Arquivo da tag: Lacan

Humor e Vergonha

Por Christian Dunker

Tanto o riso (pensado como correlativo do júbilo) quanto o rubor (pensado como correlativo da vergonha) são refratários à intromissão discursiva de suas causas. Um chiste apresentado junto com sua explicação se torna inócuo, é um chiste-falho. Uma irrupção de vergonha se dissolve pela explicitação das suas motivações.

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A quem interessa manter populações inteiras de Arthur Flecks longe da psicanálise?

Por Vivian Whiteman

Nenhum filme recente foi tão abordado pelo viés da saúde mental quanto Coringa de Todd Phillips. Basta uma busca rápida para encontrar artigos, análises e críticas sobre a obra que rendeu o Oscar de Melhor Ator a Joaquin Phoenix. O interesse pelo roteiro nesse sentido não é difícil de explicar: lances dramáticos ligados aos processos de um Édipo de fato trágico, aparecimento de traços psicóticos, passagem ao ato com requintes específicos, ataques de riso tão incontroláveis quanto inconvenientes, um histórico pessoal de abusos que vai do núcleo familiar mais próximo à conjuntura social. Freud pode não explicar, no que faz muito bem, mas é possível usar alguns de seus conceitos e ideias fundamentais para fazer um tipo específico de questionamento sobre as sequências do filme.  Continue lendo A quem interessa manter populações inteiras de Arthur Flecks longe da psicanálise?

Violência subjetiva, objetiva e da linguagem em Žižek

Por Ricardo Whiteman Muniz

A violência é chocante, aprisiona a atenção do respeitável público e dá audiência. Como um sinal da onda anticivilizatória que nos assola, são casos e mais casos por semana, ferindo sensibilidades e rendendo enxurradas de posts indignados no Facebook – tudo isso sem contabilizar as desgraças nas periferias das cidades e do mundo, para as quais, sejamos francos, a maioria não dá a mínima. Violência – Seis reflexões laterais (editora Boitempo) tenta chamar a atenção para dois tipos de violência além da subjetiva, a que faz a festa dos programas policiais de TV. Elas estão convenientemente invisíveis e são: (1) a simbólica, da linguagem enquanto tal – “a imposição de um certo universo de sentido” e (2) a sistêmica – as consequências catastróficas do “funcionamento normal” dos sistemas econômico e político. Continue lendo Violência subjetiva, objetiva e da linguagem em Žižek