Livro recupera papel de difusor cultural de 
              museu sergipano
            
              A dificuldade com o transporte dos alunos até o Museu 
              de Arqueologia de Xingó (MAX), que fica a quatro horas 
              de viagem de ônibus da capital sergipana, Aracaju, - cerca 
              de 200 quilômetros de distância -, fez a equipe da instituição, 
              ligada à Universidade Federal de Sergipe (UFS), criar o projeto 
              O Museu Vai à Escola, a Escola Vai ao Museu, em 2002. 
              A iniciativa, premiada em 2003 pela Sociedade de Arqueologia Brasileira 
              (SAB), resultou na publicação de um livro, de mesmo 
              título do projeto, que será lançado no próximo 
              dia 17, durante o primeiro Encontro Educativo e Cultural MAX - Petrobrás, 
              na Sociedade Semear. 
            A 
              obra, escrita pela coordenadora da Ação Educativa 
              MAX e professora de Geografia da UFS, Maria Tereza Souza Cruz, traz 
              a articulação do Museu com a escola e a prática 
              do trabalho, que consiste em levar ao professor e aluno os conteúdos 
              da pré-história sergipana. "Até chegar 
              ao formato atual, o projeto passou por transformações", 
              diz Cruz. No início, interferia até no conteúdo 
              escolar, mas com o tempo optou-se pela criação da 
              Semana Pedagógica. 
            A 
              coordenadora do Museu explica que, durante esse evento, há 
              uma sensibilização dos professores para a importância 
              do tema. Em seguida, trabalha-se os alunos do ensino fundamental 
              e médio com jogos de memória, dominós, pescarias 
              e réplicas de peças do museu; e no final da semana, 
              as escolas recebem um kit pedagógico com material audiovisual 
              para ser utilizado em sala de aula. Há também a capacitação 
              de professores para visitarem posteriormente o Museu com seus alunos. 
              "O objetivo do MAX é contribuir para uma nova mentalidade 
              sobre o papel dos museus na difusão da cultura material e 
              imaterial, a partir da relação museu-escola e na perspectiva 
              da educação patrimonial", afirma Cruz.
            
              
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                | Fachada 
                    do Museu de Arqueologia do XingóCrédito: Adriana Menezes
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            Segundo 
              a gerente de pesquisa do MAX, Cleonice Vergne, o museu foi criado 
              com ações voltadas para a socialização 
              do conhecimento e a educação patrimonial. Em 1991, 
              ela e sua equipe descobriram os primeiros vestígios pré-históricos 
              naquela região. O trabalho fazia parte de uma pesquisa de 
              salvamento arqueológico solicitada pela Companhia Hidro Elétrica 
              do São Francisco (Chesf) à UFS. Na ocasião, 
              a Chesf construía a usina de Xingo, que alagaria terras na 
              região. O trabalho de escavação teve início 
              em 1988, foi interrompido em um ano depois - "por causa da 
              falta de recursos do governo" - e retomado em 1991. As peças 
              descobertas ganharam espaço apropriado para visitação 
              e conservação do material graças aos patrocínios 
              da Petrobras e da própria Chesf.
            A 
              Ação Educativa do Museu já recebeu mais de 
              30 escolas das redes pública (estadual e municipal) e privada 
              de Sergipe. As instituições públicas são 
              priorizadas por se tratar de um trabalho que recebe o incentivo 
              da Lei Rouanet e o patrocínio da Petrobras, por intermédio 
              da UFS. As escolas que participam do projeto de educação 
              do museu farão apresentações de trabalhos e 
              de grupos culturais durante o Encontro Educativo e Cultural MAX 
              - Petrobras, de 16 a 18 de novembro, e concorrerão a prêmios 
              para os melhores trabalhos dos alunos do ensino fundamental e médio. 
              Também participam alunos dos cursos de Pós-Graduação 
              e Graduação.
            O 
              livro O Museu Vai à Escola, a Escola Vai ao Museu 
              é uma possibilidade concreta de reflexão sobre o papel 
              dos museus na difusão e preservação da cultura, 
              assim como o Encontro Educativo, na opinião da pesquisadora, 
              que continua suas escavações no Baixo São Francisco 
              - localizado na divisa dos estados de Sergipe e Alagoas. Ela acredita 
              que há trabalho, pelo menos, para quatro gerações. 
              São centenas de sítios arqueológicos já 
              localizados para serem escavados, todos com vestígios da 
              pré-história brasileira. Apesar do reconhecimento 
              da importância cultural e histórica desse patrimônio, 
              Vergne alerta que a falta de recursos pode ameaçar as pesquisas, 
              um fantasma que, no momento, não ameaça a equipe, 
              que conta com patrocínio da Petrobras.
            
              
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                | Representação 
                    de comunidades que habitavam o Baixo São Francisco, 
                    há 9 mil anos. Crédito: A. Menezes | 
            
            Mais 
              de 55 mil pessoas já visitaram o acervo do MAX que conta 
              com esqueletos humanos, arte rupestre, material lítico, adornos 
              e cerâmicas descobertos durante as pesquisas arqueológicas 
              realizadas no Baixo São Francisco, onde há sítios 
              arqueológicos datados com mais de nove mil anos. 
             
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              A jornalista Adriana Menezes viajou com apoio da TAM (transporte 
              aéreo) e da Chesf (transporte terrestre)