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Brasil é rico em sítios arqueológicos,
mas poucos sabem disso

Localizado no município de São Raimundo Nonato, no interior do Piauí, o Parque Nacional da Serra da Capivara abriga uma das maiores concentrações de pinturas rupestres do mundo, espalhadas em mais de 400 sítios arqueológicos. Considerado patrimônio da humanidade pela Unesco desde 1991, o parque enfrenta atualmente uma de suas piores crises financeiras desde que foi criado, em 1979, o que dificulta a manutenção de sua infra-estrutura e o pagamento dos 50 funcionários responsáveis pelos seus quase 130 mil hectares.

De acordo com a arqueóloga Niède Guidon, presidente da Fundação Museu do Homem Americano (FUNHAM), criada em 1986, e desde então responsável pela administração do parque, foram dispensados R$ 20 milhões para a sua criação. "Serra da Capivara está pronto para começar a gerar recursos, mas é necessário, ao menos, manter a infra-estrutura já instaurada", afirma.


Niède Guidon

Atualmente, o parque é mantido com recursos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), que segundo a arqueóloga, não são suficientes. No último repasse realizado, no final de 2003, o governo liberou R$ 50 mil para o parque, sendo que seriam necessários mais de R$ 200 mil por mês para a sua manutenção.

Por causa da falta de verbas, o parque teve que cortar, em 2001, parte dos seus projetos sociais, que incluíam postos de saúde para a população local, escolas para crianças e aulas de artesanato para os adultos. De acordo com Guidon, os Correios e a Petrobrás estão analisando uma proposta para auxiliar financeiramente o parque, mas ainda não há perfectivas de quando serão liberados os recursos.

Potencial turístico
Um levantamento feito por especialistas suíços e italianos que visitaram e avaliaram a região, constatou que o Serra da Capivara pode receber anualmente cerca de três milhões de visitantes, caso haja investimento em infra-estrutura. Atualmente, o parque recebe uma média de apenas 15 mil turistas por ano.

Para Guidon, o turismo na região pode ser visto como parte de um instrumento de transformação da região, onde, inclusive, fica o município de Guaribas, ponto inicial do programa Fome Zero. "Investimentos iniciais em infra-estrutura conseguiriam atrair um fluxo considerável de turista à região e promover o aquecimento da economia local", diz.

Além dos sítios arqueológicos, a região possui uma paisagem singular, formada por planícies, vales a serras, resultado de uma formação geológica entre a bacia Maranhão-Piauí e a depressão do rio São Francisco. A vegetação típica de caatinga abriga uma rica fauna, característica da região amazônica.


Rapel: uma das atividades do parque

Riqueza científica
Guidon participa de um programa de pesquisas arqueológicas na região desde 1973, e grande parte dos seus trabalhos tiveram repercussão internacional. Dentre eles, uma descoberta realizada no sítio arqueológico do Boqueirão da Pedra Furada, da Serra da Capivara, mostrou vestígios do Homo sapiens sapiens que datam de até 50 mil anos atrás. A descoberta levantou uma polêmica entre pesquisadores de todo o mundo, pois coloca em xeque a teoria arqueológica aceita por mais de meio século de que o homem chegou ao continente americano há cerca de15 mil anos, vindo da Ásia. Já as pinturas rupestres encontradas na região têm idade comprovada de 12 mil anos.

 

Além do material arqueológico coletado, já foram produzidos inúmeros trabalhos acadêmicos, resultados de pesquisas em diferentes áreas do conhecimento como biologia, história, antropologia, entre outras. A FUNHAM possui convênios com diversas instituições e universidades do país, além de algumas da França, Itália, Reino Unido e Estados Unidos. As pesquisas da fundação são financiadas por órgãos de fomento nacionais, além dos recursos do Ministério dos Negócios Estrangeiros da França.

Segundo as pesquisas, a região foi ocupada por caçadores-coletores e agricultores-ceramistas até a chegada dos colonizadores. "O Piauí já foi uma região de primeiro mundo", afirma Guidon ao falar sobre os ossos humanos encontrados na região, com formação estrutural perfeita. A região, hoje uma das mais áridas do país, já teve água em abundância e ótimas condições para plantio. De acordo com a pesquisadora, uma radical mudança climática secou parte dos rios da região, há cerca de 8 mil anos atrás. Além disso, as freqüentes queimadas contribuíram para o assoreamento dos poucos rios sobreviventes e para a depredação do solo. Segundo Guidon, as caçadas também são comuns na Serra da Capivara, o que prejudica a preservação da fauna.

Atualmente, as duas estradas federais que dão acesso ao parque, de Teresina e de Petrolina para São Raimundo Nonato, estão com problemas de tráfego por causa de buracos. Para as vias, não há previsão de obras, mas um aeroporto internacional está sendo construído pelo governo do Piauí desde1996 na região. A previsão é que ele fique pronto em 2005.

Mais informações sobre o parque e contatos para visitação e alojamentos podem ser obtidas no site do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

Fotos: André Pessoa, da Agência Raízes do Piauí

Atualizado em 16/06/04
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