Podcast Oxigênio traz série sobre ciência, sociedade e pandemia

Quarentena, série dedicada a cobrir a Covid-19, chega a sua quarta edição com episódio sobre os bastidores da ciência

Por Carolina Sotério

Estreado em 16 abril como parte dos esforços do projeto Lab-19 na cobertura da Covid-19, o Quarentena é uma série mensal do Oxigênio podcast, produzida e apresentada por Carolina Sotério sob orientação de Simone Pallone de Figueiredo, pesquisadora do Labjor. No dia 23 julho, a série publicou seu quarto episódio com o tema “Os bastidores da ciência” e participação da bióloga Natalia Pasternak, pós-doutoranda na Universidade de São Paulo e presidente do Instituto Questão de Ciência, Altay Lino de Souza, estatístico, apresentador do Naruhodo Podcast e professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e Rafael Izbicki, estatístico e professor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). O diferencial da produção é, além da pitada literária, o fato de ser integralmente produzida em período de distanciamento social.

O fenômeno do podcasting tem se intensificado nos últimos anos e, de acordo com a Associação Brasileira de Podcasters (ABPod), se resume a uma forma de publicar arquivos de áudio ou vídeo por meio de um feed RSS, o que permite um acompanhamento instantâneo das produções na Internet além de downloads automáticos. Agora com a pandemia, produções que cobrem o cenário inédito têm surgido para transmitir informações por meio de um formato semelhante ao rádio.

Os bastidores da ciência

O episódio recém publicado traz para discussão o trabalho do cientista, seus impactos na sociedade, no estudo sobre o novo coronavírus e a forma como a ciência tem se adaptado ao mundo remoto. Com o intuito de “revelar” o pesquisador por trás dos feitos científicos, muito dos estereótipos são desconstruídos. A visão dos cientistas como pessoas geniais e solitárias que trabalham apenas com cérebro e papel está bem longe da realidade. “Não adianta você ser brilhante e você não ter uma boa equipe pra trabalhar, você não vai conseguir fazer nada sozinho”, diz Natalia.

Ainda, na contramão do ideal popular, o episódio também revela os cientistas que não necessariamente precisam de uma bancada e jaleco para trabalharem. Rafael, por exemplo, revelou detalhes da profissão de estatístico, que compreende desde o desenho de experimentos e coleta de dados até a transformação destes em informação útil. “recisamos criar métodos novos para resolver esses problemas e isso envolve muita matemática e muita computação”, reitera.

Altay, por sua vez, fez colocações sobre o método científico e o fato de que diferentes áreas do conhecimento produzem ciência de diferentes formas. Segundo o professor, o método é uma forma de testar as hipóteses que são levantadas. “Você não trabalha com a certeza, você reduz a incerteza.” Após discutir diferenças entre métodos indutivos e dedutivos, o entrevistado faz críticas aos métodos e colocações sobre as dificuldades que diversas áreas de estudo lidam para efetivamente fazer pesquisa. “Nenhuma área está incólume a esses problemas de crítica epistemológica de como o conhecimento é construído em cada uma delas”, enfatiza.

Com a pandemia, o trabalho dos cientistas ficou em evidência, assim como as dificuldades inerentes. Frente a falta de oportunidades, infraestrutura e as bolsas de pesquisa com valores não atualizados desde 2013, entre outras coisas, têm motivado a fuga de cérebros no país. Para Natalia, se continuarmos nesse ritmo, as consequências serão nefastas. “O futuro promete muito pouco para a ciência brasileira se a gente não mudar de atitude e se não tivermos um governo mais favorável também”, diz.

Episódios anteriores

Neste mês de junho, o Quarentena fez o lançamento da edição “Envelhe(ser)”, abordando questões sobre velhice e pandemia. Com informações a respeito dos cuidados necessários e políticas públicas para esta parcela da população, o episódio contou a participação de especialistas no assunto, entre eles Karina Gramani Say, professora do Departamento de Gerontologia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), e Marco Túlio Cintra, médico geriatra, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) em Minas Gerais, além do relato de experiência de Maria Santos sobre sua relação com a mãe de 81 anos.

Em episódios anteriores, a série abordou a migração para o digital e o envolvimento da sociedade em projetos científicos que utilizam o computador na busca por tratamentos para a doença. Entre os entrevistados estão nomes como Christian Dunker, Bernardo Sorj, Sarita Bruschi e Benilton de Sá Carvalho. Também marcaram presença pessoas com histórias impactantes, entre elas Carolina Marangoni, estudante que estava na Itália – país considerado epicentro da doença na época – e Nicole Flores, que concilia o trabalho no IBGE/Minas Gerais, a faculdade EaD e a maternidade.

Para acompanhar o conteúdo nas redes sociais basta procurar por @castquarentena (Instagram e Twitter) e Quarentena Podcast no Facebook. Os episódios ficam disponíveis no site do Oxigênio, na Web Rádio Unicamp e nos principais agregadores de podcast.