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Fotografia aérea utilizada na definição de trecho urbano do traçado da estrada

Fonte: Embrapa Monitoramento por Satélite, 1998.

 

 

 

A origem de Campinas

A cidade de Campinas foi no passado um importante pólo econômico nacional para a agricultura. Hoje ela é uma das maiores cidades do país e abriga um dos mais importantes e maiores centros industriais do Brasil.

A origem da cidade data do início do século XVIII, com as inúmeras incursões dos colonos para o interior do território brasileiro. Os motivos dessas incursões foram vários e diferiam de acordo com a região do país, uma vez que o Brasil apresenta uma enorme faixa litorânea, e praticamente toda a extensão do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul já era bastante povoada nessa época, com muitas vilas e intenso comércio e exploração. Essas incursões, chamadas de bandeiras e entradas, tinham por objetivo avançar continente adentro para a conquista e controle de maior quantidade de terras, visando a estabelecer novos pousos e povoados, espaços para a agricultura, além de, principalmente, procurar riquezas minerais, capturar escravos e afastar eventuais espanhóis e outros que pudessem se estabelecer nesse interior. A historiografia inicial de Campinas parece estabelecer alguns consensos e algumas controvérsias entre os vários historiadores que se aventuraram nessa jornada de escrever a história da cidade.

A abertura de caminhos do litoral para o sertão de Goiás e Mato Grosso, além de Minas Gerais, proporcionou o surgimento de pequenas povoações entre 1721 e 1730, começou a nascer Campinas, na região que fica entre Jundiaí e Mogi Mirim, conhecida como a "Boca do Sertão".

Em viagem a procura de índios para escravizá-los, Bartolomeu Bueno da Silva - o "Anhangüera pai", pois seu filho homônimo tinha o mesmo apelido - descobriu as minas de Goiás em 1682. A trilha, que incluía a região entre Jundiaí e Mogi Mirim, aberta por bandeirantes, foi chamada de "Caminho dos Goiases" (ou "Guaiazes", ou ainda "Guaiases"). Com o tempo, instalou-se ali um pouso que passou a ser chamado de "Campinas do Mato Grosso". O nome "Campinas" se deve a formação de três pequenos descampados (ou "campinhos" ou "campinas") no meio de uma ainda densa Mata Atlântica, hoje restrita a alguns pequenos trechos das serras do litoral.

Foi na época da chegada de Francisco Barreto Leme juntamente com a sua família e conterrâneos, vindos da região de Taubaté, entre os anos de 1739 e 1744, que, supõe-se, teve início o povoamento efetivo de Campinas.

O historiador Teodoro de Souza Campos Jr., por exemplo, diz na coletânea Monografia Histórica do Município de Campinas de 1952 que "a fundação de Campinas pode ser considerada um acidente ou, melhor dizendo, um episódio da grande odisséia bandeirante". De "Campinhos de Mato Grosso", passou a se denominar "Bairro de Mato Grosso", e posteriormente, "Campinas de Mato Grosso", segundo o autor.

Precisar a data e o local de início efetivo do povoamento de Campinas gerou ao longo dos anos algumas controvérsias. Segundo Ricardo Gumbleton Daunt, autor de Campinas - Notícia Histórica de 1871 e de Os Primeiros Tempos de Campinas de 1879, já haveria sítio cultivado, ou seja, posse efetiva e fixa de terreno em Campinas, em 1737. Não existem porém documentos que comprovem a residência fixa de colonos em Campinas nessa data. Esse mesmo argumento é também citado por Campos Jr, em 1952, para endossar as palavras de Daunt, que fez parte, segundo o historiador Celso Maria de Mello Pupo, da "tradição dos historiadores sem documentos", contrários aos que diziam que história só podia ser feita por meio de documentos.

A chegada daquele que é considerado o fundador do povoamento, Barreto Leme, à região de Campinas, também é incerta pois, segundo Mello Pupo, além de documentos escassos, o povoamento poderia ser realizado por "representantes" e não pelo próprio Barreto Leme. Mello Pupo contesta ainda a data de 1737 como sendo a da fundação do povoado, pois segundo documentos, o suposto povoador desse sítio, José de Sousa e Siqueira, não residiu em Campinas até 1747, quando aparece um primeiro registro em documento.

Para Pupo, a vinda efetiva de sitiantes para Campinas se deu entre os anos de 1745 e 1750, até porque a chegada de Barreto Leme só pode de ser comprovada por documentos a partir de 1744. O historiador também levou em consideração os escritos do Frei Antônio de Pádua, um dos primeiros a vir para a região, que escreveu a "primeira história de Campinas" no Livro do Tombo de 1776, o primeiro da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição das Campinas. Pádua teria escrito a história do povoamento depois de muitos anos estabelecido em Campinas e, nessa obra, ele teria se referido às construções iniciais do povoado como datando de uma década antes.

Os "Campinhos do Mato Grosso" passaram a freguesia em 14 de julho de 1772. Ainda em maio de 1774, no dia 27, Barreto Leme recebeu do governador da Capitania de São Paulo, o capitão general Morgado de Mateus, que governou de 1765 a 1775, o título de "Fundador, Administrador e Diretor" do núcleo urbano em formação e que seria fundado nessa região.

Campinas é talvez uma das poucas cidades que tenha um fundador nomeado. O povoado foi fundado no dia 14 de julho de 1774, quando Frei Antônio de Pádua rezou a primeira missa num barracão improvisado, supostamente localizado na Praça Bento Quirino, onde está hoje o túmulo do maestro Carlos Gomes. Antes de 1774, documentos se referiam a Campinas como sendo uma "paragem deserta", onde só existiam alguns sítios, o "cemitério bento" e uma capela.

O povoado cresceu e passou para Distrito de Conceição de Campinas em 27 de maio de 1775. Em 4 de novembro de 1797, a freguesia elevou-se à categoria de vila e recebeu o nome de São Carlos. Nessa data, Campinas tornou-se um município independente de Jundiaí. Em 5 de fevereiro de 1842, a vila passou à categoria de cidade, sendo então a partir daí chamada oficialmente de Campinas.

Os "campinhos" ou "campinas", que geraram o nome da cidade, eram espaços diferenciados em relação à densa mata atlântica que cobria toda a região. Campinas teve, portanto, seu nome gerado por uma característica natural de exceção.

 

 

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