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Bit Tyrants: A economia política do Vale do Silício

Por Alexandre Costa Barbosa

Imagina-se dois garotos na garagem de uma casa no subúrbio de alguma cidade californiana tirando da cartola ideias de mudança estrutural da sociedade, criando soluções para um progresso qualitativo da humanidade. Acorda-se. Ainda no andar dos anos 2020 o mito do empreendedorismo de base tecnoló­gica “caseiro” ainda alimenta muitos imaginários de jovens, sobretudo homens heterossexuais de classe baixa, média e alta, bem como sustenta o racional dos atuais tomadores de decisão, sobretudo homens brancos heretossexuais de classe alta. Tendem a achar que as novas corporações da ou na Internet são melhores representações do “bom capitalismo”, destoando-se dos monopólios do petróleo, por exemplo. Alguns livros de economia e políticos neoliberais difundem a ideia de que o melhor vencerá a competição, uma condição da natureza humana. Na prática o que ocorre são acordos dara evitar a concorrência. Continue lendo Bit Tyrants: A economia política do Vale do Silício

Revolução tecnológica, automação e vigilância

Por Sérgio Amadeu da Silveira

Sim, a confluência de tecnologias – da impressão 3D com a internet das coisas (IoT), da robótica com a neurociência, da inteligência artificial com a biologia sintética – poderá trazer produtos e serviços superiores. Mas não há indícios de que os produtos e serviços da quarta revolução industrial vão alterar a tendência de concentração econômica. A automação elimina postos de trabalho e cria outros: há quem indique um ganho líquido nesse processo. Ainda assim, também ganha força o debate sobre a necessidade de vincular a nova revolução a uma renda básica universal e de preservar os serviços públicos da invasão da “algoritmização” privada. Continue lendo Revolução tecnológica, automação e vigilância

Blockchain: além da bolha do Bitcoin

Por Steven Johnson

O que Satoshi Nakamoto (ninguém sabe quem ele é ou se na verdade é um coletivo de programadores) introduziu no mundo em 2008 foi uma maneira de concordar com o conteúdo de um banco de dados que não tivesse ninguém “no comando”, e uma forma de compensar as pessoas por ajudar a tornar esse banco de dados mais valioso, sem que essas pessoas estivessem numa folha de pagamento oficial ou detivessem ações numa entidade corporativa. Juntas, essas duas ideias resolveram o problema do banco de dados distribuído e o problema de financiamento. De repente havia uma forma de suportar protocolos abertos não disponíveis na infância do Facebook. A ideia do blockchain propõe soluções não estatais para excessos capitalistas como monopólios de informação. Todos devem ter direito a um armazenamento de dados privado, onde todas as várias facetas de sua identidade online sejam mantidas. Esses protocolos de identidade seriam desenvolvidos no blockchain, fonte aberta. Ideologicamente falando, aquele depósito de dados privados seria um verdadeiro esforço em equipe: construído como um ‘intellectual commons’, financiado por especuladores de ‘tokens’, apoiado por regulamentação do Estado. Continue lendo Blockchain: além da bolha do Bitcoin