Graça Mascarenhas, jornalista da Fapesp, morre em São Paulo

Faleceu hoje em São Paulo, aos 71 anos, a jornalista Maria da Graça Soares Mascarenhas, que desde 2002 atuava como gerente de comunicação da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). O velório ocorre até às 22 horas deste sábado, no cemitério do Araçá, seguindo depois para cremação na Vila Alpina.

Nascida em Salvador, BA, em 18 de dezembro de 1947, Graça iniciou o curso de Jornalismo na Universidade Federal da Bahia (UFBA) em 1969, depois de deixar a Escola de Sociologia e Política em Salvador, fechada no final 1968 por ato arbitrário da ditadura civil-militar. Logo se transferiu para a Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (USP), onde se graduou em jornalismo, profissão abraçada para toda a vida.

Sua trajetória jornalística inclui a passagem pelas redações da revista Visão, do jornal Estado de São Paulo, das revistas Globo Rural e Galileu, ambas da Editora Globo.

Segundo Mariluce Moura, conterrânea, amiga pessoal e colega de profissão, com quem trabalhou na Fapesp por muitos anos, “Graça era entusiasta dos projetos inovadores em jornalismo. E foi assim que participou da implantação do último projeto editorial da Revista Brasileira de Tecnologia (RBT), em 1989, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), uma bela aventura encerrada no começo de 1990 pelo governo Collor de Melo”.

Mariluce conta que foi também com o entusiasmo de sempre que a amiga aderiu em 1997, ao projeto de implantação da estrutura de comunicação da Fapesp, iniciado em 1995. “Ela foi uma figura chave na criação da revista Pesquisa Fapesp, em 1999 e, em julho de 2002, passou de gerente adjunta a gerente titular de comunicação da Fundação”.

Carlos Vogt, coordenador do Labjor, lamenta a morte da jornalista e comenta sobre sua relação com ela. “Eu a conheci quando, em 2001, fui designado para o Conselho Superior da Fapesp. No ano seguinte, e até 2007, assumi a presidência da fundação e de seu conselho. Durante este período, tivemos contatos constantes e fomos aprendendo, sem dificuldade, a nos respeitar, profissionalmente, e a nos querer bem, existencialmente. A equipe que Graça montou, e, elegantemente, coordenava, na Comunicação da Fapesp, tinha e tem a dinâmica do sempre melhor. Criamos juntos a Agência Fapesp de Notícias em 2003”.

A Revista e a Agência de Notícias são apenas dois dos projetos desenvolvidos ao longo desses anos de Graça na Fapesp. Entre relatórios, livros e outros projetos especiais. Ainda segundo Mariluce, Graça desenvolveu, até 15 de fevereiro passado, um trabalho monumental de inteligência, competência profissional e equilíbrio político, à frente de uma equipe de quase 30 profissionais de alto nível.

Um dos trabalhos bastante relevantes da instituição sob sua responsabilidade era o relatório anual de atividades da instituição, para o qual Graça contava com a colaboração intensa de Jussara Mangini Lima, também jornalista. “Foram quase 10 anos de trabalho direto com a Graça, como sua assistente. Nesse período construímos uma relação de parceria e confiança”.

Ela, que lamenta muito a perda, conta que a companheira era tímida, reservada, humilde e ponderada, além de ser um exemplo de dedicação e profissionalismo. “Era extremamente cuidadosa com a precisão das informações e com o acabamento da apresentação dos trabalhos”, acrescenta.

Jussara conta ainda que Graça tinha uma memória invejável e era uma excelente contadora de histórias, uma qualidade e tanto para uma profissional de comunicação. Diz ela: “Costumávamos brincar que se Graça não sabe ou não lembra ninguém mais sabe”.

A jornalista diz ainda que aprendeu muito com a chefe, que embora fosse exigente, tinha sempre um ombro amigo disponível. “Ela me ensinou muito, não apenas sobre a Fapesp, mas também sobre o país, sobre arte, teatro, literatura, política, sobre as relações humanas, sobre a vida. Manteve-se ativa e presente, apesar da saúde frágil, e sempre muito zelosa pela imagem da instituição e de sua equipe”.

Graça deixa uma filha, Mariana Mascarenhas Winnandy, o marido, Yves Leon Winnandy, também jornalista, seu companheiro desde 1972, e uma legião de colegas, amigos e admiradores. “Juntos ficamos, agora, todos os seus colegas e amigos, solidários, na despedida, e solitários, na sua ausência”, afirma Vogt.

Foto: Estúdio Baena