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Folhas de Confrei

 

Usos e abusos da fitoterapia

Quando utilizados de maneira adequada, os fitoterápicos apresentam efeitos terapêuticos, às vezes, superiores aos dos medicamentos convencionais, com efeitos colaterais minimizados.

Um exemplo é a valeriana (Valeriana officinalis) que vem sendo usada no tratamento de insônia e que, ao contrário dos medicamentos convencionais, não provoca dependência nem tolerância. No entanto, se ingerida em grandes quantidades e por tempo prolongado, ela pode ser tóxica para o fígado.

A utilização inadequada dos fitoterápicos, como a automedicação, pode trazer uma série de efeitos colaterais. Entre os principais problemas causados por seu uso indiscriminado e prolongado estão as reações alérgicas, os efeitos tóxicos graves em vários órgãos e mesmo o desenvolvimento de certos tipos de câncer. Elisaldo Carlini, pesquisador da Unifesp, chama a atenção para a importância de educar a população, conscientizando-a sobre o uso adequado das plantas e medicamentos ditos naturais.

Artigo publicado na revista Archives of International Medicine (veja a bibliografia) mostra que 4% das causas de internação de pacientes em hospitais na Coréia do Sul é devida ao uso abusivo de plantas medicinais. O mesmo acontece em outros países asiáticos. No Brasil não há dados precisos, uma vez que problemas como esse não são de notificação obrigatória ao serviço de saúde.

Fitocomplexo - Os fitoterápicos, de maneira geral, possuem efeitos mais suaves, o que pode explicar a redução dos efeitos colaterais. Ao contrário dos medicamentos convencionais, que possuem quantidades conhecidas de princípios ativos isolados, ou seja, das substâncias responsáveis pelos efeitos, nos fitoterápicos os princípios ativos não são isolados. Eles coexistem com uma série de outras substâncias presentes na plantas. Em cada planta, apenas uma parte é utilizada para a formulação de medicamentos. A diversidade de substâncias existentes nessas partes é chamada de fitocomplexo, que é responsável pelo efeito terapêutico mais suave e pela redução dos efeitos colaterais. O efeito terapêutico da valeriana, por exemplo, só é atingido quando se administra o fitocomplexo. Quando o princípio ativo é administrado isoladamente, não há efeito significativo.

Qualidade dos medicamentos - O crescimento do mercado de fitoterápicos e seu uso indiscriminado, baseado na crença de ausência de efeitos colaterais, têm gerado certa preocupação entre os cientistas. Vários artigos publicados na Archives of International Medicine, mostram que a maioria das plantas medicinais e chás vendidos no mundo não é licenciada, ou seja, está à disposição dos consumidores de maneira clandestina. Também falta regulamentação e controle de qualidade adequado para a comercialização. A maior parte desses produtos está no mercado sem nenhum critério científico.

Além disso, a automedicação é um grande problema, porque muitas pessoas utilizam plantas que crescem nos próprios quintais ou as coletam em terrenos baldios ou florestas. Eventualmente, essas plantas são confundidas com outras que possuem características semelhantes, como o mesmo tipo de folhas, flores, frutos, caules ou raízes.

As pessoas que se automedicam também desconhecem que a quantidade de princípios ativos contida nas plantas pode variar de acordo com a idade da planta, a época da colheita, o tipo de solo, a parte utilizada e as condições de estocagem. E as plantas que crescem muito próximas a rodovias apresentam concentração elevada de metais como chumbo, zinco e alumínio, entre outros, cujos efeitos podem ser indesejáveis.

O caso do confrei - Um exemplo marcante sobre efeito tóxico de plantas medicinais no Brasil está relacionado ao uso do confrei. No início dos anos 80 foi amplamente divulgado na imprensa que esta planta teria fantásticas propriedades terapêuticas para uma série de doenças, incluindo a leucemia e até mesmo o câncer. A partir daí, muitas pessoas passaram a ingerir suco de confrei (folhas com água batidas no liqüidificador) regularmente.

No entanto, estudos toxicológicos posteriores mostraram que o confrei possui uma substância extremamente tóxica para o fígado, o que acabou culminando na proibição de sua indicação para uso interno. Já quando usado externamente, o confrei apresenta excelentes propriedades cicatrizantes.

Mas uma das maiores vantagens da fitoterapia está na redução de custos...

   

 

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