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Governo federal oferece cursos virtuais para capacitação policial


O Ministério da Justiça lançou em novembro o Projeto SEAT – Segurança e Educação ao Alcance de Todos –, que pretende oferecer cursos a distância a 500 mil profissionais de segurança pública do país nos próximos três anos. Policiais federais, rodoviários, civis, militares, bombeiros e guardas municipais terão a partir de dezembro a oportunidade de se capacitar em diversas áreas em cursos virtuais.

Para a efetivação dos cursos, a Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça (Senasp), em parceria com a Academia Nacional de Polícia do Departamento de Polícia Federal, instalou 60 telecentros em todo o país, compostos de telesala, sala web, ambiente para acompanhamento de tutores e sala do servidor de rede, com a infra-estrutura necessária para teleconferências, videoconferências, treinamento baseado em computador, exibição de vídeos e filmes. Foram investidos no projeto R$ 12 milhões.

Os primeiros cursos a serem realizados serão sobre direitos humanos e cidadania, isolamento e preservação do local de crime, uso legal da força, atendimento a vítimas de violência, busca e apreensão, saúde mental, lavagem de dinheiro, análise criminal, tráfico de seres humanos e prevenção da criminalidade e violência. Cada turma está prevista pare ter até 40 alunos.

Segundo a pesquisadora Maria Cecília Martins, do Núcleo de Informática aplicada à Educação (NIED) da Unicamp, a iniciativa segue a atual linha de investimento do governo federal, que já lançou outros projetos com o intuito de cobrir a grande extensão territorial do país através do uso da educação a distância. Ou seja, para que a formação chegue a determinados locais de difícil acesso, há o uso da tecnologia para a difusão do conhecimento.

Para Maria Cecília, que atua na área de educação a distância, a iniciativa pode ser válida, desde que o conteúdo não implique no desenvolvimento de um conhecimento mais específico. Segundo ela, mais importante do que a escolha das ferramentas é a escolha da abordagem do ensino. “É interessante permitir a interação das pessoas que estão assistindo com outros grupos ou mesmo com os palestrantes, as pessoas que estão abordando o conteúdo”, afirma.

A pesquisadora explica que com a troca de informações, os alunos se sentem mais motivados a darem continuidade nos estudos. “Sem a comunicação, a pessoa fica ilhada”, continua. Maria Cecília afirma ainda que a falta de motivação dos alunos pode não ficar evidente em muitos contextos, principalmente na capacitação corporativa, porque muitas vezes, o aluno é obrigado a terminar o curso. “A desistência não se evidencia, mas a qualidade do que está sendo trabalhado e a incorporação do conteúdo não é bem sucedida”, completa.

O pesquisador Eduardo Batitucci, do Núcleo de Estudos em Segurança Pública (Nesp), da Fundação João Pinheiro, avalia positivamente a iniciativa dos cursos a distância promovidos pelo Ministério da Justiça. De acordo com Batitucci, as polícias brasileiras possuem estruturas de formação, especialização e acompanhamento muito diferenciadas “Há instituições com muita tradição e tecnologia educacional e existem instituições para as quais o ensino não é uma atividade a ser considerada”, observa. Batitucci acredita que a formação dos policiais interfere de forma definitiva na segurança pública do país e, por isso, algumas premissas deveriam ser levadas em consideração quanto à capacitação desses profissionais. “Deveríamos estar formando policiais na universidade. Esse conhecimento [que fundamenta a atividade profissional] deveria ser público, disponível e chacelado pela sociedade”, explica o pesquisador.

Batitucci considera que ainda não há um consenso sobre aquilo que a sociedade brasileira deseja que um policial saiba, que valores deve professar ou mesmo quais serão os limites colocados à sua atividade, seja de que organização for. Segundo ele, falta debate público para a questão e mesmo investimento federal sistemático na área, especialmente no que se refere à pesquisa científica. “Até hoje, não houve um edital específico para financiamento de projetos de pesquisa em segurança pública no CNPq, por exemplo, muito menos a criação de um fundo para financiamento regular de pesquisas”, reclama.

Atualizado em 02/12/05
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