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                             Encontrar  o capital inicial para criar uma startup,  empresa nascente com alto potencial de crescimento, nunca foi das  tarefas mais fáceis no Brasil. As altas taxas de juros cobradas  pelos bancos muitas vezes inviabilizam e desencorajam o empresário a  pegar um empréstimo no momento de criação da empresa. Encontrar um  investidor que banque todo o negócio também é uma tarefa  complicada, que só uma parte dos novos empresários consegue  realizar.
 Por  essas razões, muitos investidores e empresários saudaram como  benéfica a recente fundação de plataformas de crowdfunding de investimentos. Nessas plataformas, como a Broota,  a primeira a efetivamente funcionar no Brasil, investidores e  empresários podem se conectar a fim de viabilizar a criação de  novos negócios. Outras, como a EuSocio,  devem viabilizar parcerias em breve. A intenção desse tipo de crowdfunding é facilitar o contato entre quem tem uma ideia e quer construir uma  empresa, mas precisa de dinheiro, e quem deseja investir em empresas  nascentes. “A ideia nasceu da minha experiência como  empreendedor”, afirma Frederico Rizzo, fundador do Broota. “Também  trabalhei em uma empresa na qual notava nitidamente a necessidade  desse tipo de captação de recursos”, diz ele. 
O  modo como essas plataformas funcionam é bastante simples. O fundador  de uma startup entra no site e faz o cadastro. O próprio Broota, ou outra  plataforma nesse modelo, se encarrega de verificar se a empresa está  preparada para receber os aportes. Se estiver, o empresário pode  estipular o valor que precisa para rodar o negócio, e os  investidores que estão no site têm a possibilidade de alocar parte  de seu capital na empresa. 
Esse  capital só é entregue ao empresário se atingir, de fato, o valor  requisitado. Assim, se uma empresa estipula que precisa de R$ 100  mil, mas só consegue levantar R$ 80 mil, o dinheiro retorna para o  investidor. Se atingir o montante requisitado, o empresário ganha  acesso aos recursos. Até agora, a Broota conseguiu viabilizar  negócios de 14 empresas, que pediram um montante entre R$ 100 mil e  R$ 500 mil. 
Ao  alocar o capital, o investidor adquire uma participação na empresa  nascente. No caso específico do Broota, ele adquire títulos da  dívida da empresa, que podem ser convertidos, mais tarde, em ações.  Assim, se a empresa for bem e gerar resultados positivos, ele tem o  retorno do capital. Caso vá mal, perde o que investiu. No entanto,  se a empresa contrair dívidas, ele está protegido e não terá de  arcar com esse passivo adicional. “Quem paga pelas dívidas é a  própria empresa”, afirma Rizzo. 
Alto  risco 
Por  se tratar de empresas nascentes e que ainda não renderam os  resultados desejáveis, o investimento nelas é considerado de  altíssimo risco. Por isso, recomenda-se que o investidor não  aplique mais do que 10% do capital que têm disponível para  aplicações e que não aposte em uma só empresa. O ideal é  diversificar e escolher ao menos 10 empresas, de forma que, se uma startup for bem, o retorno gerado por ela banque o capital investido nas  demais. 
O  apoio que o investidor pode dar ao empresário está longe de ser  apenas monetário. Espera-se que ele possa atuar como alguém que  efetivamente quer ajudar a empresa, seja por meio de conversas  informais com os proprietários, seja por propagá-la para outros  públicos. Assim, muitas vezes, esses investidores são pessoas que  conhecem o mercado em que a empresa está, têm experiência com  investimentos e sabem as dificuldades pelas quais uma empresa  nascente pode passar. “A expectativa de receber o retorno é de, no  mínimo, sete anos”, comenta Rizzo. Por essa razão, “o  investidor estará envolvido por mais tempo e deve ajudar a empresa,  tanto com conselhos quanto ao propagar o negócio”, completa. 
Para  as empresas, o sistema é benéfico porque favorece a captação em  um tempo mais curto. Sem um sistema assim, a startup precisa encontrar um investidor que banque todo o custo. Mas dentro  desse modelo, pode encontrar muitos investidores que aceitem colocar  uma pequena parcela do capital necessário para o negócio funcionar. 
Já  para os investidores, a vantagem está na possibilidade de apostar de  modo mais barato – a Broota aceita um aporte mínimo de mil reais.  Essa possibilidade é mais difícil se apenas um investidor se  prontifica a aplicar na empresa, fora desse modelo de crowdfunding.  Nesse caso, os valores mínimos são maiores e podem ultrapassar  facilmente a barreira dos R$ 100 mil. 
Crowdfunding imobiliário 
Outra  modalidade de crowfunding de investimentos é o imobiliário, que só agora começa a aparecer  no Brasil. No site Urbe.Me, é  possível acessar oportunidades que antes só estavam disponíveis  para os grandes investidores. Nele, a partir de mil reais, também é  possível apostar em empreendimentos imobiliários, que são  selecionados pelo próprio site. Ao dar o dinheiro, e quando o  projeto levanta o capital necessário para ser feito, o investidor  ganha um título de investimento. Quando as vendas dos espaços  construídos são realizadas, ele fica com um percentual compatível  com o que colocou no projeto. 
O  tempo estimado de retorno é de cinco anos O primeiro projeto nesse  sistema, um prédio em São Paulo, já foi colocado no site e captou,  até agora, cerca de 15% do total necessário para ser realizado. 
Políticas  públicas 
Um  outro modo de empresas nascentes captarem capital para iniciar ou  ampliar um negócio é participar do programa Pitch SP, lançado em  2015 pelo governo do estado de São Paulo. Nesse caso, a startup deve ser voltada a áreas prioritárias de políticas públicas do  governo estadual. 
Na  primeira edição, entre os 15 finalistas, estiveram uma empresa que  desenvolve um software capaz de mapear, em um raio de 400 metros,  locais que podem se tornar focos do Aedes  aegypt,  principal vetor do vírus da dengue; e uma startup que desenvolve um kit para exames das principais doenças crônicas  não transmissíveis e dá, em cerca de 20 minutos, o resultado para  o paciente. 
 As startups que tiverem seus projetos aprovados por comissões de análise  poderão ter acesso ao Fundo de Inovação Paulista, criado pela  Agência de Desenvolvimento Paulista (Desenvolve SP). Para isso,  apresentarão o projeto à gestora do Fundo, a São Paulo Ventures,  que fará a análise para o investimento. Além desse projeto, é  possível buscar recursos também junto à Desenvolve SP e com a  Fapesp. 
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