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                             Sabe-se  que o Brasil, embora em números tenha melhorado o seu desempenho, nos últimos  anos, não vai bem quando os nossos estudantes são confrontados com exames de  avaliação da qualidade do ensino no país em comparação com outros países do  mundo. Basta olhar para o que acontece a cada três anos com o Pisa (Programa  Internacional de Avaliação de Alunos) que tem feito repetir, com pequenas  variações, resultados medíocres dos nossos jovens quando confrontados com as  avaliações de desempenho em leitura, matemática e ciências.
 De  qualquer modo, também no mesmo afã de produzir indicadores e padrões de  referência para o ensino, o Brasil vem desenvolvendo, mais sistematicamente,  desde a segunda metade dos anos 1990, uma série de programas de avaliação com  destaque e relevância nacionais. 
Assim,  o Exame Nacional de Cursos mais conhecido como Provão (ENC-Provão) teve como  objetivo avaliar os cursos de graduação oferecidos pelas nossas escolas de  ensino superior e funcionou, aplicado pelo Inep, de 1996 a 2003, quando foi  substituído pelo Enade (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes), com os  mesmos propósitos do programa anterior, mas com diferenças metodológicas que  justificariam a substituição. 
Mas,  talvez, a avaliação de maior impacto social no país seja o Enem – Exame  Nacional do Ensino Médio, que teve início em 1998 com a inscrição voluntária de  157,2 mil estudantes para, nos anos seguintes, conhecer, a cada edição, um  número cada vez maior de inscritos em todo o país, a ponto de, em 2014, este  número chegar a 8.7 milhões. 
O  Enem passou a ser a principal modalidade de acesso ao ensino superior do país,  constituindo-se não só como requisito de ingresso como também em instrumento de  aferição da qualidade das escolas de nível médio no Brasil. 
Como  passou a ser requisito para o Sisu – Sistema de Seleção Unificada, tornando-se,  desse modo, a principal via de acesso às universidades públicas, como  constituiu-se também em critério para a distribuição de bolsas do Prouni e para  a seleção do Ciência sem Fronteiras, além de condição para o Fies e o Pronatec,  o Enem foi, embora pressupondo a participação voluntária dos estudantes,  impondo-se como obrigatório como caminho institucional necessário ao ingresso  de nossos jovens no ensino superior e nos programas que lhe dão suporte e nos  que ampliam o seu alcance e seus horizontes de vivências educacionais e  existenciais. 
Algumas  importantes universidades mantêm os seus próprios vestibulares, como é o caso  da USP, da Unicamp e da Unesp, no estado de São Paulo. Mas o fato é que a  tendência geral, para as provas de seleção de ingresso, é a da unificação e da  nacionalização dos exames. 
É  uma boa tendência? Será bom para o ensino e para os nossos jovens estudantes?  Será bom para os educadores e para a pátria educadora, como quer o lema do  governo? O que mudou nesses anos dos exames nacionais? Estamos melhores do que  estivemos? Ou ao menos estamos mais bem preparados para melhorarmos a qualidade  de nosso ensino e de nossos estudantes? 
Este  número da ComCiência procura  contribuir para a formulação destas e de outras perguntas que possam ajudar o  leitor a compreender e a participar do grande desafio da educação para o país. 
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