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Pint of Science chega a sete cidades brasileiras brindando a aproximação de ciência e público
Por Andressa Menezes de Souza
24/05/2016
O festival internacional Pint of Science incentiva conversas descontraídas entre pesquisadores e público em ambientes informais como bares e botecos. Criado em 2013 na Inglaterra, tradicional por seus Pubs (bares) onde o consumo de cerveja é em pint (473ml), o evento ganha corpo neste ano, ocorrendo simultaneamente em 100 cidades de 9 países, sendo o Brasil o único representante da América Latina. Quem estiver em Belo Horizonte (MG), Campinas (SP), Dourados (MS), Ribeirão Preto (SP), Rio de Janeiro (RJ), São Carlos (SP), ou São Paulo (SP), nada como aproveitar a semana curta antes do feriado de Corpus Christi para papear sobre ciência de 23 a 25 de maio.
 
Em 2012, dois pesquisadores do Imperial College London, Michael Motskin e Praveen Paul, organizaram uma visita aos laboratórios para portadores de doenças, tal como Parkinson. A partir dessa experiência, no ano seguinte, a primeira edição do Pint of Science levou pesquisadores para conversar com o público em locais informais, fora dos centros de pesquisa e universidades. Em 2015, São Carlos (SP) foi a primeira cidade latino-americana a sediar o evento. 

De acordo com a coordenadora nacional Nathalia Pasternak Taschner (USP), “o Pint of Science surge como uma oportunidade de ser uma vela na escuridão, diminuindo o abismo entre os cientistas e a sociedade”. Para que essa ponte seja construída e mantida, os coordenadores locais apostam na ideia de levar para fora dos muros acadêmicos e de centros de pesquisa os debates que dali são gerados. Dentre os inúmeros temas escolhidos estão o Zika vírus, os transgênicos, a nanotecnologia, neurociências, mulheres na ciência, mudanças climáticas, câncer, paleontologia, genética, entre muitos outros (acesse a programação completa em www.pintofscience.com.br). 

Em Campinas (SP), os coordenadores Rafael Bento (ScienceBlogs/NuminaLabs) e Germana Barata (Labjor/Unicamp) apostam no potencial agregador de público do festival e no papel do evento para mudar a percepção do cientista, muitas vezes visto como aquele que faz seu trabalho no laboratório sobre questões complexas fora do alcance de todos. Para tal, a cidade preparou um evento que abre com um trio de cientistas músicos que vão tocar músicas do século 15 ao 17, formado por biólogos Thomas Lewinsohn, Rafael Soares e André Freitas, o médico Paulo Dalgalarrondo, todos da Unicamp, e musicista Luciana Carrillo. 

Além de trazer temas instigantes como nanotecnologia, astrobiologia, a ciência da cerveja, gastronomia molecular, paleontologia e zika vírus, além de outros, o evento campineiro propõe um dia (25 de maio) de bate-papo a pleno céu aberto, no Observatório Municipal de Campinas Jean Nicolini com food trucks para esquentar a conversa com Júlio Lobo (OMCJN) sobre “COBservação do céu noturno” e com Douglas Galante (LNLS/CNPEM) que vai tratar sobre astrobiologia e a busca científica por vida extraterrestre. Os coordenadores esperam que o evento possa entrar no calendário cultural da cidade. 

“Em comparação com outro evento muito parecido e semanal que organizamos em Campinas, o Chopp com Ciência, o Pint of Science se diferencia por ser um esforço concentrado de muitas pessoas, cidades e países. Um festival mesmo. O que acaba atraindo mais pessoas e amplia o alcance para atingir os não-cientistas”, pontua Rafael Bento. “Ciência é divertida, faz parte de nossas vidas e pode ser apreciada numa conversa de bar”, complementa a pesquisadora Germana Barata. 

A programação nacional 

Em Belo Horizonte (MG), Heverton Leandro Carneiro Dutra (UFOP) e Fábio Prezoto (UFJV) abrem o festival na capital mineira desmentindo alguns boatos sobre dengue, zika e chicungunya. Aliás, o tema, importante questão de saúde pública na atualidade, também estará presente em bate-papos com pesquisadores do Rio de Janeiro, São Carlos (SP), São Paulo e Campinas (SP). Não só de mazelas são os insetos acusados, eles serão colocados em outra função: peritos forenses da natureza em conversa com William Fernando Antonialli Junior (UEMS) em Dourados (MS). 

Dourados (MS), São Paulo e Campinas (SP) trouxeram a ciência da cerveja como tema. Na capital, a criatividade começou pelo título “The light side of the beer“, dado por Julio Ferreira (USP), em alusão direta ao famoso álbum da banda inglesa Pink Floyd para tratar dos benefícios da bebida. Já em Campinas (SP), David Fiqueira, CEO da Lamas Corp., demonstra seu entusiasmo quando comenta que está “preparando uma verdadeira viagem no tempo desde Pasteur até os dias atuais para mostrar o quão importante é a história da Cerveja na formação de nossa sociedade moderna”. 

São Paulo, com o maior número de encontros e bares participantes, também sedia a conversa “Papo para boi dormir” sobre a influência do sono na cognição com Paula Tiba (UFABC). Ainda em território paulistano, em Ribeirão Preto, a professora Cláudia Domingues Vargas (UFRJ) vai ter muita ideia para trocar na conversa sobre cérebro preditivo que enfoca a neurobiologia de antecipação a eventos futuros. E, para os amantes de arte, terá o momento “Cérebro e artes visuais” coordenado por Norberto Garcia Cairasco (USP). A programação foi muito bem cuidada pelos coordenadores regionais com assuntos variados e pesquisadores de renome entusiasmados com o desafio.

Com a palavra, os pesquisadores convidados 

De forma unânime, os pesquisadores convidados consultados acreditam que o festival propicia uma oportunidade de engajar-se em um diálogo sobre ciência para além do palestrar, no sentido de uma troca mais natural. Para tal, acreditam ser um desafio falar para um público não-especialista e tão diversificado sem o recurso dos tradicionais slides de Power-Point, comuns na sala de aula e eventos acadêmicos. Consideram também um momento ímpar para imprimir uma imagem positiva e real para algumas áreas do conhecimentohoverboard

“O ambiente bar é diferente do que estamos acostumados, e por isso é importante adaptar a apresentação para deixar o clima mais descontraído. O público também é variado, e assim é necessário considerar uma apresentação diversificada”, afirma Marcelo Knobel, físico e diretor do Laboratório Nacional de Nanotecnologia, que terá participação na terça (24) em Campinas (SP). 

Ana Maria de Avila, ao ser perguntada sobre o que a motivou a participar do festival, enfatiza que a meteorologia, que trabalha com incertezas, seria tratada de uma forma banalizada por alguns meios de comunicação. “Há muitas curiosidades, ditos populares que fazem sentido. Acho importante mostrar”, complementa a pesquisadora. 

Mais informações

Os eventos serão iniciados às 19h30 com previsão de término até as 22:00. O festival é gratuito* e o público paga o que consumir no local. 

*No Observatório Municipal de Campinas, taxas nos valores de R$ 4 (inteira) e R$ 2 (meia) serão cobradas. O evento contará com a participação de Food Trucks para o suporte de alimentos e bebidas. Recomenda-se levar agasalhos.