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Metodologia avalia níveis de resíduos de
pesticidas em tomates

O Brasil é o sexto maior produtor mundial de tomate, item de destaque na alimentação humana. Seu cultivo, sujeito a diversos tipos de infestações de pragas, é constantemente bombardeado com inseticidas e fungicidas, que garantem alta produtividade. Por causa disso, o governo brasileiro estabelece níveis de tolerância para os resíduos de pesticidas que permanecem no tomate, mas que nem sempre são respeitados pelos produtores. Uma metodologia desenvolvida por pesquisadores da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí) e da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) consegue determinar até níveis bem baixos de pesticidas presentes no tomate, utilizando apenas um solvente para detectar múltiplos tipos de pesticidas, diferentemente dos métodos tradicionais. O estudo foi publicado na última edição da revista científica Journal of the Brazilian Chemical Society.

O método foi aplicado por Anagilda Gobo, química da Unijuí, e seus colegas, em tomates obtidos em vários mercados de Santa Maria e Ijuí, ambas no Rio Grande do Sul, entre 23 de dezembro de 2000 e 26 de janeiro de 2001. Das amostras coletadas, apenas uma continha resíduos do pesticida methamidophos bem acima (2,4 mg/kg) dos níveis estabelecidos pela legislação brasileira (0.3 mg/kg). "Isso significa que não há uma preocupação adequada em obedecer as boas práticas de agricultura por parte de alguns produtores, causando exposição do trabalhador e resíduos tóxicos nos tomates", afirmam os autores do artigo. Quantidades acima das permitidas representam risco potencial à saúde dos consumidores.

Nozomu Makishima, agrônomo da Embrapa Hortaliças, informa que o cultivo da batata e do tomate recebe a maior quantidade de princípios ativos (substâncias ativas que conferem eficácia aos pesticidas) de inseticidas e fungicidas. No caso do tomate são 52 diferentes, sendo que alguns são produzidos por mais de um fabricante, totalizando 150 à disposição do agricultor. Geralmente, as aplicações são semanais, por um período de 5 a 6 meses até a colheita, o que equivale a 24 ou 30 aplicações, sendo que este número pode aumentar nos períodos de chuva. Makishima lamenta que a legislação brasileira não obrigue os produtores a fazer um controle das aplicações. "O ideal seria uma legislação que obrigasse as grandes centrais de distribuição de hortaliças e frutas a fazer uma amostragem para verificar a presença de resíduos [de pesticidas em seus produtos], pelo menos uma vez por ano", sugere o pesquisador.

A Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) é um dos únicos locais a ter um programa de monitoramento dos níveis de resíduos de pesticidas em frutas e hortaliças. O pesquisador da Embrapa enfatiza que o problema é mais sério nas feiras livres, onde fica ainda mais difícil fazer este controle. Anagilda Gobo ressalta que além do município de Ijuí, que fez um trabalho com a Prefeitura Municipal para monitorar alguns resíduos de pesticidas em determinadas hortaliças e frutas em feiras livres, a cidade de Porto Alegre também faz um controle destes resíduos em uma parceria entre sua Central de Abastecimento S.A. (Ceasa), a Associação Riograndense de Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) e a Secretaria Estadual da Saúde.

As técnicas para determinação de resíduos de organofosforados - freqüentemente utilizados em plantações de tomates - utilizam a cromatografia gasosa com um detector de ionização de chamas (FID, em inglês) e a espectrometria de massas (técnicas também utilizadas em testes antidoping) e que podem medir a extração de resíduos múltiplos, para baratear os custos e melhorar a produtividade nos laboratórios. Um dos problemas, no entanto, é o excesso de uso de vários solventes orgânicos que acabam prejudicando as análises em laboratório. O método proposto pelos pesquisadores das universidades gaúchas usa apenas um solvente para determinar níveis de seis pesticidas distintos empregados em tomates, tornando-o simples, rápido, eficiente e com custo reduzido, características que facilitariam a detecção da presença de resíduos. A química afirma que o procedimento desenvolvido pode ser empregado para a determinação de pesticidas organofosforados em outras culturas, "desde que cada laboratório faça a sua própria validação de acordo com os equipamentos disponíveis", recomenda.

Atualizado em 12/01/05
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