‘Viagem filosófica’ do século XVIII ilustra desafio histórico de divulgar ciência no Brasil

Por Francielly Baliana e Leonardo Fernandes

Expedição empreendida pela coroa portuguesa levou o naturalista Alexandre Rodrigues Ferreira a explorar parte do centro-norte brasileiro. Além de informações e objetos acerca da fauna, flora e vida nativa no território, o estudo dessas movimentações também revela um panorama das históricas dificuldades e infortúnios de se divulgar os resultados de investidas científicas no Brasil. Em um campo ainda aberto à investigação, acervo mantido pela Biblioteca Nacional reúne manuscritos e ilustrações de uma expedição que percorreu por quase dez anos tanto o que atualmente se chama de ciências naturais quanto o que veio a se caracterizar posteriormente como ciências humanas, num misto de curiosidade, típica de boa parte dos viajantes, e política, orientada pelos interesses do então domínio lusitano.

Um dos maiores peixes de água doce do Brasil, o pirarucu pode atingir três metros e chega a pesar 200 quilos. Um gigante de corpo longo, cabeça chata, mandíbula projetada e grossas escamas que habita as águas turvas da bacia amazônica. Mas na aquarela produzida durante a expedição conhecida como “Viagem filosófica pelas capitanias do Pará, Rio Negro, Mato Grosso e Cuiabá”, comandada pelo naturalista Alexandre Rodrigues Ferreira, o colosso é reproduzido em traços delicados. Olhos fitando o horizonte, vívida coloração vermelha, boca entreaberta como se buscasse fôlego, o primeiro registro científico do animal é tão fidedigno que a impressão é a de que ele vai se debater na tela.

O pirarucu foi tema de só uma das 1.180 estampas remanescentes produzidas durante a viagem que percorreu a Amazônia em fins do século XVIII. A lista ainda conta com muitos peixes pouco familiares para a maioria dos brasileiros hoje em dia, como o itui, o poraquê, o candiru, o pirá-tamanduá, o mandubê e o tambatuá, por exemplo, além de desenhos de aves, mamíferos, répteis, insetos, plantas e cartas geográficas. Um apanhado de espécies tão vasto quanto as distâncias percorridas para obtê-los.

Iniciada em 1783 em Belém do Pará, a equipe de viajantes navegou pelos rios Amazonas, Negro, Madeira, Guaporé, Cuiabá, São Lourenço e Paraguai, atravessando o território de quatro capitanias até alcançar as bordas das terras espanholas. Em 1792 finalmente regressaram a Belém, depois de nove anos e três meses de trabalho de campo, percorrendo uma distância de 40 mil quilômetros – o suficiente para dar uma volta ao mundo.

Apesar do pioneirismo em desbravar o centro-norte da colônia, a empreitada não teve o esperado impacto na comunidade acadêmica na época. Por quase um século, os relatos, memórias e desenhos produzidos durante a expedição permaneceram em manuscritos, sem serem revisados. Por que não foram devidamente estudados nem por Alexandre Rodrigues Ferreira, nem pelos sábios portugueses? A resposta é um misto de negligência e má sorte.

Além da documentação produzida durante a Viagem Filosófica, ainda foram despachadas para Portugal diversas amostras de sementes, plantas, minerais, animais embalsamados e artefatos indígenas, que passaram a compor o acervo do Real Gabinete de História Natural, em Lisboa. A coleção até chegou a despertar a curiosidade dos cientistas europeus, graças à duplicação dos desenhos originais que passaram a circular –  a técnica de pintura em estampas utilizada durante a expedição permitia que as pinturas feitas em aquarela ou a nanquim fossem reproduzidas em chapas de metal.

Mas em 1807, com a invasão das tropas napoleônicas, grande parte das peças foi levada para a França como butim de guerra. O naturalista morreu em 1815, deixando as únicas anotações que permaneceram em solo português –  os destaques são um estudo sobre a natureza da região amazônica e outro sobre a cultura material dos povos indígenas – aos cuidados do Real Museu d’Ajuda. De lá foram transferidas em 1838 para a Academia Real de Ciências, onde deveriam ser organizadas para uma eventual publicação. Os documentos permaneceram guardados no arquivo, até que foram perdidos de vez.

Entre a flora, a fauna e as ‘gentes’
A expedição sofreu com uma crise econômica desde o começo. Foi ordenada pela rainha Maria I como uma prospecção financeira das colônias portuguesas, já que a coroa não podia mais contar com a renda das jazidas de ouro em franco declínio após anos de exploração. Inclusive, a Viagem Filosófica não se restringiu só ao Brasil. Em 1783, além da equipe comandada por Alexandre Rodrigues Ferreira, também partiram de Portugal expedições científicas comandadas por Manuel Galvão da Silva para Moçambique, por Joaquim José da Silva para Angola e por João da Silva Feijó para Cabo Verde.

As viagens foram concebidas pela Academia das Ciências de Lisboa, pelo Ministério de Negócios e Domínios Ultramarinos, e planejadas pelo naturalista italiano Domenico Vandelli, radicado em Portugal desde o fim do período pombalino. José Antonio de Sá, no “Compêndio de observações que formam o plano da viagem política e filosófica que se deve fazer dentro da pátria” – obra que ditava as normas para a sistematização dos estudos sobre os três reinos da natureza, feito pelas expedições científicas portuguesas –, confirma o caráter pragmático dessas excursões:

“O primeiro passo de uma nação para aproveitar as suas vantagens é conhecer perfeitamente as terras que habita, o que em si encerram, o que de si produzem, o de que são capazes. A história natural é a única ciência que tais luzes pode dar; e sem um conhecimento sólido nesta parte, tudo se ficará devendo aos acasos, que raras vezes bastam para fazer a fortuna e a riqueza de um povo”, defende o doutor da Academia das Ciências de Lisboa no manual publicado em 1783.

Nascido em 1756 em Salvador, Bahia, Alexandre Rodrigues Ferreira formou-se em 1778 no então novo Curso Filosófico da Universidade de Coimbra. Discípulo de Vandelli, Ferreira ao 27 anos foi incumbido de comandar uma viagem filosófica pela América do Sul, tornando-se o primeiro brasileiro a exercer o posto de naturalista a mando da monarquia lusitana.

Planejada para durar quatro anos, a viagem pelas capitanias do Pará, Rio Negro, Mato Grosso e Cuiabá padeceu de um duro corte no orçamento. De acordo com o historiador Ronald José Raminelli no artigo “Ciência e colonização – Viagem Filosófica de Alexandre Rodrigues Ferreira”, a equipe, que deveria incluir matemáticos, químicos, militares e professores, ficou reduzida ao capitão Alexandre Rodrigues Ferreira, dois riscadores (desenhistas), José Codina e José Joaquim Freire, e um jardineiro botânico, Agostinho do Cabo. “Ao fim da jornada, retornaram a Lisboa apenas um riscador e o naturalista; Agostinho do Cabo e José Codina não suportaram as adversidades da mata tropical”, descreve o professor do Departamento de História da Universidade Federal Fluminense (UFF) na sua pesquisa publicada em 1997.

Apesar das contenções de despesas, o naturalista baiano e sua equipe fizeram um detalhado levantamento sobre as culturas do anil, arroz e café desenvolvidas no Brasil, além de avaliar outros possíveis recursos agrícolas que poderiam ser explorados; as condições materiais das vilas e fortalezas destinadas a suportar as invasões estrangeiras; e as potencialidades da mão de obra, destacando a existência de trabalhadores ativos e inativos – elaborando tabelas com o número de brancos, índios, negros escravos, mulheres, crianças e velhos que viviam em cada povoado. “Obstinado agente da administração lusa, Ferreira chegou ao requinte de arrolar as roupas dos padres, os paramentos para missa, o estado das igrejas e as condições dos cemitérios locais. Nada escapava, portanto, a esse fiel agente colonial. A multiplicidade de tarefas, por certo, prejudicou um tratamento mais ‘científico’ da natureza amazônica”, define Raminelli.

Mais de uma centena das estampas produzidas durante a viagem foram dedicadas às populações indígenas. Os viajantes entraram em contato com 60 grupos, registrando desde as máscaras rubro-negras inspiradas em animais utilizadas nas danças da etnia Tucuna, passando pela descrição da planta baixa da maloca da etnia Curutu e até ao curioso hábito de inalar o extrato da árvore paricá realizado com uma baforada na ponta de uma espécie de zarabatana.

Além de objeto de estudo, os indígenas tiveram um papel fundamental na expedição. Em carta a Agostinho do Cabo enviada em 1787, Ferreira destacou a contribuição dos índios Cipriano de Souza e Joseph da Silva no preparo das plantas e animais que seriam remetidos a Lisboa. Seus manuscritos utilizaram muitas das vezes as informações sobre as espécies baseadas na tradição indígena, mantendo a taxonomia dos povos nativos. Inclusive, a sobrevivência dos colonos portugueses no Brasil sempre dependeu do conhecimento das tribos locais, que ensinaram quais as melhores madeiras para a confecção de canoas, quais as melhores palmeiras para construção de casas e quais as plantas corretas para tratar cada tipo de doença, por exemplo.

Todavia, os indígenas eram encarados pelo viajante como seres de “inteligência embrionária”. Em seu diário de viagem, Ferreira descreve que a razão dos ameríndios “não é mais iluminada nem mais previdente que o instinto dos animais”. No entanto, conforme afirma o historiador Mauro Coelho, autor do livro “A epistemologia de uma viagem: Alexandre Rodrigues Ferreira e o conhecimento construído na Viagem Filosófica às capitanias do Grão-Pará, Rio Negro, Mato Grosso e Cuiabá”, Alexandre Rodrigues Ferreira foi um homem de ciência de seu tempo. “As fronteiras entre as ciências não eram as mesmas do tempo em que vivemos. Ele desenvolveu estudos que iam desde a história natural – identificando, descrevendo e classificando animais e plantas -; até análises sobre os povos indígenas com os quais travou contato; além de estudos sobre gêneros agrícolas e alternativas para a melhoria dos cultivos na região. Em que pese as contradições que podem ser percebidas em sua produção, ele pretendia desenvolver um estudo sobre a cultura material dos povos indígenas, de modo a demonstrar que estes grupos produziam cultura tal como quaisquer outros povos”, avalia.

Uma viagem esquecida no tempo
Ainda que a viagem realizada por Alexandre Rodrigues Ferreira tenha contribuído para a produção de uma grande quantidade de textos e coleções acerca da fauna e da flora das regiões do Grão-Pará, Rio Negro, Mato Grosso e Cuiabá, como também das organizações de povos indígenas dessas localidades, esse material foi vítima de uma série de circunstâncias, como já afirmado. “Em primeiro lugar, quando a viagem foi concluída, o contexto que suscitou a sua promoção já não era mais o mesmo. Outras questões assumiram a agenda política de Portugal, especialmente em função dos eventos de 1789”, afirma Mauro Coelho. Para o professor, também as disputas no interior da Universidade de Coimbra, que envolveram Alexandre Rodrigues Ferreira e seus pares, dificultaram a formação de uma síntese da viagem, conforme gostaria Alexandre, que pretendia “retornar às suas anotações e desenvolver alguns trabalhos. Por fim, a invasão francesa promoveu a dispersão do material e a perda de alguns dos itens recolhidos por Alexandre. Logo, não houve desinteresse, mas uma série de infortúnios que impediram que o naturalista desse continuidade ao seu trabalho”, complementa.

Depois das aquisições e organizações por órgãos portugueses, o material aos poucos foi se perdendo, até que, em 1876, pela primeira vez, uma instituição brasileira conseguiu se empenhar para um efetivo mapeamento dos registros produzidos pela expedição de Alexandre Ferreira. Apesar desses esforços de Alfredo do Valle Cabral, bibliotecário da Biblioteca Nacional, essa mesma documentação ficou inacessível ao grande público por décadas até sua publicação nos anos 1970. Ana Lúcia Merege, curadora da Divisão de Manuscritos da Biblioteca Nacional e responsável pela organização da Coleção Alexandre Rodrigues Ferreira, afirma que “a coleção existente na Biblioteca Nacional  foi formada entre os séculos XIX e XX por compra e doação. Além das ilustrações e dos trabalhos de Ferreira – relatórios, diários de viagem, mapas de população, memórias sobre espécies nativas -, inclui correspondência do titular e documentos de terceiros, num total de  1.180 desenhos e 191 documentos textuais”.

A partir de todo esse catálogo organizado inicialmente por Valle Cabral, muitas coleções, inclusive de outras expedições, foram disponibilizadas para o público, e passaram a ser consultadas, pesquisadas, ganharem publicação e a conquistar espaço em discussões do campo científico e acadêmico, conforme aponta Ana Lúcia. Já para Mauro Coelho, tais estudos têm contribuído, também, para perceber a viagem e seus protagonistas sob perspectivas diversas, apontando “a natureza do campo científico no século XVIII, especialmente no que tange ao contexto português. Eles têm permitido perceber, também, como os parâmetros da ciência de então foram utilizados para formular conhecimento sobre a natureza e sobre o homem americano, expondo alguns debates importantíssimos, cujos desdobramentos podem ser percebidos nas discussões sobre evolução nos séculos seguintes”.

Em que pese o contexto, para Ana Lúcia Merege, Alexandre Rodrigues Ferreira estava de fato a serviço da coroa portuguesa, e mesmo querendo averiguar questões ligadas a fortificações, à segurança, a produtos que pudessem ser explorados, ainda é uma referência para o estudo da fauna, da flora e das populações da região amazônica, das quais fez uma espécie de “inventário”. Ou seja, seu trabalho pode ser antigo, mas não é datado – ele ainda oferece dados que podem ser contestados, explorados, reinterpretados e utilizados pelos cientistas modernos, tanto no campo das ciências naturais quanto no da antropologia”.

Divulgação científica no Brasil: uma história ainda aberta
Para as professoras Márcia Helena Mendez Ferraz e Ana Maria Alfonso-Goldfaber, do Programa de Estudos Pós-Graduados em História da Ciência da PUC/SP, o fato de os textos de Alexandre Rodrigues Ferreira não terem sido publicados enquanto o viajante ainda estava vivo não se constitui, no entanto, como um evento fora do comum. “Na verdade, o conteúdo das ‘memórias’ – como se poderia denominar esses relatos dos viajantes – não deveria ser comunicado a ninguém; estava destinado apenas aos governantes em Portugal. Não deveriam ser divulgados de forma alguma. Certamente, se temia que as informações sobre as riquezas das terras brasileiras caíssem em mãos de pessoas que pudessem tentar delas se apropriar. Neste contexto, a obra de Ferreira só veria a luz décadas mais tarde após ter sido escrita”.

Ainda que alguns dos focos de interesse dos viajantes e de seus representantes governamentais no século XVIII recaíssem sobre a busca por produtos minerais e sua utilização, às plantas medicinais e alimentícias e à forma de plantá-las, minas de carvão e bosques, pensando as possibilidades de atividades comerciais que esses conhecimentos poderiam trazer, como também sobre os habitantes e a própria geografia do terreno por onde viajavam, de acordo Márcia Helena e Ana Maria, todos esses interesses naquele momento eram vistos a partir de um único campo, o da chamada história natural. Para elas, a segmentação entre ciências naturais e humanas ainda não era estabelecida, como também a caracterização de “pesquisador” pelos viajantes, mudanças que ocorreram apenas com a sistematização de instituições e atividades nos séculos posteriores. Ainda assim, afirmam as professoras, é possível dizer que “os estudos sobre a natureza prevaleciam sobre os estudos das gentes”.

Esse espaço ocupado pelos chamados naturalistas e por essas primeiras expedições científicas têm o século XVIII como um marco importante em relação ao que era realizado pelo menos desde as primeiras viagens ao chamado Novo Mundo. Além de terem propósitos mais específicos que o da simples curiosidade e marcação de território, essas movimentações eram nutridas pelo interesse em cada vez mais sistematizar e possivelmente trazer para os territórios da coroa informações acerca das formas de vida e organização animal, vegetal e nativa das colônias. “Assim, no caso de Portugal, por exemplo, e no âmbito da Universidade de Coimbra, no recém-criado “Curso Filosófico” (onde, pela primeira vez em Portugal, se estabeleciam, no ensino superior, cadeiras de história natural, física experimental e química) se buscava formar pessoas que pudessem se encarregar de diversas atividades relacionadas às denominadas “ciências modernas”, muitas vezes em cargos criados pelo governo. Um desses cargos era o de viajantes, encarregados do reconhecimento das terras do reino”, afirmam Márcia Helena e Ana Maria.

No âmbito das expedições científicas, não são conhecidas muitas mulheres que tenham realizado viagens até o século XX, a não ser como acompanhantes de seus maridos. Um caso interessante destacado pelas professoras, no entanto, é o de Maria Sybilla Merian (1647-1717), de origem germânica, que em 1699 vendeu todos os seus pertences e com suas duas filhas (já separada do marido) partiu para o Suriname para estudar o ciclo de vida de uma lagarta até se transformar em borboleta. A publicação Metamorphosis insectorum Surinamensium, de 1705, comportou suas ideias sobre esse processo, contrariando concepções de muitos autores da época sobre o “surgimento” das borboletas.

Ainda que observadas como um espaço restrito a homens de classes mais abastadas – visto que a entrada em universidades, principalmente na de Coimbra, era extremamente restrita -, e pensado especialmente para fins governamentais, as viagens empreendidas em fins do século XVIII podem ser consideradas alguns dos primeiros caminhos para a produção científica no e sobre o Brasil. Essas produções só viriam a ser fortalecidas com a chegada da corte portuguesa no século XIX e a criação dos primeiros cursos superiores, onde ainda prevaleceria, no entanto, a precariedade, com falta de professores, livros e espaços para as ciências e, também, falta de alunos com a formação mínima necessária para acompanhar as aulas.

“A Impressão Régia vem suprir, ao menos parcialmente, a falta de livros para tais cursos. Quase desnecessário dizer que a proporção da população que tinha acesso aos cursos superiores e outros de nível médio era ínfima, sendo destinados, principalmente, às classes abastadas. Some-se a isso o alto grau de analfabetismo que prevalece até o século XX e temos um quadro nada propício à divulgação de ciência e cultura. Trata-se de um longo processo, que, dois séculos depois, ainda exige medidas de muitos tipos”, apontam Márcia Helena e Ana Maria, concluindo acerca da importância que o estabelecimento de órgãos e de ações para a divulgação da ciência para o grande público, ampliado nas últimas décadas, se mostra como algo promissor, especialmente porque exemplos como os da Viagem Filosófica de Alexandre Rodrigues Ferreira não faltam na história das ciências, em que a grandeza de movimentações, informações e de conhecimento passa de prateleira em prateleira sem, no entanto, alcançar as mãos e tampouco contribuir para a formação de uma população que com ela pode se identificar.