Educação a Distância: a experiência do LED
   
 

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A história da educação a distância, tanto no Brasil como em termos mundiais, ainda não pode ser considerada um sucesso. Grande parte das vezes, o modelo pedagógico foi apenas adaptado do formato analógico que é o livro, para o modelo digital, a Internet. O conteúdo, além da aprendizagem, foi de certa forma fragmentado e as avaliações foram sendo realizadas no modelo tradicional, baseado na repetição de um conteúdo previamente disponibilizado por um especialista. Dessa forma, os padrões de educação a distância no Brasil e no mundo estão sendo amplamente questionados.

Para obter êxito, que supere a simples troca de e-mails entre alunos e professores, esse modelo de ensino-aprendizagem exige investimento em equipamentos tecnológicos. Algumas experiências têm obtido resultados satisfatórios, como o Laboratório de Educação a Distância (LED), da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em Florianópolis, considerado, atualmente, referência de nível internacional na área de educação a distância em nível de pós-graduação.

Criado em 1995, o LED está vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (PPGEP) da UFSC e viabiliza cursos de pós-graduação - lato e stricto sensu - em mestrado e doutorado, além de cursos de extensão e capacitação.

A principal motivação para a criação do LED foi a necessidade de aproximar a universidade dos pólos manufatureiros que, na verdade, são os grandes alvos de interesse da engenharia da produção. Nesse contexto, a qualificação profissional é condição básica para o aumento da produtividade. "A qualificação profissional é importante para qualquer profissional, especialmente para os engenheiros, principalmente ao se falar em novos processos, inovação tecnológica, automatização de sistemas e desenvolvimento de sistemas inteligentes", justifica a professora Andrea Valéria Steil, gerente de processos do LED.

Os modelos pedagógicos que pautam grande parte das ações do LED são o construtivista e o sócio-construtivista. O ponto fundamental destes modelos é construir conhecimento e não apenas transmiti-lo.

Estrutura - Uma das críticas que são feitas à educação a distância refere-se ao índice de alunos que não concluem os cursos. Dados obtidos de universidades que trabalham com educação aberta, como a Open University, na Inglaterra, mostram que a taxa de finalização dos cursos é muito pequena, com um índice de desistência muito alto. A experiência do LED nos cursos de pós-graduação indicam que a taxa de finalização é superior a 90%, um número extremamente alto, mesmo comparado com estudos tradicionais presenciais. O LED considera que o alto índice de finalização de seus cursos está fortemente ligado ao modelo pedagógico que acompanha a estrutura do curso.

O aluno tem a presença do professor, o acompanhamento presencial, workshops presenciais e o contato pela videoconferência interativa com áudio, vídeo e dados em tempo real, no mínimo 8 horas por semana nos cursos de pós-graduação stricto sensu. Os alunos vão à universidade, participam de atividades e são acompanhados continuamente. "Podemos dizer que o aluno do ensino tradicional vai à faculdade, tem 4 horas de aula por semana com o professor e depois só volta a vê-lo na próxima semana.O modelo do LED exige que o professor ministre as aulas, responda a todos os e-mails enviados pelos alunos e tenha um contato interativo constante", compara a professora Andrea.

Além das aulas, o LED possui um ambiente de aprendizagem on-line na Internet que, na verdade, é um grande instrumento de colaboração porque ali são simulados os murais da biblioteca da universidade, onde monitores e professores deixam recados sobre eventos, compra de novos livros, etc. Através deste veículo, os professores também indicam e inserem novas bibliografias e exibem transparências utilizadas em sala de aula.

Para que toda essa estrutura possa obter resultados a equipe do LED conta hoje com mais de 70 profissionais e pesquisadores que desenvolvem pesquisas na área, buscando, principalmente, operacionalizar um modelo pedagógico utilizando as novas tecnologias.

É importante ressaltar que, apesar do LED estar situado na engenharia de produção, sua equipe é multidisciplinar, contando com psicólogos, pedagogos, comunicadores, engenheiros e profissionais da área de computação. Essa característica multidisciplinar de equipe é importante para atingir um modelo que contemple todas as atividades.

Parcerias - Para o LED, a tecnologia é fundamental na medida em que possibilita e viabiliza que seja colocado em prática o modelo pedagógico no qual se acredita. O Laboratório possui parceiros importantes, dentre eles o MIT (Massachusets Institute of Technology) e a Universidade das Nações Unidas, com os quais está desenvolvendo uma nova plataforma, fazendo com que a tecnologia possibilite o modelo pedagógico do LED utilizando, para isso, ambientes inteligentes de aprendizagem, onde os alunos possam, principalmente, aprender fazendo, seguindo seu ritmo e interesse próprios e com colaboração e interação freqüentes com professores, colegas e especialistas, diferentemente, do modelo tradicional em que o aluno aprende ouvindo.

Atualmente, o LED viabiliza cursos não somente para a engenharia da produção, mas para quaisquer áreas do conhecimento da UFSC. Neste momento, estão sendo ministrados cursos em Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro e São Paulo.

Perspectivas - O futuro da educação a distância no Brasil ainda não pode ser definido claramente, no entanto, as universidades e centros de pesquisa desempenham papel fundamental na consolidação e desenvolvimento desse modelo. "As universidades brasileiras têm uma responsabilidade bastante grande na criação e disseminação do conhecimento no Brasil, porém só universidades de vanguarda e com visão de futuro vão procurar desenvolver programas similares ao do LED", afirma a professora Andrea. "Nesse processo, órgãos reguladores de educação no Brasil como o MEC, por exemplo, têm um papel importante a desempenhar para incentivar a educação a distância de uma maneira responsável. Para tanto, torna-se relevante conhecer as iniciativas já implementadas", conclui.

   
           
     

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Atualizado em 10/03/2001

   
     

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