CARTA AO LEITOR NOTÍCIAS ENTREVISTAS REPORTAGENS RESENHAS CRÍTICA DA MÍDIA LINKS DE C&T CADASTRE-SE NA REVISTA BUSCA POR PALAVRA-CHAVE CARTA AO LEITOR NOTÍCIAS ENTREVISTAS REPORTAGENS RESENHAS CRÍTICA DA MÍDIA LINKS DE C&T CADASTRE-SE NA REVISTA BUSCA POR PALAVRA-CHAVE
 

 

Notícias da Semana

Notícias Anteriores

Eventos
Abril
Maio

Junho
Julho

Divulgue
seu evento


 



Produção de castanha-do-brasil cai e de soja aumenta


Biscoito, farinha, óleo-de-castanha, sabão, sabonete, leite-de-castanha, sorvete e madeira. Esses são alguns dos produtos que as sementes de castanha-do-brasil, ou castanha-do-pará, como é popularmente conhecida, podem gerar quando beneficiadas. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a região amazônica é responsável por 98% da produção nacional da castanha, atividade que reúne aproximadamente um milhão de pessoas só no território amazônico. Mas apesar da sua importância para a economia regional, a produção da castanha-do-brasil está caindo. Neste ano, a Bolívia assumiu o posto, antes brasileiro, de maior exportador mundial desse produto.

A produção total da castanha-do-brasil, de acordo com dados do IBGE, caiu de 33.431 toneladas, na safra de 2000, para 27.389 toneladas em 2002, o que representa uma redução de quase 20% em dois anos. Para a engenheira florestal Marilia Locatelli, pesquisadora da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) de Rondônia, a queda na produção de castanha-do-brasil na região amazônica está relacionada à falta de incentivos governamentais aos produtores extrativistas e aos problemas nas organizações cooperativistas, principais responsáveis pela extração da castanha. "É uma grande perda na economia local, principalmente no aspecto social, porque os produtores extrativistas têm sua vida baseada neste cultivo", afirma Locatelli.

Para o pesquisador Manoel Ricardo Vilhena, as cooperativas devem superar a simples atividade de extração de matéria-prima. "Nesse estágio, não há internalização de conhecimento, especialização de mão-de-obra e verticalização do processo produtivo na comunidade", afirma Vilhena, autor da dissertação "Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento na Economia da Castanha-do-Brasil", defendida no mês passado, no Departamento de Política Científica e Tecnológica, da Unicamp. "Assim, as cooperativas conseguirão diversificar os produtos originados da castanha-do-brasil e concorrer com o mercado externo", conclui.

Vilhena acredita que o reaquecimento do extrativismo na Amazônia depende da formulação de uma estratégia de desenvolvimento da economia em unidades de conservação extrativistas, baseadas na diversificação da produção e modernização da estrutura produtiva do extrativismo, na garantia de infra-estrutura econômica para a produção e no fortalecimento e implantação de pesquisa aplicada ao desenvolvimento de produtos advindos da biodiversidade. "Para se traçar uma estratégia de desenvolvimento regional deve-se elevar os investimentos em pesquisas e tecnologias apropriadas, realizadas pelo setor público ou por empresas privadas", afirma o pesquisador.

Um exemplo da falta de pesquisa na região é o leite-de-castanha, ainda não industrializado, que poderia ser uma alternativa ao óleo da castanha e ao leite-de-côco (que é, em grande parte, importado). "O leite-de-castanha ainda é produzido de modo caseiro e pontual", diz Vilhena.

Para o pesquisador, os diversos programas e planos de desenvolvimento regional voltados para a região amazônica (que começaram a surgir em 1966 com a "Operação Amazônia") são contraditórios e não promoveram o desenvolvimento da economia regional. "O objetivo desses planos sempre foi a modernização por meio de importação de tecnologias, desvinculadas da economia regional e local", afirma.

Além da falta de incentivos governamentais, a queda da produção da castanha-do-brasil, de acordo com Locatelli, pode estar relacionada ao desmatamento na região amazônica e consequente redução das áreas de plantio da castanheira para dar espaço a novas culturas, apesar da proibição de corte de exemplares nativos. Uma nova cultura que está ganhando espaço na região amazônica, incentivando o desmatamento, é a da soja. "Já existe soja plantada no sul de Rondônia e do Amazonas, principalmente no município de Humaitá (AM)", informa a pesquisadora. A cultura da soja normalmente é plantada em áreas de cerrado ou em locais já desmatados. De acordo com o IBGE, estima-se um aumento de pelos menos 13% na produção de soja em relação ao ano passado, o que coloca a soja como a terceira cultura cuja produção mais cresce no país, depois do arroz e do algodão em caroço.

A Embrapa de Rondônia está realizando experimentos em áreas onde foram plantadas castanha-do-brasil, como no município Machadinho d'Oeste, que desde 1987 tem um campo experimental da variedade. Está sendo estudada a possibilidade da árvore de castanha-do-brasil ser utilizada para reflorestamento na região amazônica.

Atualizado em 15/04/04
http://www.comciencia.br
contato@comciencia.br

© 2001
SBPC/Labjor

Brasil