  Imagem: Zuza Blanc
 
 
 
 O  núcleo Arte  e Ciência no Palco prorrogou até 29 de março a encenação de “Insubmissas –  mulheres na ciência”, em cartaz desde janeiro deste ano no Teatro  de Arena Eugênio Kusnet,  na região central de São Paulo. A peça aborda a trajetória e a  contribuição de quatro cientistas de tempos e nacionalidades  diferentes: a polonesa radicada na França, Marie Curie, duas vezes  ganhadora do Prêmio Nobel, em 1903 e 1911; a biofísica britânica  Rosalind Franklin, cujo mapeamento das moléculas de DNA ajudou a  descobrir, posteriormente, a sua dupla estrutura helicoidal, o que  rendeu a seus pares – não a ela – o Nobel de Medicina, em 1962;  a bióloga brasileira Bertha Lutz, pesquisadora do Museu Nacional, no  Rio de Janeiro, a partir dos anos de 1920, e também uma das  primeiras lutadoras pelos direitos femininos no país; e a filósofa  e matemática Hipácia de Alexandria, morta apedrejada por fanáticos  cristãos no século V. 
  Em  cena, as personagens são despertadas por uma voz masculina, em um  cenário no qual pedras estão sustentadas por cordas, para falarem  das dificuldades de produzirem conhecimento em ambientes  predominantemente masculinos e patriarcais. Trata-se de uma peça que  ressalta, segundo o dramaturgo Oswaldo Mendes, a insubmissão de  cientistas a espaços machistas e hostis: “A peça é sobre  mulheres que disseram não. É sobre insubmissas que se negaram a se  enquadrar. A única presença masculina em cena é uma voz em www.cyunibyo.com,  que é a minha, a voz do autor. Reuni quatro personagens no palco com  o objetivo de falar sobre seus feitos na ciência, mas, quando fiz  isso, não havia como fugir dos preconceitos que essas cientistas  sofreram na carreira”.  
  Os  episódios sobre Marie Curie, por exemplo, dramatizados pela atriz  Selma Luchesi, mostram a sua angústia pela rejeição da cátedra na  Academia de Ciências de Paris e pelo escândalo, replicado pela  imprensa, de um suposto caso amoroso da cientista com o físico Paul  Langevin. “Se Madame Curie fosse um homem que tivesse tido um caso,  ninguém falaria sobre isso. No mesmo dia em que ela ganhou seu  segundo prêmio Nobel, saía a notícia de que ela era uma  destruidora de lares. Isso ficou mais importante. É cruel. É  teatral”, analisa o autor da peça.  
  Parceria  entre arte e ciência                        Imagem: Zuza Blanc
  
  O  núcleo Arte  e Ciência no Palco, da  Cooperativa Paulista de Teatro, nasceu com o espetáculo “Einsten”,  que estreou no Brasil em 1998 como parte de um projeto montado para  discutir questões relativas ao conhecimento humano e, em especial,  às ciências naturais. Carlos Palma, diretor, cenógrafo e um dos  criadores da companhia, ressalta que o projeto foi construído a  partir de pesquisas e parcerias com universidades e centros de  pesquisas com o objetivo de desvendar o universo científico e suas  relações com a política, com a economia e com a sociedade. O  próprio processo de criação dos espetáculos pressupõe  aprofundamento do assunto, como ressalta Palma: “A gente busca  todas as referências do tema ou do personagem a partir de conversas  com professores, cientistas e pessoas ligadas a esse conhecimento.  Então, a gente tem hoje um relacionamento grande com a Unicamp, com  a USP e com a UFRJ, três das principais fontes de pesquisa para a  nossa criação”, explica.  
  Em  17 anos de existência, o grupo já montou mais de 15 espetáculos,  incluindo os premiados “Einsten” (1998), “Copenhagen” (peça  encenada em 2000 que discute a questão nuclear) e o infanto-juvenil  	“Big Big Bang Boom” (2010). As peças costumam explorar o lado  histórico e humano dos cientistas e discutir as responsabilidades da  ciência na sociedade. Em Insubmissas, o espectador, ao mesmo tempo  em que conhece os inventos de quatro cientistas, emociona-se com suas  histórias. Por conta das comemorações do Mês da Mulher, a  companhia promete surpresas nos espetáculos.  
  Ficha Técnica 
  Espetáculo de Oswaldo Mendes |  Direção e cenário: Carlos  Palma |  Elenco: Adriana  Dham, Leticia Olivares, Monika Plöger, Selma Luchesi, Vera Kowalska,  Rogério Romera |  Iluminação: Rubens  Velloso |  Figurinos: Carolina  Semiatzh |  Produção: Núcleo  Arte Ciência no Palco da Cooperativa Paulista de Teatro. 
  Duração: 75  min |  Recomendação etária: acima de 12  anos 
  Teatro de Arena Eugênio  Kusnet. Rua Dr.  Teodoro Baima, 94, Vila Buarque 
  Até 29 de março | Sexta e  sábado, 21 h; domingo, 19 h | Ingressos: R$  20 (meia: R$ 10). 
  Às sextas-feiras mulheres têm entrada 
gratuita.
  
   
   
 
   
   
   
 
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