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Fitoterapia é uma saída para reduzir gastos no sistema público de saúde

Num país como o Brasil, onde a população carente não só tem dificuldades para obter os medicamentos convencionais mas também adoece muito mais, o uso criterioso da fitoterapia no sistema público de saúde pode ser uma alternativa para a redução do custo dos medicamentos.

Enquanto na região Sudeste os medicamentos convencionais ainda são os mais prescritos pelos médicos, estados como o Ceará e a Paraíba desenvolvem algumas iniciativas bem sucedidas de uso de medicamentos não-convencionais.

A experiência mais antiga é da Universidade Federal do Ceará (UFCE) que em 1983 começou a implantar o programa Farmácias Vivas, sob a coordenação do professor José Abreu Matos. Seguindo as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS), o programa oferece assistência farmacêutica fitoterápica de base científica às comunidades mais carentes de Fortaleza, aproveitando as plantas de ocorrência local ou regional dotadas de atividade terapêutica comprovada.

O programa vem mostrando seus resultados. Dados de 1995 mostram, por exemplo, que para os casos de amebíase e giardíse (doenças parasitárias muito comuns) cápsulas de hortelã têm efeito comprovado e custavam, à época, R$ 0,96 enquanto que o medicamento convencional, Flagyl (da Rhodia) custava R$ 4,12. Outro exemplo é o xarope de cumaru-malvariço-hortelã japonesa, utilizado como broncodilatador e expectorante, que custava R$ 1,30 ao passo que o Aerolin (da Glaxo) custava R$ 2, 17.

O Farmácias Vivas de Fortaleza já se tornou referência para outras faculdades de Farmácia do Nordeste brasileiro. Em 1998, a Universidade Federal da Paraíba (UFPB), após 10 anos de pesquisas com fitoterápicos, começou a implantar o projeto no seu hospital universitário, com financiamento da Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Em breve estará sendo iniciado atendimento ambulatorial, no qual serão feitas avaliações clínicas de uma planta com propriedades broncodilatadoras. O nome da planta por enquanto é segredo, pois, segundo a professora Rinalda A. G. de Oliveira, da Faculdade de Farmácia, a universidade pretende patenteá-la.

Outra iniciativa é a da Secretaria de Saúde do Estado da Paraíba que a partir de 1998 começou a implantar o Programa de Alternativas Alimentares, Terapias Complementares, Homeopatia e Acunpuntura (PROACHA), sendo que a fitoterapia está contemplada dentro das terapias complementares.

Os médicos, de modo geral, aceitam bem a fitoterapia, mas não a prescrevem por falta de conhecimento técnico, fruto de uma educação deficiente nessa área, conforme mostrou uma consulta realizada pela Secretaria de Saúde. Para suprir essa demanda, as universidades Federal e Estadual da Paraíba já oferecem a disciplina de fitoterapia para alguns cursos da área de saúde.

Trabalho Interdisciplinar - Implantar a fitoterapia no sistema de saúde não é um trabalho fácil, pois envolve diversos profissionais, como médicos (para prescrever), farmacêuticos (para manipular) e agrônomos (para planejar o cultivo das plantas), entre outros. Além disso, é necessário conhecimento técnico sobre as plantas, seus efeitos terapêuticos e tóxicos, parte utilizável, via de administração e um bom banco de dados de referências bibliográficas. Tudo isso só é possível através da pesquisa contínua, desenvolvida dentro das universidades.

Tão importante quanto a pesquisa é a divulgação e o ensino da fitoterapia nos cursos de graduação da área de saúde, para que aos poucos vá se formando uma nova mentalidade, que proteja e ao mesmo tempo utilize o potencial da flora brasileira, colocando-o, de maneira mais acessível, à serviço da saúde.

Veja também qual o valor da flora medicinal para a economia do país.

   

 

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