Enquanto  os atletas se concentravam nos golpes com a raquete durante as  partidas do Brasil  Open de Tênis – torneio que integra o circuito internacional da Associação de  Tênis Profissional (ATP) – pesquisadores ligados à Unicamp, cheap prom dresses e  Instituto Federal de São Paulo (IFSP) coletavam informações sobre  os movimentos em quadra. Utilizando filmagens, eles analisam as  variáveis cinemáticas, tais como posição e velocidade dos  jogadores, no projeto “Caracterização dos aspectos físicos,  técnicos e táticos do tênis”.
  É  a primeira vez que a coleta de dados a partir do rastreamento  automático de tenistas é feita em torneios de alto nível como o Brasil  Open.  Durante a 15ª edição do evento, realizada em fevereiro, oito dos  35 melhores jogadores do mundo disputaram partidas no Ginásio do  Ibirapuera, em São Paulo. “Já fizemos investigações em  campeonatos de níveis mais baixos. O Brasil  Open é o primeiro campeonato em que há atletas muito bem ranqueados, o  que nos dará novos parâmetros para pensar o treinamento em  diferentes níveis”, explica Felipe Arruda Moura, pesquisador do  Laboratório de Biomecânica Aplicada e professor da prom dresses 2015.
  O  sistema de rastreamento de atletas em campo utilizando câmeras e  softwares para análises de dados já é feito há mais de 10 anos no  futebol, a partir de projeto  pioneiro da Unicamp. “Por meio de algumas variáveis cinemáticas, que são  objetos de estudo da biomecânica, conseguimos obter informações  sobre a intensidade do jogo, que é uma questão física. Sabendo,  por exemplo, a posição do jogador na quadra em relação ao tempo,  é possível determinar a velocidade de deslocamento de cada  movimento, bem como os dados de sua aceleração”, ressalta Milton  Shoiti Misuta, coordenador do Laboratório de Instrumentação e  Biomecânica da Faculdade de Ciências Aplicadas da Unicamp, onde é  docente.
  Além  da posição dos jogadores em quadra, o rastreamento é capaz de  coletar dados relacionados à parte tática dos jogos. “Em qual  posição da quadra um jogador bate o forehand – golpe executado do mesmo lado do corpo em que segura a raquete?  Em qual posição a bola cai na quadra adversária? Essas e outras  perguntas podem auxiliar treinadores a pensar o jogo taticamente”,  completa Misuta. Com os dados obtidos no Brasil  Open,  por exemplo, o estudante Tiago Pereira, mestrando da UEL, fará uma  análise dos movimentos laterais executados pelos jogadores de alto  nível, em comparação aos atletas de níveis inferiores, durante a  partida. “Uma das nossas perguntas é se esses padrões de  movimentos laterais são semelhantes ou diferentes nos níveis que  analisamos, no caso dos juvenis, em campeonatos profissionais de mais  baixo nível, e agora no alto nível”, aponta Felipe Moura,  orientador do projeto. 
  As  informações coletadas ainda estão em fase de análise, mas Moura  já consegue apontar alguns indícios a partir dos quais se verifica  a diferença nos aspectos físicos de acordo com as categorias da  modalidade. “Se compararmos os dados coletados durante o Brasil  Open (ATP 250) com um torneio de nível mais baixo, percebemos que as  distâncias percorridas por game são cerca de 10% maiores no ATP 250. Outras informações que se  destacam dizem respeito ao número de deslocamentos laterais totais,  muito acima no ATP 250 em comparação a outros torneios analisados”,  afirma. Com as informações preliminares, os pesquisadores confirmam  a hipótese de que a preparação dos atletas necessita de protocolos  diferentes de acordo com os níveis. 
  Diferentes  áreas em jogo
  Estudar  o movimento dos atletas a partir de conceitos biomecânicos integra  diferentes áreas de conhecimento, como física, mecânica,  fisiologia, matemática, estatística e processos computacionais.  Estes últimos contribuem, em especial, para a coleta e para a  análise dos dados. “Em uma primeira etapa, coletamos as  informações por meio de câmeras posicionadas em locais  estratégicos da quadra. No caso do Brasil  Open,  usamos duas câmeras de forma a captar não apenas a quadra inteira,  mas toda a movimentação do jogador. E, para obter as imagens com  qualidade e com o mínimo de interferência, é necessário observar  alguns parâmetros técnicos, como filmadora com foco e controle de shutter manuais”, descreve Misuta.
  
  Câmera  capta movimentação de jogadores durante torneio de tênis. Imagem:  Milton Misuta.
  Depois  de filmados, os dados cinemáticos são coletados por meio de um  software aberto (open  source)  desenvolvido pela Unicamp. Em seguida, é feito o cálculo de  variáveis, como velocidade e aceleração, utilizando-se um pacote  matemático. “Por tratar-se de um programa aberto, é possível  melhorar ou acrescentar variáveis de acordo com as necessidades das  pesquisas”, ressalta o professor da UEL. 
  Enquanto  analisam os dados coletados, os pesquisadores já pensam em projetos  futuros, como meios de fácil compreensão para compartilhar com a  equipe técnica dos jogadores os dados coletados e processados.
 
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