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O significado de tudo: reflexões de um cidadão-cientista
Richard P. Feynman

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Dir.: Michael Mann

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Resenha

O significado de tudo: reflexões de um cidadão-cientista

Richard P. Feynman
Gradiva, 2001, 129 pp

Por Alexandra Tavares

O olhar de um cientista sobre sua prática, de forma apaixonada e crítica. Isto é o que encontramos no livro de Richard Feynman, vencedor do prêmio Nobel de Física, em 1965. Dois anos antes, em abril de 1963, este 'cidadão-cientista' foi convidado a dar uma série de três conferências sobre a relação ciência-sociedade, na Universidade de Washington. Elas trazem uma perspectiva tão interessante sobre o tema que, alguns anos após seu falecimento, foram transformadas em livro, talvez uma de suas maiores contribuições para a prática científica.

O tema comum a todas as conferências é a liberdade de pensamento. Feynman compreende a possibilidade de exercermos o nosso raciocínio crítico como a verdadeira liberdade de pensamento. E é exatamente o que ele faz ao colocar em questão a própria ciência. Para que se possa ampliar o conhecimento e para que o fruto deste conhecimento seja revertido em melhorias para a sociedade, deve-se exercer a liberdade da dúvida.

"Sinto a responsabilidade de proclamar o valor dessa liberdade e de ensinar que não devemos temer a dúvida, mas antes devemos acolhê-la como a possibilidade de um novo potencial para os seres humanos. Se sabemos que não temos a certeza, temos a possibilidade de melhorar a situação. Quero exigir esta liberdade para as gerações futuras".

Na primeira conferência - "A incerteza em ciência" - Feynman discute o impacto da ciência em outras áreas do conhecimento. Ele fala sobre a natureza da ciência, enfatizando a existência da dúvida e da incerteza: "Aquilo a que hoje chamamos conhecimento científico é, pois, um conjunto de afirmações com diversos graus de certeza. Algumas são muito incertas, outras são quase certas, mas nenhuma é absolutamente certa. Os cientistas estão habituados a isso". Feynman discute ainda a visão da sociedade sobre o cientista e o efeito da ciência na sociedade. Para ele, a ciência não é isenta, e sim parcial. E pode ser aplicada tanto para o bem, como para o mal. Porém, segundo o autor, este é um problema humano e não científico.

O segundo capítulo discute "A incerteza nos valores" sob uma ótica política: a ciência como poder. Aqui, ele analisa o impacto dos pontos de vista científicos nas questões políticas e a relação entre ciência e religião. Feynman se opõe a quaisquer crenças que levam a sociedade a uma suposta verdade absoluta, seja ela religiosa ou política. Na sua opinião, tais crenças impossibilitam a busca do conhecimento.

Na terceira e última conferência o autor argumenta que "Esta época não científica". Segundo Feynman, vivemos uma época em que a ciência é tão importante para a sociedade quanto a arte, a literatura e a atitude e compreensão das pessoas. Portanto, ele não acredita que seja, "de modo algum uma época científica". Neste capítulo, Ele analisa também o modo como a sociedade vê o cientista e, portanto, como ele próprio acredita ser visto.

Apesar das conferências terem sido proferidas em 1963, seus temas permanecem bastante atuais. Aliás, ao se apresentar para a platéia, Feynman já alerta o leitor: "As idéias que pretendo expor são antigas. Não há praticamente nada do que vou dizer esta noite que não pudesse ter já sido dito pelos filósofos do século XVII. Por quê repeti-lo? Porque todos os dias nascem novas gerações".

Saiba mais sobre Feynman: http://nobelprize.org/physics/laureates/1965/feynman-bio.html

Atualizado em 10/11/2004

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