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Estudo relaciona risco de doenças
cardíacas com o uso de anticoncepcionais

O uso de contraceptivos de baixa dosagem pode aumentar o risco de doenças cardiovasculares e ataques cardíacos. É o que afirma Jean-Patrice Baillargeon, do Centre Hospitalier Universitarie de Sherbrooke, de Quebec, no Canadá. O pesquisador realizou uma meta-análise, reunindo os dados de outras pesquisas publicadas em 2715 artigos entre janeiro de 1980 e outubro de 2002 e os resultados foram apresentados na 86a reunião anual da Sociedade de Endocrinologia que aconteceu em junho, em New Orleans, nos Estados Unidos.

Os estudos de meta-análise garantem um aumento na qualidade da análise estatística porque quanto maior o número de pessoas estudadas, menor a margem de erro. "Isso é especialmente necessário quando se estudam eventos raros, como ataques cardíacos e acidentes vasculares encefálicos em mulheres jovens", afirma o pesquisador do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Fernando Reis.

A maioria das pílulas contém estrogênio (etinil estradiol) associado a progestágenos variados. "A dose de etinil estradiol foi baixando de 100 mcg a 50 mcg, nas pílulas de 1a geração; depois abaixo de 50 mcg até 30 mcg, nas pílulas de 2a geração, e finalmente abaixo de 30 mcg, nos medicamentos de 3a geração, em que novos progestágenos foram introduzidos", explica Ruth Clapauch, presidente do Departamento de Endocrinologia Feminina e Andrologia da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. "No Brasil, as pílulas mais utilizadas são de dose média, chamadas de 2a geração, que controlam melhor o ciclo menstrual e são mais baratas", complementa.

No trabalho de Baillargeon, foi encontrado um risco de 1.8 vezes maior para infarto de miocárdio (IM) e 2.1 maior para acidente vascular cerebral (AVC), como o derrame. "Os contraceptivos de 2ª geração apresentaram um risco maior: 1.9 para IM e 2.5 para AVC. Já os contraceptivos de 3ª geração só tiveram aumento significativo de risco de AVC, que foi 2 vezes maior", explica Baillargeon. "Dobrar o risco pode ser relevante se o risco original for grande, como por exemplo, em pessoas que possuam obstrução coronariana e tromboembolismo. Mas pode ser irrelevante se o risco original for pequeno, como na maioria da população" ressalta Reis.

Para Reis, continua válida a premissa de que, de um modo geral, a pílula traz muito mais benefícios que riscos, mas cada pessoa deve avaliar o seu caso particular com orientação médica. Clapauch completa: "além do risco intrínseco da medicação, outros fatores se somam para levar à trombose venosa, entre eles o fumo, a obesidade, imobilização no pós-operatório, problemas ortopédicos, longas viagens ou varizes calibrosas. As mulheres devem evitar ou tratar esses fatores, suspender o anticoncepcional antes de cirurgias e durante imobilizações prolongadas". Clapauch lembra ainda que existem alternativas para contracepção como o DIU, o diafragma e camisinhas masculina e feminina.

Para Ballargeon, o uso de contraceptivos de baixa dosagem, quando restrito às mulheres saudáveis e por um período de tempo determinado, não deve aumentar de forma notável a incidência de doenças cardiovasculares. "Além disso, este risco é, provavelmente, compensado pelos benefícios da contracepção", afirma. Mas, em casos de uma exposição prolongada a estes contraceptivos em uma população de risco, como no tratamento para a síndrome de ovários policísticos, por exemplo, a incidência dessas doenças pode ser maior.

"Nesse caso, nossos resultados sugerem que o tratamento alternativo deve considerado. Outra alternativa para a contracepção deve ser considerada para outras populações de risco, como para as fumantes, hipertensas ou que possuam alguma síndrome no metabolismo", conclui Ballargeon.

Atualizado em 07/07/04
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