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Inseminação artificial otimiza produção
do camarão cultivado

O Brasil é sexto maior produtor mundial de camarão marinho e o primeiro em produtividade por hectare, alcançando em algumas regiões, cerca de seis toneladas ao ano, enquanto a média mundial não ultrapassa a metade deste valor. Avanços nas técnicas de reprodução do camarão-rosa (Farfantepenaeus paulensis), realizada na Fundação Universidade Federal do Rio Grande (Furg-RS), possibilitaram o fechamento do ciclo de vida desta espécie em cativeiro, o que poderá representar a independência da captura de estoques selvagens em alto mar e implementar ainda mais a produtividade desta atividade no país.

A pesquisa de doutorado, realizada por Silvio Peixoto, analisou a relação entre os estágios de desenvolvimento e a performance reprodutiva de um grupo de camarões-rosa para facilitar o acompanhamento da maturação reprodutiva (do acasalamento à desova) e o planejamento da produção em laboratório. A inseminação artificial foi utilizada para suprir a ausência de cópula nos animais durante a maturação. "A técnica não é nova, mas foi aplicada pela primeira vez em escala comercial", explica Peixoto.

Tanque circular de concreto na sala de maturação de F. paulensis na Estação Marinha de Aquacultura, Furg, RS.

A inseminação artificial aumentou a quantidade de desovas fertilizadas em 60%. Como a performance reprodutiva das fêmeas inseminadas artificialmente não foi afetada pela ausência dos machos. Com isso, a técnica pode ser usada em tanques contendo apenas fêmeas, o que otimiza o sistema de maturação, favorece o aumento do número e do controle dos óvulos fertilizados.

O aumento da produção de pós-larvas (menor, mas semelhante ao adulto) da espécie F. paulensis em laboratório, de acordo com Peixoto, independente do estoque natural de reprodutores capturados em alto mar, o que pode levar a uma diminuição nos custos da atividade, a características mais uniformes de reprodutores, além de permitir o desenvolvimento de programas de melhoramento genético. Apesar desta produção ainda ser limitada e direcionada especificamente para os projetos de pesquisa que estão sendo desenvolvidos pela Estação Marinha de Aquacultura da Furg, o excedente de produção está sendo utilizado para atender a demanda dos interessados em utilizar as pós-larvas desta espécie, nativa da costa brasileira - desde Ilhéus na Bahia até o Mar Del Plata na Argentina - tais como: laboratórios de pesquisa em universidades brasileiras, projetos de iniciativa privada e fazendas de cultivo comercial.

A domesticação (criação em cativeiro) e a possibilidade de reprodução seletiva das espécies nativas pode trazer benefícios que incluem um fornecimento mais consistente de matrizes independente do estoque de reprodutores e uma melhor eficiência de produção, a qual resulta da seleção de animais com taxas mais aceleradas de crescimento ou mais resistes a doenças.

Dumping
Em 31 de dezembro de 2003, produtores americanos registraram queixa de dumping (vender camarão abaixo do preço de custo) contra o Brasil e outros cinco países. Em julho deste ano, o Departamento de Comércio dos Estados Unidos ampliou as restrições às importações de camarão do Brasil, Tailândia, Índia e Equador, impondo tarifas preliminares no valor de mais de US$ 1,6 bilhão, na tentativa de equiparar os preços aos de produtores locais. Para o Brasil, com base nas investigações em três empresas do Nordeste - Empaf/Netuno, de Pernambuco, Cida e Norte Pesca, ambas do Rio Grande do Norte - as sobretaxas vão de zero a 67,8%. Caso ela seja mantida, o Governo Federal recorrerá à Organização Mundial do Comércio (OMC).

Para Alex Augusto Gonçalves, coordenador do Grupo de Interesse do Pescado da Sociedade Brasileira de Ciência e Tecnologia de Alimentos, não se trata de dumping, pois as condições naturais favoráveis, técnicas adequadas de produção e o baixo custo de mão-de-obra permitem que o país exporte camarão a preços mais competitivos. "Acho que os produtores norte-americanos estão com medo de sair do mercado devido a sua baixa produtividade", acredita. As importações de camarão marinho cultivado naquele país cresceram 19,1% em relação ao ano anterior, chegando a 510 mil toneladas. A Associação Americana de Distribuidores de Frutos do Mar (Asda), que tem os importadores de camarão entre seus associados, se opõe à decisão dos EUA e alega que o problema da indústria local vem de sua própria falta de organização. De acordo com a Asda, a atividade no país atende apenas a 10% da demanda interna e caracteriza-se pela captura de camarões em alto mar.

A Comissão Internacional de Comércio (ITC), confirmará até o dia 31 de janeiro de 2005, se realmente existe a prática de dumping e se ela prejudica a indústria norte-americana. Apenas em 7 de fevereiro do ano seguinte, os importadores pedirão uma análise ao ITC sobre a intervenção.

Atividade em expansão

De 1997 a 2003, a produção nacional de camarão marinho cultivado saiu das modestas 3,6 mil para 91 mil toneladas ao ano. A área cultivada e a produtividade tiveram um crescimento de 296,6% e 540,4%, respectivamente. Segundo os dados da Secretaria Especial de Agricultura e Pesca da Presidência da República, o país possui, atualmente, 905 produtores registrados que cultivam camarão marinho em uma área total de 14.824 hectares. Os principais estados produtores são o Rio Grande do Norte, Ceará, Bahia, Pernambuco, Paraíba, Piauí e Santa Catarina.
Em nível mundial, a produção do camarão marinho cultivado em 2003 chegou a 1,3 milhão de toneladas, o que equivale a 33% do total que inclui o camarão criado em água doce e o obtido por meio da pesca extrativa. Os maiores produtores são os países do Sudoeste da Ásia, como a China, Tailândia, Vietnã, Indonésia e Índia
Atualizado em 26/08/04
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