O Poeta é um sonhador
   
 
Poema
Conflito e cultura
Freud na cultura brasileira
Cronologia

Fim do séc. XIX: efervescência científica
O que é a psicanálise
Maurício Knobel

Sonho, o despertar de um sonho
Fabio Herrmann
Freud e Jung: a cisão com o príncipe herdeiro
Ulisses Capozoli
Freud e Lacan
Marcia Szajnbok
Freud e Reich: duas matrizes
André Valente de Barros Barreto
A psicanálise no Brasil
Luiz Carlos Uchôa Junqueira Filho
Cartas freudianas
Mariza Corrêa
Psicanálise psicanalítica
Sílvio Saidemberg
Do começo ao fim
Daniel Delouya
Psicanálise e arte
Giovanna Bartucci
Coincidência ou Freud explica?
Carlos Vogt

Pré-história do sonho
Yannick Ripa

Homenagem a Hélio Pellegrino
Miriam Chnaiderman

 
Ontem

mais precisamente de madrugada

tive um sonho como um fotograma

vi um poema do começo ao meio e fim

completar-se diante de meus olhos adormecidos e atentos

instantâneos de simultaneidades

era um poema acabado inteiro fantástico

montagem de inversões conceituais inusitadas

armando o belo paradoxo que o fechava

tão inesperado quanto simples e correta a sua linguagem



sonhei depois que me acordara

do sonho do poema

quase nada retinha na memória

que sonhada

fugia de esquecer-se estranha num cubículo mesmo assim tive a vaga

impressão de que no texto corria

a mobilidade dos corpos na terra

o giro da terra no tempo

o tempo fluindo estático no poema

tudo pouco claro e sugerido muito mais mostrado do que dito

não sei por que sinal ali implícito

lembrou-me o nome Galileu para o seu título



tinha entretanto perdido o achado


abatido pela fuga do poema sonhei que adormeci novamente

e novamente sonhei com o poema

nele havia agora uns motivos de juventude e outros encantamentos
sociais

que não estavam - segundo o sonho - no primeiro

dessa vez fui mais profissional nas diligências da ilusão

sonhei que ao despertar fui procurar um lápis e umas pílulas

na falta de papel contentei-me com umas etiquetas de supermercado

picotadas e pequenas como selos escuras e sem brancos

aí anotei o poema que não me escapou nem sequer pelas vírgulas



adormeci feliz tendo ao lado da cama sobre o criado-mudo

o troféu de meus combates com o sono com as formas com a noite com os temas

lá estava enfim domesticado e vivo o poema dos meus sonhos



de manhã quando acordei tinha esquecido todos os poemas.

Carlos Vogt

   
           
     

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Atualizado em 10/10/2000

   
     

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