Pesquisas
norteiam planos para a conservação da Estação
Ecológica dos Tupiniquins
As
ilhas da Estação Ecológica dos Tupiniquins
têm formação rochosa e estão isoladas
do continente há pelo menos oito mil anos. Esses ambientes
são verdadeiros redutos da vida marinha, uma vez que foram
colonizados por espécies do continente e do oceano. Além
disso, a própria evolução natural os transformou
em abrigos de espécies raras e endêmicas (que só
existem em determinado lugar) da fauna e da flora. Pesquisas e diagnósticos
realizados em 2001 tornam clara a importância das ilhas que
compõem parte do litoral Sul de São Paulo, dentro
do Projeto de Apoio à Implantação da Estação
Ecológica dos Tupiniquins e Área de Relevante Interesse
Ecológico da Queimada Grande e Queimada Pequena.
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Pesquisadores
em trabalho de campo
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Com
a contratação de pesquisadores da USP, Unicamp e Universidade
Santa Cecília (Unisanta), foram feitos levantamentos sobre
a vegetação e os invertebrados marinhos das ilhas
do Castilho e da Queimada Pequena e a ictiofauna (peixes) das ilhas
que compõem a Estação Ecológica dos
Tupiniquins. Inúmeras parcerias ainda possibilitaram a reunião
de dados sobre a biodiversidade das ilhas e sobre os seus principais
usos, como a pesca. Foram aproveitados dados de pesquisas da Fundação
Florestal, do Instituto Butantã, do Projeto Tamar e do Núcleo
de Pesquisas do Litoral Sul. Esses dados são referentes à
avifauna, a herpetofauna (serpentes) e tartarugas. Houve também
a participação do Instituto de Pesca, que coletou
e analisou dados de pesca em Cananéia, e do Projeto Cação,
que coletou parte dos dados da pesca em Itanhaém.
Segundo
a coordenação do projeto, a maior parte desses estudos
ainda está em desenvolvimento, o que impede que existam dados
conclusivos sobre diversos aspectos das ilhas. No entanto, alguns
conhecimentos já estão disponíveis, mesmo que
sejam preliminares.
A
coordenadora de educação ambiental do projeto, a bióloga
Alineide Lucena, explica que as Ilhas do Castilho e da Queimada
Pequena, próximas de Cananéia e Itanhaém, foram
escolhidas estrategicamente para serem objeto de pesquisa sobre
vegetação. Constatou-se que, em boa parte da Ilha
da Queimada Pequena há cultura de mandioca e invasão
da trepadeira Cissampelos andromorpha, fazendo com que a
floresta tenha muitas clareiras. A intenção é
estender estudos semelhantes às outras ilhas que formam a
estação ecológica e produzir um guia botânico
das espécies existentes, ampliando o conhecimento sobre as
ilhas para subsidiar o manejo das áreas. Elas recebem interferências
humanas há bastante tempo e, desde o século XX, sofrem
a introdução de plantas de espécies exóticas.
Pesca
esportiva – A pesca (esportiva, artesanal e profissional) é
uma das principais atividades realizadas nas proximidades da Estação
Ecológica dos Tupiniquins e da respectiva área de
interesse ecológico. Expedições às ilhas
e o contato com pescadores e operadoras de turismo possibilitaram
que se fizesse um levantamento preliminar, com estatísticas
da freqüência das atividades, dos principais produtos
desembarcados e dos apetrechos de pesca utilizados.
As
ilhas mais atingidas pela pressão da pesca e da visitação
são a do Bom Abrigo e da Figueira, na parte sul da Estação,
e as de Peruíbe, da Queimada Pequena e da Queimada Grande,
na parte norte.
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Ilha
da Queimada Pequena, uma das mais atingidas pela pesca
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A pesca
esportiva é a que ocorre com maior freqüência,
correspondendo a 67% dos casos. Depois aparecem a pesca profissional,
com 14% de ocorrência, a caça submarina, com 8%, e
o mergulho, com 7%. Já a pesca artesanal corresponde a apenas
4% dos casos.
O
projeto avaliou, ainda, que os pescadores esportivos em embarcações
particulares são os principais usuários das ilhas.
Pelo menos 67% das atividades turísticas (incluindo a pesca
esportiva) acontecem com barcos particulares. O restante é
realizado por meio de embarcações de operadoras. A
coordenadora do projeto, a oceanógrafa Danielle Paludo, aponta
em relatório final que o fato é preocupante para a
gestão das Unidades de Conservação insulares.
"Esse público é mais difícil de trabalhar.
É possível identificar e interagir com comunidades
tradicionais, operadoras de turismo e pesca, e pescadores profissionais,
através das colônias de pesca. Já os visitantes
e pescadores, que vão às ilhas com embarcações
próprias, representam um público disperso e que tem
pouco compromisso com a conservação dos recursos naturais
do entorno das ilhas", explicou.
A
pesca esportiva é legalmente incompatível com a Estação
Ecológica, mas há muitos anos ela é praticada.
As ilhas de Peruíbe e de Guaraú, que ficam a apenas
2 quilômetros da costa e perto de Peruíbe, são
muito freqüentadas por turistas, pescadores e mergulhadores
do próprio município.
Já
em Cananéia, não há empresas especializadas
em mergulho. No verão, os passeios são mais freqüentes.
No inverno, a procura é maior pela pesca esportiva. A maioria
das operadoras trabalha apenas no estuário ou em ilhas muito
próximas à costa, como as Ilhas do Cardoso e do Bom
Abrigo. Apenas 40% das empresas oferece pesca em mar aberto.
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