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Aumento da frota de carros na China deve ser planejado

O aumento de veículos no país mais populoso do mundo poderá trazer sérios impactos ambientais e no tráfego. A China aumentou sua produção de automóveis em 70% em 2003 - enquanto nos países ocidentais esse número se manteve entre 3 e 4%. Com isso, estima-se que já em 2004, o país ultrapasse a Alemanha e torne-se o terceiro maior produtor mundial de automóveis (depois do Japão e dos EUA). Atualmente, o país é responsável por 8,3% do total de emissões de gás carbônico em todo o mundo.

"Os carros consomem recursos energéticos não renováveis, geram uma grande quantidade de poluentes que trazem dano à saúde humana, representam uma das causas importantes de morte por acidentes e contribuem para o aumento da concentração de gases na troposfera [primeira camada atmosférica a partir do solo], o que poderá alterar o clima da Terra", afirma Américo Kerr, pesquisador do Instituto de Física da USP.

No caso da China, há ainda um agravante: mais de 80% da energia elétrica produzida no país provém de usinas termoelétricas, que é uma das formas mais poluentes de obter energia. O aumento da produção das indústrias automobilísticas culmina num crescimento de energia elétrica para a manutenção dessa indústria e, com isso, mais poluentes serão emitidos.

Estima-se que o país produzirá neste ano aproximadamente 5,6 milhões de veículos e pode chegar a 10 milhões por ano antes de 2010. Para Kerr, o grande número de automóveis simboliza sociedades que despendem recursos energéticos, minerais e ambientais, mas não atentam para suas conseqüências. "O crescimento da frota de veículos na China é mais um sinal de que o país está se aproximando deste modo de vida consumista, pernicioso à vida humana e ao meio ambiente em geral", afirma.

Kerr acredita que a preocupação com o aumento do uso de carros no país não deve desviar a atenção para o tratamento global que este problema exige e que deve atingir especialmente as nações industrializadas, particularmente os EUA. As emissões chinesas ainda são 11 vezes menores que as norte-americanas, lembra o pesquisador, embora tenha uma população de cerca de 1,3 bilhão de habitantes.

Gigante oriental
Grande parte da produção chinesa de automóveis concentra-se nas empresas multinacionais, que deverão investir cerca de 10 bilhões de dólares no setor nos próximos três anos. Em 2003, a General Motors aumentou em 50% a produção de veículos para atender à demanda. Já a matriz da Volkswagen anunciou, em novembro do ano passado, que produzirá dois milhões de carros na China até 2007.

Além da produção interna, o país também está investindo nas importações para atender sua demanda. Em janeiro deste ano, as tarifas sobre os carros importados no país foram reduzidas de 43% para 37,6% (para carros com motor de 3.0) e de 38,2% para 34,2% (para carros menores). Essas tarifas devem chegar a 25% em 2006, com base nos compromissos assumidos pela China junto à Organização Mundial do Comércio (OMC).

Cultura da bicicleta
Apesar do aumento da quantidade de carros nas ruas chinesas, o número de bicicletas continua alto - para cada automóvel existem 45 bicicletas, nas capitais -, o que vem causando uma série de acidentes. Na tentativa de amenizar a situação, a prefeitura de Xangai, a maior cidade do país, com 14 milhões de habitantes, anunciou uma restrição aos ciclistas, que ficam proibidos de andar em alguns trechos de avenidas centrais, em um total de 17,5 quilômetros. A idéia é que até 2006, os moradores da cidade só possam andar de bicicleta em ruas de menor movimento e nos bairros da periferia.

Segundo a engenheira de tráfego Suzana Kahn, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a decisão de restringir o uso de bicicletas vai contra as medidas que grande parte dos países desenvolvidos estão tomando. Em alguns países da Europa, por exemplo, existem pedágios para demarcar o uso das vias de circulação de carros e o uso da bicicleta é estimulado. "O ideal não é substituir este veículo pelo automóvel, mas adaptar seu uso, sem que se perca a cultura da bicicleta que existe na China", afirma a pesquisadora lembrando que alternativas, como as ciclovias, seriam necessárias para organizar o tráfego.



Atualizado em 09/02/04
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