Diferenças na participação política indígena na América do Sul

No início da colonização brasileira eram mais de 5 milhões de índios. Na década de 80 não passavam de 250 mil e hoje, segundo o IBGE, a população indígena brasileira teve um crescimento e chega a 700 mil, mas ainda não chegaria a 0,4% da população. Em outros países da América Latina, tais como Equador, Peru e Bolívia a população indígena ultrapassa 50%. Esse é um dos fatores que lhes garante uma forte participação política e conquista de direitos civis importantes. Veja abaixo a participação política indígena em alguns outros países da América do Sul.

Bolívia: Único país onde se estabeleceram partidos políticos importantes antes da década de 90, através dos partidos Kataristas. Destaque para o Movimento Revolucionário Tupaj Katari de Libertação e para o partido indígena-camponês Instrumento Político para Soberania dos Povos (IPSP) ligado ao Movimento pelo Socialismo (MAS) que possui hoje a maior bancada de oposição do parlamento e para o Movimento Indígena Pachakutik (MIP). Em 2002 haviam 41 cadeiras de partidos indígenas no parlamento boliviano.

Venezuela: Os índios representam apenas 1% (meio milhão) da população nacional. Possui um partido político indígena desde 1997 Partido do Povo Unido Multiétnico da Amazônia (Puama). Em 1999 os indígenas venezuelanos ganharam na Assembléia Constituinte o direito de cadeira reservada em nível nacional, estadual e local. Em 2000 através da aliança do Puama com o partido de esquerda Pátria para Todos (PPT) foram eleitos vários representantes em diferentes esferas públicas.

Peru: Apesar da grande participação dos indígenas no geral da população (mais de 50%), apenas em 1996 foi criado o partido político Movimento Indígena da Amazônia Peruana (MIAP). O partido conseguiu eleger representantes na eleições de 1998 e 2002, mas tem enfrentado problemas com fraudes e para inscrever seus candidatos nas diferentes esferas de representatividade.

Guiana: Indígenas representam 7% da população. Foi criado, em 2001, o Partido Guyana Action Party (GAP) que e terminou em 3º lugar nas eleições, conseguindo duas cadeiras no parlamento.

Colômbia: População indígena de 1,7% (700 mil). Tem uma história marcada por fortes conflitos entre guerrilha, narcotráfico e paramilitares que dura mais de 40 anos. O partido indígena Aliança Social Indígena (ASI) cresce muito no país e consegue agrupar setores populares não indígenas.


fonte: Índios e Parlamentos, publicada em 2004 pelo Instituto de Estudos Sócioeconômicos (Inesc)