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Notícias sobre inundações do passado auxiliam no planejamento futuro de municípios

A análise do modelo de ocupação territorial adotado nas cidades e do histórico de inundações nos períodos de chuva intensa podem auxiliar na avaliação dos impactos ambientais causados pela urbanização. Esse foi o objetivo da pesquisa de Heloísa Ceccato, arquiteta e pesquisadora do Núcleo Integrado de Bacias Hidrográficas (NIBH) da USP de São Carlos. Por meio do levantamento de notícias de jornal sobre inundações e estudo sobre a evolução de áreas urbanizadas, ela conseguiu apontar medidas para o planejamento futuro de municípios, que podem servir de base para o plano diretor de cidades que sofrem com as fortes chuvas, como São Paulo, que todo início de ano tem prejuízos com alagamentos: no início de janeiro, houve registros de mortes e muitas famílias ficaram desabrigadas por causa de temporais.

"A avaliação do processo ocorrido até a atualidade tem como objetivo fornecer subsídios para a elaboração de medidas mitigadoras (amenizadoras). A metodologia pode ser aplicada em outros estudos de caso e, dessa forma, contribuir para que o processo histórico seja considerado nas tomadas de decisões para o planejamento futuro das cidades brasileiras", explica Ceccato. Ela utilizou dados sobre a urbanização, população e ocorrência de inundações e alagamentos, no período de 1940 a 2004, na bacia do rio Gregório, em São Carlos, município periodicamente atingido por alagamentos. O estudo apontou que a região analisada já se apresentava como área sujeita a inundações desde o início da expansão urbana dessa cidade na década de 1930.

Os resultados mostraram que a urbanização da bacia teve participação no aumento da freqüência e da intensidade de inundações e alagamentos. A urbanização gera impermeabilização do solo, ocupação de fundos de vale (áreas adjacentes aos rios ou córregos que ocasionalmente são inundadas pelas cheias) e de áreas alagáveis de rios e córregos urbanos. "As medidas amenizadoras dos impactos das inundações aplicadas nas cidades brasileiras se caracterizam pela realização de obras de caráter pontual e paliativo. As intervenções são geralmente ligadas ao conceito higienista, baseado no aumento da velocidade de escoamento das águas, como por exemplo, a canalização de córregos, prática muito difundida no Brasil", critica Ceccato. Sua pesquisa revelou ainda que as informações sobre o tempo de permanência de inundações ou alagamentos não costumam aparecer com freqüência nos jornais ou são tratadas de forma pouco precisa.

A pesquisadora explica que é necessário a implantação de sistema de alerta antecipado de inundações e adoção uma nova abordagem de drenagem urbana, como priorização de medidas que promovam a retenção de águas pluviais, que garante a reserva de água para uso posterior, além de deter a água da chuva para que ela não chegue muito rápido nas ruas e aumente a concentração de volume que gera mais alagamentos. Essa são medidas que mantêm a água dos rios e córregos mais tempo na bacia, ao contrário da canalização, que retira o mais rápido possível a água que fica sobrando na bacia hidrográfica. A pesquisadora aponta como exemplos de mecanismos de retenção de águas pluviais que podem ser instalados em lote domiciliar urbano: tanques de armazenamento de águas, poços de infiltração (profundos) e tubos de drenagem perfurados que permitem que a água seja drenada aos poucos e vá se infiltrando no solo.

Além disso, é importante incentivar a utilização das áreas de fundo de vale para construção de parques e espaços de lazer, garantindo a manutenção de áreas verdes, a permeabilidade do solo e a qualidade de vida da população. "A destinação de tais áreas para o lazer garante a não ocupação permanente da área com habitação e comércio [que ficariam sujeitos às inundações]", diz Ceccato.

Atualizado em 31/01/06
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