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Teste de HPV pode ser aliado na prevenção de lesões no colo do útero


O câncer de colo de útero atinge meio milhão de mulheres todo ano e leva metade delas à morte. No Brasil, estima-se que em 2005, de cada 100 mil mulheres, mais de 20 serão vítimas dessa doença. Países desenvolvidos têm reduzido o número de casos de mortalidade através de programas de rastreamento que utilizam testes como o Papanicolau. Porém, o exame não é um método infalível, já que seu desempenho está relacionado com a qualidade dos recursos humanos envolvidos. Da colheita até a emissão e liberação do resultado pelo laboratório, o trabalho é manual, e em países em desenvolvimento como o Brasil, erros no diagnóstico podem aparecer em até 30% dos casos. Por isso, nem sempre se detecta a presença de um vírus que está associado a quase 100% das futuras lesões no colo do útero, o Papilomavirus Humano (HPV). Aliar os testes de detecção de HPV ao teste de Papanicolau pode ser uma alternativa para se descobrir mulheres que possuam um risco maior de contrair a doença. Essa é a proposta da tese de doutorado da médica Renata Gontijo, defendida em outubro, na Unicamp.

A pesquisadora estudou durante dois anos a incidência de alterações no colo do útero a partir da detecção de HPV, em mulheres inicialmente sem lesão nesse órgão. Ela observou que mesmo com o exame de Papanicolau negativo, se a mulher apresentava o teste de HPV positivo, o risco de ela desenvolver lesão no colo do útero após um ano era 50% maior do que uma mulher com HPV negativo. Após o seguimento de dois anos, o risco aumentou para 70%. Segundo a pesquisadora, esses números indicam a possibilidade de associar o teste de HPV ao Papanicolau, para que as mulheres pertencentes ao grupo de risco recebam acompanhamento, já que essa infecção pode preceder o câncer.

Para detecção do HPV, a pesquisadora utilizou o único teste comercializado para a prática clínica e capaz de detectar 18 diferentes tipos de HPV, conhecido como Captura Híbrida II (CH II). Esse teste ainda não é muito difundido, uma vez que seu custo é alto, em média US$ 50, mas é recomendado para mulheres acima de 30 anos, por órgãos internacionais de saúde como a Sociedade Americana do Câncer (ACS, na sigla em inglês) e o departamento americano para controle de alimentos e medicamentos Food and Drug Administration (FDA). Isso porque nas mulheres mais jovens, as infecções são transitórias, regridem espontaneamente e raramente desenvolvem alguma lesão. No Brasil, o CH II começou a ser indicado em 2005 para esse mesmo segmento da população. Porém, como o Sistema Único de Saúde (SUS) repassa aos laboratórios em média US$ 1 por citologia realizada, o uso do CH II ainda está restrito ao setor privado.

Essa pesquisa de doutorado faz parte de um estudo maior, financiado pelo Comitê Europeu de Pesquisa da Comunidade Européia, para testar opções de rastreamento do câncer de colo de útero nos países pobres, onde ocorrem 80% dos casos desse tipo específico de câncer. O Estudo de Rastreamento do Câncer na América Latina, (LAMS, na sigla em ingês), teve início em 2001 e abrange 12 mil mulheres das cidades de São Paulo, Campinas, Porto Alegre e Buenos Aires. Para a tese de doutorado, a pesquisadora selecionou 365 pacientes do Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (Caism-Unicamp), do Centro de Saúde de Santa Bárbara, também em Campinas, e do Hospital Maternidade Leonor Mendes Barros, em São Paulo. Os resultados parciais estão publicados no periódico Anticancer Research 2005 e foram encaminhados também para o European Journal of Obstetrics & Gynecology and Reproductive Biology.

A pesquisa ainda não pode ser um parâmetro para os órgãos de saúde nacionais, porque antes de um teste ser adotado para utilização em massa, são necessários grandes estudos populacionais que comprovem o desempenho e impacto na prevenção do câncer. De acordo com a pesquisadora, seus resultados apenas confirmam que o LAMS está no caminho certo para melhorar o rastreamento do câncer, uma vez que quando o teste de Papanicolau e o teste de HPV associados são negativos, o risco de lesão futura é praticamente inexistente.

O vírus HPV
Adquirido pelo contato sexual na maioria das vezes, o Papiloma Vírus Humano (HPV) vive na pele e nas mucosas genitais como vulva, vagina, colo de útero, e pênis. Com mais de 80 tipos, esse vírus pode causar de verrugas no corpo a lesões que, se não tratadas podem se transformam em câncer de colo do útero. Mas nem todas as pessoas com HPV desenvolverão um câncer, já que isoladamente esse vírus não é capaz de fazer com que uma célula sadia se torne cancerosa. A infecção pelo HPV é passageira em 80% dos casos. Os tratamentos atuais podem reduzir, remover ou destruir as lesões através de química, cirurgia ou estimulando a imunidade das células. Mesmo após o tratamento, o paciente deve continuar recebendo acompanhamento médico. A vacina para esse vírus ainda está em estudo.

Atualizado em 07/12/05
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