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Políticas públicas são urgentes para
evitar savanização da Amazônia

Na semana passada, pesquisadores brasileiros e estrangeiros reuniram-se na III Conferência Científica do Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera da Amazônia (LBA) para discutir os resultados mais recentes de pesquisas sobre a maior floresta remanescente do mundo. O principal desafio, segundo o coordenador científico do projeto, Paulo Artaxo, é transformar o extenso conhecimento científico acumulado em políticas públicas para o desenvolvimento sustentável da Amazônia.

Atualmente, cerca de 15% da Amazônia brasileira já foram desmatados, totalizando 615 mil km2 da área de 4 milhões de km2. Em 40 anos, as temperaturas foram elevadas de 1oC a 3ºC, principalmente nas áreas mais desmatadas. Os pesquisadores do LBA prevêem que, caso o índice de desmatamento seja mantido, uma parte dos 6 milhões de km2 que compõem a Amazônia deverá transformar-se em savana em um período que pode variar de 50 a 100 anos. A chamada savanização poderá ocorrer em uma área que varia de 60%, no pior cenário, a zero porcento, caso sejam implantadas medidas eficazes contra o desmatamento. Em um cenário intermediário, a transformação ocorreria de 20% a 30% do território amazônico.

Além de provocar a savanização da floresta, o desmatamento da mata ciliar de pequenas bacias poderá reduzir drasticamente o nível de oxigênio dissolvido na água e a inexistência de barreiras (árvores) e de sombra provocar o crescimento acelerado de gramíneas nativas. Esse efeito - ainda não conclusivo caso seja expandido em média e larga escalas - fará com que inúmeras espécies morram ou migrem para outras regiões. "O Brasil precisa diminuir as taxas de desmatamento, que são altíssimas, e implantar urgentemente políticas públicas eficientes para reduzir estas taxas", afirma Artaxo.

Outra constatação das pesquisas desenvolvidas pelo LBA é a alteração do mecanismo das chuvas como resultado das queimadas na floresta amazônica. Isso ocorre quando o fogo atinge uma parcela de floresta ou pasto e grande quantidade de partículas de aerossóis (partículas sólidas ou líquidas em suspensão) são emitidas para a atmosfera, alterando fortemente a formação de nuvens (leia notícia sobre o assunto). Consequentemente, há o desaparecimento da chuva em nuvens localizadas abaixo de 6 quilômetros de altura, o que diminui os índices pluviométricos e aumenta a estação de seca na região em até duas semanas. Este mecanismo acaba multiplicando os focos de incêndio e estendendo novamente o período das queimadas.

As conseqüências não ficam restritas à região amazônica. Parte da fumaça produzida nas queimadas desloca-se e permanece suspensa no ar, impedindo a chegada da radiação solar ao solo e dando origem a frentes frias que podem alterar o clima no sul do Brasil, Argentina, Paraguai, Atlântico Sul e Pacífico equatorial.

O evento, segundo o coordenador científico do LBA, é fundamental para a consolidação das informações científicas sobre o ecossistema amazônico. "Sem dúvida, o aumento do conhecimento cientifico sobre o funcionamento climático da Amazônia mudou muito a visão de sua importância para o clima de nosso planeta. A floresta é uma importante fonte de vapor d'água para o Brasil e outras regiões, contribuindo para a produção de chuvas", explica.

O LBA é uma iniciativa internacional liderada pelo Brasil para entender melhor o funcionamento climatológico, ecológico, biogeoquímico e hidrológico da Amazônia; o impacto das mudanças no uso da terra e as interações com o restante do globo terrestre. Anualmente os cerca de 800 pesquisadores ligados ao projeto reúnem-se para apresentar os últimos dados das pesquisas. Neste ano, compareceram representantes de instituições nacionais como o Inpa, o Inpe, a USP, a Fiocruz, a Embrapa, o Museu Emílio Goeldi, o Imazon e o Ibama, bem como de instituições internacionais, entre as quais compareceram a Nasa, o Instituto Max-Planck e as Universidades de Harvard, de Oxford, da Califórnia e de Cornell.


Leia mais sobre o assunto:
- Queimadas afetam a chuva na Amazônia

Atualizado em 05/08/04
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