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Próxima reunião da Red POP será no Brasil


O Brasil vai sediar, em 2005, a próxima reunião da Rede de Popularização da Ciência e da Tecnologia na América Latina e Caribe (Red POP) e deverá enfatizar a contribuição da popularização da ciência para a inclusão social. Este será o quarto congresso da rede e promete reunir um número maior de redes e associações de museus e centros de ciência do que os eventos anteriores.

Segundo Paulo Ernani Gadelha Vieira, vice-presidente da Fundação Oswaldo Cruz e um dos idealizadores do evento, o encontro do Brasil deverá fortalecer as áreas de educação de ciências, mais especificamente os museus e centros de ciência e também as ações que visam sensibilizar os órgãos governamentais a efetivarem programas de educação de ciências no país. Nesse sentido, um dos grandes destaques da programação será uma atividade paralela ao congresso, uma semana nacional de C&T, incluindo todos os públicos: o pesquisador, o profissional de museus e centros de ciência, os jornalistas e os educadores. A organização do evento pretende que a atividade envolva também o público não especializado, usuários dos centros e museus, que se interessem em participar.

O tema inclusão social deverá ser o mais enfatizado durante o congresso. A contribuição e a importância do sentido social da ciência deverão ser debatidos, ressaltando-se como os produtos e processos da ciência e tecnologia podem e devem promover essa inclusão. Entre as questões a serem debatidas, ainda segundo Vieira, estão o acesso à saúde, à instrução, ao lazer, à cultura e a um ambiente saudável. "Pretende-se encontrar caminhos que levem o divulgador e o pesquisador de ciência a colaborar com todos cidadãos, para que eles possam exercitar inteiramente seus direitos na sociedade", acrescenta.

Para o encontro, espera-se representantes de mais de 50 países. Nacionalmente, o público aguardado inclui representantes das áreas de divulgação científica, ensino de ciências, jornalistas e museólogos. O evento prevê algumas atividades abertas ao público em geral, tais como conferências, feiras e mostras de ciências. O evento será realizado graças à iniciativa do Museu da Vida e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

O primeiro Congresso Mundial de Centros de Ciência, realizado na Finlândia, em 1996, foi o esforço inicial para unir profissionais dos centros de ciência de todo o mundo e discutir a colaboração e o intercâmbio profissional. Reunindo pesquisadores a cada três anos, o congresso abriga grandes iniciativas.

O último encontro foi realizado em maio deste ano, na cidade de Leon, Guanajuato, México. O tema central das discussões foi a relação entre cultura científica e possibilidade de mudança social. Outros temas paralelos que permearam as discussões foram: educação não formal; museus e centros de ciência; produção de materiais; jornalismo científico e profissionalização da divulgação da ciência. Na reunião foi abordada também a necessidade urgente de renovar, estender e diversificar a educação científica, enfatizando a alfabetização científica e tecnológica para toda a sociedade.

Imagem retirada do folheto de divulgação do museu Universum, um dos museus de ciência do México.

Acredita-se que a ciência deve estar a serviço da humanidade, assegurando a todos uma compreensão mais profunda da natureza e uma melhor qualidade de vida, e deve ainda oferecer a gerações futuras uma sociedade mais justa. Pelo menos é essa a filosofia da Rede POP, que se orienta pela declaração de Santo Domingo, de março de 1999. A declaração é um documento elaborado pelos membros da Rede POP com o intuito de nortear as ações e atuações, implementando estratégias de popularização da ciência e da tecnologia. Apesar da falta de consenso entre os divulgadores com respeito às dificuldades que se apresentam, é unânime a idéia de que é importante incrementar o conhecimento científico da população, o que, nesses países da América Latina, encontra dificuldades como o grande índice de analfabetismo e o abandono escolar.

A Rede também instituiu o prêmio latino-americano de popularização da Ciência e da Tecnologia. Em três categorias Centros, Programas e Especialista. É o maior reconhecimento oferecido a um centro de ciência ou a um programa de divulgação ou a um especialista com uma destacada trajetória e projeção nacional e regional no campo da popularização da ciência e da tecnologia. Nesse último encontro, um brasileiro foi o ganhador, na categoria especialista, Ernst Wolfgang Hamburger, diretor da Estação Ciência, que recebeu o Prêmio Latino-Americano de Popularização da Ciência e da Tecnologia, em reconhecimento a sua atuação no ensino e na popularização das ciências.

Fundada em 1990, no Rio de Janeiro, durante o programa de Ciência, Tecnologia e Sociedade da Unesco, a Red POP congrega atualmente mais de 87 membros de 102 Programas e Centros de Ciência, de 15 países latino-americanos e mantém relações com centros de popularização de C&T em numerosos países como Espanha, França e Estados Unidos. A rede tem por meta promover o intercâmbio, a capacitação e o aproveitamento de recursos entre seus membros e agrupa também centros e programas de popularização de C&T, por meio de debates, troca de experiências e realização de atividades de pesquisas conjuntas. Seus congressos reúnem especialistas que tratam das possíveis formas de divulgar a ciência e discutem o entendimento sobre o seu papel.

Uma vez que essas discussões ainda são correntes, a Red POP mantém em sua página, um fórum de discussões desses temas que, inclusive, deverão ser retomadas na próxima reunião da Rede marcada para o período entre 10 e 15 de abril de 2005, no Rio de Janeiro, junto com o IV Congresso Mundial de Centros de Ciência (SCWC).

Mais informações sobre o Congresso na página do Museu da Vida.

 


(VC)

 
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Atualizado em 10/07/2003
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