por três professores-pesquisadores brasileiros de notória competência, pelo Gerente do Centro de Pesquisas de Paulínia e pelos responsáveis das áreas de pesquisa da empresa no país. Além de colaborarem no desenvolvimento das pesquisas da empresa, os professores tem atuado como elo acadêmico de ligação entre a Rhodia e as instituições externas de pesquisa.

Centro Rhodia-Universidades de P&D Industrial

Durante o segundo semestre deste ano, a Rhodia implantará o Centro Rhodia-Universidades de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) Industrial com a finalidade de promover e coordenar a interação das atividades de P&D da empresa no Brasil com instituições ligadas à Pesquisa e Desenvolvimento (por exemplo, agências de fomento, organizações públicas e laboratórios universitários), em especial aquelas localizadas no Estado de São Paulo.


Figura 2
Centro Rhodia-Universidades de P&D Industrial

O Centro Rhodia-Universidades estará organicamente ligado e localizado no Centro de Pesquisas de Paulínia-CPP. A aplicação dos recursos envolvidos nos Projetos será realizada com a colaboração do Instituto Uniemp, entidade voltada à promoção da interação universidade-empresa. O funcionamento do Centro é ilustrado de forma sintética na Figura 2.

Os programas e projetos de P&D a serem desenvolvidos no âmbito do Centro, envolvendo os conhecimentos básicos dos futuros produtos e processos, serão financiados conjuntamente pela empresa e por agências de fomento. Os recursos das agências se destinarão exclusivamente às instituições de pesquisa, enquanto que a parcela da Rhodia será aplicada tanto na empresa como nos grupos externos de pesquisas de acordo com as necessidades de cada programa ou projeto.

As atividades do Centro, inseridas no esforço de inovação da Rhodia, envolvem desafios técnico/científicos situados na fronteira do conhecimento, para cujo enfrentamento é desejável o concurso de grupos de pesquisa externos de excelência reconhecida nas respectivas áreas. Inicialmente, a empresa propõe que sejam definidos programas/projetos englobados em três grandes temas a saber:

· Físico-Química de Sistemas Poliméricos
· Novas Tecnologias de Separação
· Prospecção de novos produtos/tecnologias (ex.: produtos naturais, aplicações da radiação síncroton, genômica, etc.)

Os Programas e Projetos de P&D a serem desenvolvidos no âmbito do Centro, envolvem os conhecimentos básicos dos futuros produtos e processos, e serão financiados conjuntamente pela empresa e por agências de fomento. Os recursos das agências se destinarão exclusivamente às instituições de pesquisa, enquanto que a parcela da Rhodia será aplicada tanto na empresa como nos grupos externos de pesquisas de acordo com as necessidades de cada Programa ou Projeto.

Saul D'Ávila é professor da Faculdade de Engenharia Química da Unicamp

Atualizado em 10/09/2001

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