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Missão espacial deve encontrar até 60 planetas
do tipo da Terra

Os pesquisadores envolvidos na missão espacial Corot esperam encontrar cerca de 30 a 60 planetas telúricos, ou seja, semelhantes à Terra, fora do Sistema Solar. É o que revela José Renan de Medeiros, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e principal co-investigador do comitê brasileiro na missão. O satélite, cujo nome é sigla para "Convection Rotation Transit of Planets" e também uma homenagem ao pintor francês Jean-Baptiste Camille Corot (1796-1875), será lançado em 2006. A missão, liderada pela França, conta com a participação do Brasil, Alemanha, Áustria, Bélgica, Holanda e Espanha.

"Corot irá descobrir um grande número de planetas fora do Sistema Solar e, mais importante ainda, pela primeira vez na história da humanidade, planetas do tipo da Terra (isto é, rochosos) onde a possibilidade de existir vida é muito maior", explica Eduardo Janot Pacheco, professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP e principal investigador do comitê brasileiro. "O satélite vai também fazer avançar muito nosso conhecimento sobre a evolução e a estabilidade de estrelas como o Sol, conhecimentos que são vitais para nós", complementa.

Pacheco conta que não existem indícios observacionais sobre a existência de planetas telúricos fora do Sistema Solar, "mas nossas teorias sobre a formação de planetas prevêem que eles se formem". Ele explica que a totalidade dos mais de cem planetas extrasolares descobertos até hoje é de gigantes gasosos. Isso porque a maneira atual de detectar planetas extrasolares se baseia na perturbação gravitacional que eles exercem sobre as estrelas em torno das quais gravitam (seus "sóis"). Dessa maneira, apenas os planetas de grande massa são observados. E os planetas de grande massa são sempre gasosos. "O satélite será capaz de detectar a diminuição na luz da estrela, causada pela passagem de um planeta do tamanho da Terra pelo disco da estrela, o que chamamos de trânsito do planeta em frente a sua estrela", esclarece Pacheco.

Os dados enviados pelo satélite serão recebidos por duas estações terrestres. Uma delas fica na cidade de Villafranca, perto de Madri, na Espanha. A outra, em Natal, no Rio Grande do Norte, na base do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). De acordo com os pesquisadores, as duas cidades foram escolhidas devido às suas localizações geográficas, estratégicas em relação à trajetória do satélite em torno da Terra. Com a base brasileira, a capacidade de observação do satélite vai passar de 40 mil para 60 mil estrelas.

A antena de rastreio e recepção de dados do satélite Corot em Natal é idêntica àquela instalada em Villafranca. "Uma diferença, no entanto, existe no procedimento global dedicado à missão, uma vez que apenas em Natal será efetuado um monitoramento efetivo das influências da alta-atmosfera terrestre sobre os sinais do satélite", conta Medeiros.

Participação brasileira
Além de disponibilizar a antena receptora de dados em Natal, o Brasil tem engenheiros e cientistas trabalhando em laboratórios franceses no desenvolvimento de softwares e aparatos para rastreio do satélite, recepção e tratamento de dados. Ao todo, são cerca de 70 brasileiros participando da missão. Segundo Medeiros, cinco brasileiros coordenam grandes grupos temáticos de pesquisa dentro da missão Corot, que vão desde a busca por planetas telúricos até o estudo de oscilações estelares. "O Brasil, devido em particular à posição estratégica de Natal, participa da missão tendo os mesmos direitos de exploração de dados e estudos dos outros países membros do consórcio", revela.

De acordo com Pacheco, é a primeira vez que astrônomos brasileiros fazem parte, com direitos iguais aos dos parceiros europeus, de uma missão espacial científica. "Isso permitirá que tenhamos acesso a medidas astronômicas de altíssima qualidade, impossíveis de serem obtidas do solo", afirma o investigador.

Após o lançamento do satélite, o Brasil deverá participar de todas as fases da missão científica. Pacheco acredita que a participação mais importante dos brasileiros será através da interpretação dos dados colhidos pelo satélite. "Iremos descobrir ou participar da descoberta de planetas habitáveis e dos estudos sobre a estabilidade das estrelas. Isso será feito através de dados do satélite sobre os quais os brasileiros terão prioridade e também de colaborações científicas que temos estabelecido com diversos grupos europeus", conta. Segundo o pesquisador, essas colaborações abrirão oportunidades para que os cientistas brasileiros realizem teses e pós-doutoramentos nos países europeus que participam da missão.

Para Medeiros, "ter a oportunidade de estar presente nesta odisséia é algo extraordinário para o Brasil, já que a missão Corot representa um salto científico, qualitativo e quantitativo enorme, cuja real dimensão ainda não pode ser estimada. Além disso, o Brasil está tendo também a oportunidade ímpar de treinar jovens engenheiros e cientistas em áreas de ponta, com a perspectiva de transferência de tecnologia avançada para a área das ciências espaciais brasileiras".

No Brasil, além da USP e da UFRN, estão envolvidas na missão Corot as universidades federais do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Rio de Janeiro e Minas Gerais, o Inpe, o Observatório Nacional do Rio de Janeiro, o Laboratório Nacional de Astrofísica (MG) e a Universidade Mackenzie (SP).



 

Atualizado em 03/05/04
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