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  Vi escrito numa camiseta:  
 “Seja a pessoa que seu cachorro pensa  
 que você é”.  
 Perguntei-me se eu fazia jus  
 ao que os meus pensam de mim,  
 tentando entender, decifrar, ler  
 as intenções de seu humor e de suas  
 manifestações de afeto, de alegria, de espera  
 de impaciência, de necessidades e desejos,  
 seus silêncios e alaridos.  
 Não sei se interpretei bem  
 e me equivoco ao traduzir  
 para a linguagem humana  
 a sintaxe ruidosa e o espalhafato sonoro  
 da expressão de um sentido tão bobo e singelo  
 que era melhor não dizê-lo,  
 mas que, provocado pela insistência  
 do olhar e a mansidão do barulho,  
 que me recebem quando chego em casa,  
 é melhor dizê-lo do que guardá-lo, para perdê-lo:  
 ─ Se ainda não é, você tem a obrigação de ser  
 a pessoa que, com prazer, pensamos que você é!  
   
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