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Pesquisas sobre educação podem
auxiliar governo no combate à exclusão

Sofisticar a discussão sobre educação e desigualdade a partir das análises estatísticas e das pesquisas qualitativas que estão sendo produzidas nas ciências humanas. Esse é o objetivo da parceria firmada entre o Núcleo de Pesquisas sobre Ensino Superior (Nupes), da Universidade de São Paulo (USP) e o Centro de Estudos de Opinião Pública (Cesop), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A parceria foi inaugurada em seminário, realizado na USP no início de junho, que tinha como proposta pensar as relações raciais, nos diversos níveis de ensino, à luz do debate contemporâneo sobre a reforma universitária e as políticas de ação afirmativa - tais como cotas e reservas de vagas - que estão sendo implementadas por várias universidades no país.

Desde os anos 1990, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), do Ministério da Educação, vem produzindo séries históricas de dados, a partir de indicadores de avaliação tais como o Sistema de Avaliação do Ensino Básico (SAEB), o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e o extinto Exame Nacional de Cursos de Graduação - denominado "Provão" - que está sendo reformulado.

"Há uma demora da universidade em entender o valor potencial destes indicadores para a formulação de políticas públicas", afirmou Rachel Meneguello, coordenadora do Cesop. A partir de um convênio com o INEP, estes índices de avaliação foram organizados e analisados pelo Cesop, dentre eles o Questionário socioeconômico e cultural, que integra o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Para Meneguello, o questionário possibilitaria compreender o mapa de valores da juventude que poderia, por sua vez, guiar a elaboração dos projetos pedagógicos por parte do governo, combatendo-se, assim, problemas tais como o abandono escolar.

"Essas medições na educação são iniciativas recentes. Muitos educadores resistem a estas avaliações, que são fundamentais para guiar as transformações na educação necessárias para se alcançar uma maior igualdade", disse José Francisco Soares, professor do departamento de estatística da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Para a antropóloga Eunice Ribeiro Durhan, que integra o conselho consultivo do Nupes, as análises que estão sendo produzidas permitem abandonar as posições meramente ideológicas sobre o assunto. "É preciso sofisticar, a discussão, principalmente sobre a natureza da desigualdade que faz com que os negros tenham um mau desempenho na escola", acrescentou.

Preconceito racial
O preconceito racial é uma das questões em que é possível sublinhar a complexidade da relação entre desempenho escolar e desigualdade. O despreparo dos professores para lidarem com essa questão e a dificuldade das crianças em verbalizar as experiências de preconceito sofridas, muitas vezes, se constitui num impedimento para que esta questão seja discutida em sala de aula. E esta dificuldade tende a ser reproduzida na universidade.

"Existe uma espécie de 'conspiração do silêncio' sobre este assunto. Para uns é extremamente doloroso falar sobre isso, para outros porque é cômodo não discuti-lo", afirma Durhan. Para ela, buscar soluções para este problema significa deixar de tratar o preconceito racial como um fenômeno monolítico. Seria importante, na luta contra o preconceito na escola, saber em quais situações as manifestações de preconceito acontecem já que, aquelas crianças que trocam ofensas durante o recreio podem, num outro momento, brincarem juntas na sala de aula.

"Ao discutir a situação educacional dos negros no Brasil, nós estamos, fundamentalmente, interagindo num debate público", lembra o antropólogo Omar Ribeiro Thomaz, pesquisador do Nupes e do Centro Brasileiro de Análise Planejamento (CEBRAP).

A parceria entre o Núcleo de Pesquisas sobre Ensino Superior (Nupes), da USP, e o Centro de Estudos de Opinião Pública (Cesop), da Unicamp, foi firmada durante o seminário "Ampliando o conhecimento sobre relações raciais nas instituições de ensino: pesquisas, métodos e perspectivas", no início de junho, na USP.

Atualizado em 17/06/04
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