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Falta de empreendedorismo ainda é entrave
ao desenvolvimento do país


Com a comemoração pelo anúncio da aprovação da Lei de Inovação no Senado, encerrou-se no dia 11 de novembro o XIV Seminário Nacional de Parques Tecnológicos e Incubadoras de Empresas, realizado em Porto de Galinhas (PE). Uma das propostas da Lei é de flexibilizar a participação de pesquisadores do setor público no setor privado, além de outras medidas como facilitação de investimento público direto em empresas privadas (leia mais sobre a Lei), o que deverá incentivar o desenvolvimento de inovações no país, já que falta de cultura empreendedora e de financiamento continuam sendo os principais obstáculos do desenvolvimento tecnológico no Brasil, de acordo com um conjunto de apresentações realizadas no último dia 10.

Com base nos resultados de um estudo feito pela entidade o diretor da Associação Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia das Empresas Inovadoras (Anpei), Olívio Ávila, apresentou um retrato não muito novo, muito menos animador, de um Brasil que pouco investe no desenvolvimento de produtos e processos inovadores. As principais razões para não investir em inovação, apontadas pelas empresas que participaram da Pintec, foram os riscos econômicos excessivos, elevados custos da inovação, escassez de fontes apropriadas de financiamento e falta de informações sobre o mercado.

De acordo com Ávila, essas respostas refletem a falta de uma cultura empreendedora, sem a qual a disponibilização de recursos - como já está sendo feito por bancos, ministérios e fundações de apoio à pesquisa federais e estaduais - não é bem aproveitada. É preciso avançar nos gastos em P&D que hoje, segundo Ávila estão na faixa de 0,64%. Outro dado apresentado foi que o total de pessoal empregado em P&D nas empresas instaladas no país é de 6%. Desses, 1,7% têm nível médio, 1,6% graduação e apenas 0,3%, pós-graduação, situação que também deve ser modificada com as iniciativas atuais.

Fátima Brayner, vice-presidente da Associação Brasileira das Instituições de Pesquisa Tecnológica (Abipti), destacou outros obstáculos além dos apontados por Ávila. Dentre eles, a burocracia exagerada para formação e manutenção de uma pequena empresa, e o desconhecimento do mundo dos negócios por parte dos estudantes da universidade e até mesmo do ensino médio e falta de parceiros.

Mais otimista que o diretor da Anpei, Fátima aposta em iniciativas como os Fundos Setoriais, a nova política industrial, tecnológica e de comércio exterior, a Lei de Inovação em trâmite no Congresso e os investimentos do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) - foram R$ 155 milhões em 2003 - podem corrigir essa trajetória do país. Porém, ela adverte que isso depende de uma melhor articulação dos diversos instrumentos existentes, para que eles sejam realmente implementados.

Quase sempre a comparação do baixo gasto do Brasil é o paradigma de um gasto de 3,0% do PIB, que é a marca japonesa. Outro número de referência é o gasto dos EUA - 2,6% do PIB. Mas é preciso levar em conta que a média da Comunidade Européia é de 1,8% e que muitos países similares ao Brasil possuem percentuais bem mais baixos, como a Espanha, que gasta 0,9%, a Itália, China e Rússia que despedem cerca de 1,0%, e o México, que gasta apenas 0,4%. Nesses países, mais próximos da realidade brasileira, a participação privada no esforço nacional de P&D é também próxima à brasileira: na Espanha é de 50%, na Itália 42%, na Rússia é 32% e na China estima-se que pode ter alcançado 60% - percentual que merece ser visto com cautela.

Sobre articulação, Guilherme Ary Plonski, vice-presidente da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), organizadora do evento, anunciou a retomada da aliança entre as três entidades - Anprotec, Anpei e Abipti - a Aliança Estratégica para Promoção da Inovação Tecnológica, que tem, entre seus objetivos principais, a evolução da cooperação entre universidades e empresas, a ampliação de redes de empreendedorismo inovador e o fortalecimento de redes de tecnologia industrial básica (TIB).

Segundo Plonski esse movimento de promoção da inovação teve início no final da década de 90, foi reforçado em 2001 com a Conferência Nacional de Ciência e Tecnologia, promovida pelo Ministério da Ciência e Tecnologia e continua impulsionando novas iniciativas. A retomada dessa aliança é um exemplo. Ele espera que essa relação entre as três entidades estimule a articulação entre incubadas - um empreendimento que utiliza os serviços de uma incubadora - e empresas inovadoras de médio e grande porte. Além disso, espera atrair centros de pesquisa e desenvolvimento e engenharia para parques tecnológicos e garantir um maior apoio dos institutos de ensino e pesquisa às incubadoras de empresas.

Outras ações fundamentais da Aliança são a representação das entidades em conselhos do Centro de Gestão de Estudos Estratégicos e do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia, que assessora o presidente da República; aprimoramento de um marco legal e programas de fomento para empresas inovadoras; produção e compartilhamento de conhecimento, rente outras práticas que evitem a instrumentalização da inovação e do empreendedorismo citadas por Fátima Brayner e reforçadas por Plonski.

A estratégia de relançamento dessa Aliança está prevista para a próxima semana, quando irão participar em um mesmo estande, da Brasiltec 2004 (3º Salão de Inovação Tecnológica), que vai acontecer entre 17 e 20 de novembro, em São Paulo.

Atualizado em 12/11/04
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