Em jogo, o ensino da História
   
 
Nas fronteiras entre o Cinema e a História
A relação Cinema-História em foco
Em jogo, o ensino da História

Entrevista:
Marc Ferro

 

 


Era Uma Vez na AméricaUma das aplicações, com conseqüências mais imediatas para a sociedade, do estudo da relação cinema-história encontra-se no campo da educação. Nesse sentido, uma pesquisa, realizada como tese de mestrado pela coordenadora de pesquisa da Oficina Cinema-História da UFBA, Cristiane Nova, traz dados bastante interessantes sobre a aplicação corrente e as possibilidades futuras do cinema como instrumento pedagógico. O cinema é aqui entendido de forma ampla, incluindo desde filmes norte-americanos até documentários históricos.

"O ensino da História no Brasil ainda se realiza como algo distante da vida quotidiana, desconectado do presente. É preciso se buscar uma renovação dessa prática, procurando aplicar a idéia de que se a história é um processo vivo, assim também deve ser o seu ensino", afirma Nova. Para a pesquisadora, o cinema é uma das formas de superar essa distância e fonte de revitalização do ensino da História.

Nascido para MatarA pesquisa de Nova foi realizada entre os meses de maio e dezembro de 1998. Foram recolhidos 78 questionários, distribuídos entre professores de História do ensino fundamental, médio e superior da capital baiana. Os professores da amostra receberam os questionários impressos ou puderam respondê-lo via internet. O estudante de graduação em História, Fábio Mira foi co-autor da pesquisa e realizou um monografia a partir dos dados.

Um dos grandes obstáculos revelados pela pesquisa a um emprego satisfatório dos recursos audio-visuais em sala de aula é a própria concepção dos professores sobre o que são os filmes históricos. "O ensino continua baseado numa razão única que advoga a existência de uma verdade absoluta", afirma Nova. De acordo com a pesquisa, 64% dos entrevistados afirmam que os audiovisuais históricos devem ser fiéis aos fatos históricos. "A maior parte dos professores ainda não considera os audiovisuais como linguagens e formas discursivas autônomas", completa.

Carlota JoaquinaDe acordo com Fábio Mira, a tímida aplicação dos recursos audio-visuais por parte dos professores não pode ser explicada apenas pela falta de condições estruturais, já que estas, mesmo não existindo, não garantem a existência de um programa pedagógico que inclua o audio-visual. Mira afirma que "existe uma tendência em considerar o audiovisual como um instrumento didático auxiliar e não como um elemento viabilizador de uma reestruturação do processo de ensino da História".

Para Nova, é necessário que essas condições sejam mudadas em breve, dada a difusão cada vez maior de novas formas de comunicação. "A situação atual, que tende a se expandir, não é mais a de algumas décadas atrás, em que o professor tinha o privilégio de ser o único, em sua classe, a deter o conhecimento que lecionava. Hoje, os conhecimentos estão sendo difundidos a todo momento, pela mídia, pela internet e por vias alternativas de comunicação. E isso coloca o ensino tradicional da em crise profunda e evidencia a necessidade urgente de uma transformação". Nesse processo, estaria em jogo o própria ensino da História que, segundo ela, corre o risco de se tornar "não apenas ultrapassado, decadente e conservador, mas completamente inútil".

   
           
     

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Atualizado em 10/01/2001

   
     

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