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                            10/06/2012
                             “A biblioteca virtual é um  acontecimento, um fenômeno contemporâneo que surgiu com a internet, isto é, com  a interoperação em rede, em escala mundial, de computadores, softwares,  conteúdos e interfaces web. A biblioteca, como a conhecemos hoje e desde os  seus primórdios, constitui uma instituição social que evoluiu como produto,  expressão e promoção da civilização humana. Ela exerce a dupla função de, por  um lado, reunir, organizar e preservar conteúdos, e, por outro lado, servi-los,  torná-los disponíveis, disseminá-los ao público”, diz Abel Packer. Nesta  entrevista, o assessor de Informação e Comunicação em Ciência da  Fundação de Apoio à Universidade Federal de São Paulo e coordenador operacional  do projeto SciELO (Scientific Electronic Library Online) explica como surgiu a  SciELO, fala sobre o desempenho dos periódicos brasileiros e decreta: “os livros multimídias enriquecerão a leitura  em dimensões ainda não imaginadas”.  
ComCiência – O que mudou com o surgimento das bibliotecas  virtuais? 
Abel Packer – A biblioteca constitui o principal  equipamento social para democratizar a leitura, o acesso à informação, ideias,  sentimentos, conhecimento e inovações, isto é, para sustentar o avanço da  civilização, o conhecimento, a democracia, o desenvolvimento social e  econômico. A biblioteca funciona como uma extensão do nosso cérebro para  recuperar e compartilhar conteúdos, conhecimento e cultura através das  gerações. Ao longo da história, a função da biblioteca transcendeu a  dependência dos suportes dos conteúdos e dos métodos de leitura. Sua  “reencarnação”, no final do século XX, como biblioteca virtual tem origem na  mudança do suporte dos textos e imagens impressos em papel para o suporte  digital, isto é, no uso dos dispositivos magnéticos e óticos utilizados pelos  computadores para operar dados. Restritos inicialmente ao processamento de  números, os computadores evoluíram para o processamento de textos, com notável  e acelerado desenvolvimento de algoritmos, tipografias e interfaces gráficas. O  paradigma seguinte da evolução do armazenamento e processamento digital foi a  sua operação em rede de computadores e seus conteúdos na web, uma revolução que  vem maximizando a função da biblioteca como extensão do nosso cérebro. Um mesmo  arquivo digital de um texto ou multimídia pode ser acessado, apresentado, lido  ou tocado ilimitadamente em diferentes formatos e dispositivos. Nos últimos  anos, se consolidou a tendência de que todos os conteúdos serão digitais.  Milhões de livros já foram digitalizados a partir das cópias em papel. Há alguns anos, o  livro eletrônico vem aperfeiçoando-se, assim como os dispositivos e softwares  de leitura. Os periódicos e livros científicos são, em sua quase totalidade,  disponibilizados em coleções na web. O suporte digital é uma característica essencial  da virtualidade da biblioteca. Assim, à medida que a internet se expande, são  eliminadas as barreiras físicas para o acesso aos conteúdos. Já não é mais  necessário dirigir-se ao edifício da biblioteca, caminhar nos corredores das  estantes, tomar em mãos um livro, muitas vezes, único exemplar. A biblioteca na  rede vem até nós, não importa onde estamos. Podemos acessá-la a qualquer hora.  Nessa superação das barreiras do tempo, espaço e distância física, o acesso às  coleções passou a ser realizado diretamente pelos usuários com buscas nos  catálogos e índices online e navegação nas “estantes” virtuais. Com a  biblioteca virtual, superou-se também a intermediação das bibliotecárias, que  passam a privilegiar outras funções; a biblioteca torna-se um espaço de  convergência dos produtores, intermediários e usuários de informação  científica. O sonho de grandeza que muitos tiveram, de uma biblioteca universal  que reunisse todos os livros do mundo, finalmente se realiza não em um lugar,  não em um grande edifício, mas na conexão de milhares de lugares, de coleções,  por meio da web. A biblioteca universal é virtual e opera como rede de  bibliotecas. O advento e massificação em curso dos dispositivos móveis,  situados e operados mais e mais como extensão do nosso corpo, evidencia o  conceito da biblioteca como extensão do nosso cérebro. A virtualidade tornará a  biblioteca mais e mais ubíqua nas nossas vidas. Essa ubiquidade da biblioteca é  essencial para o avanço e consolidação da sociedade da informação e do  conhecimento. 
ComCiência – Como o senhor avalia as experiências da  América Latina, em particular, da Biblioteca Virtual em Saúde e da SciELO, que tiveram  a sua participação? 
Packer – A Biblioteca Virtual em Saúde, a BVS,  representa um desenvolvimento notável e avançado da biblioteca como instituição  social. A SciELO se baseia no modelo da BVS e contribui para o seu  desenvolvimento. A BVS é produto de uma construção coletiva e cooperativa da  rede de centenas de bibliotecas latino-americanas e caribenhas em ciências da  saúde, coordenada e promovida pela Bireme (antiga Biblioteca Regional de  Medicina e atual Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências  da Saúde da Organização Pan-Americana da Saúde – Opas). Essa rede tem mais de  quatro décadas de desenvolvimento que se caracteriza pela adoção de sucessivos  métodos de gestão dos serviços bibliotecários. Nessa evolução, a BVS combina  dinamicamente uma estratégia para a biblioteca, um conceito e método para o seu  funcionamento e um marco operacional. A estratégia da BVS está orientada à  democratização das capacidades de publicação e acesso à informação, ao  conhecimento e à evidência científica. Democratização esta que é uma condição  essencial para o desenvolvimento dos sistemas de pesquisa, educação e atenção à  saúde. A estratégia visa também à inserção soberana dos conteúdos locais e  regionais no fluxo global de informação científica, com vistas a aumentar a sua  visibilidade, acessibilidade, uso e impacto. O conceito e metodologia da BVS  estão baseados na gestão de informação e intercâmbio de conhecimento orientado  ao controle bibliográfico e preservação, aprendizagem, pesquisa e processos de  tomada de decisão dos profissionais, das autoridades e dos cidadãos. O marco  operacional da BVS estrutura-se, por um lado, sobre a racionalidade da  biblioteca no que se refere ao desenvolvimento de coleções de conteúdos com  controle de qualidade para melhor servir ao público, e, por outro lado, sobre a  racionalidade das redes no sentido de facilitar a expansão, a democratização e  a inclusão social. Esse marco operacional se desenvolve em três dimensões. A  primeira envolve as redes de instituições e indivíduos produtores,  intermediários e usuários de informação científica. A segunda envolve as redes  de coleções de conteúdos que interoperam na web por meio de padrões de enlaces  de nomes, identificações e conceitos, assim como por meio de busca integrada e  da ampla disponibilidade nos buscadores da web e dos índices bibliográficos. A  terceira são as redes de ambientes aprendizes e informados, orientados aos  processos de contextualização, tradução e transferência de informação,  conhecimento, evidência e boas práticas. Trata-se de uma contribuição inovadora  para o desenvolvimento e operação da biblioteca virtual. 
ComCiência – Quais são as vantagens e desvantagens da  biblioteca virtual? 
Packer – A principal vantagem é a disponibilização  online dos conteúdos, as facilidades e democratização crescentes de acesso. Os  periódicos da SciELO, por exemplo, são acessíveis universalmente em acesso  aberto. Em 2011, os periódicos brasileiros no SciELO tiveram uma média mensal  de 1,2 milhão de downloads. Uma vantagem diferenciada que oferecem as  bibliotecas científicas, como a BVS e a SciELO, é o controle de qualidade dos  conteúdos oferecidos. Ao mesmo tempo em que a internet se expande e mais e mais  conteúdos são ofertados, o público em geral enfrenta muitas desvantagens e  barreiras, como a exclusão do acesso à internet de grande parcela da população,  o acesso lento e limitado das redes, o idioma, nível educacional etc. 
ComCiência – Gostaria que o senhor contasse um pouco da  história da criação da SciELO. 
Packer – A SciELO é um programa da Fapesp que tem como  objetivo contribuir para melhorar a qualidade, o acesso e o impacto dos  periódicos por meio da indexação e publicação online na web em acesso aberto.  De modo mais amplo, a SciELO contribui para o avanço da pesquisa brasileira ao  aperfeiçoar a comunicação dos resultados de pesquisa que, por diferentes razões,  os pesquisadores preferem publicar nos periódicos brasileiros, seja pela  qualidade e especificidade temática, como ocorre com pesquisas de caráter ou  interesse local ou nacional, seja pelo uso do idioma português ou mesmo por não  alcançar qualidade para serem aceitos nos periódicos internacionais de maior  relevância. O desenvolvimento e operação da SciELO são realizados por meio de  coleções de periódicos formadas e desenvolvidas com controle de qualidade,  segundo as normas bibliográficas e de comunicação científica. A SciELO segue o  modelo de redes da BVS que citei anteriormente e o seu desenvolvimento foi  privilegiado pela parceria com a Bireme. Assim, a rede SciELO expandiu-se  internacionalmente por meio da coleções nacionais e temáticas que, em 2012,  indexam e publicam periódicos de 20 países. A SciELO contribui, por um lado,  para viabilizar a publicação digital online dos periódicos brasileiros de  qualidade seguindo o estado da arte internacional. Por outro lado, contribui  para aumentar a visibilidade nacional e internacional dos periódicos e o seu  impacto medido por downloads e pelas citações que recebem. Quando a SciELO foi  criada, em 1997, os periódicos brasileiros tinham limitada visibilidade  internacional. Menos de 20 títulos eram indexados internacionalmente. Em 2012, a SciELO indexa 245  periódicos brasileiros; o Scopus (base bibliográfica da editora privada  Elsevier), 242; e o Web of Science (outra base privada, da Thomson Reuters),  133. Em termos de desempenho medido por um conjunto de indicadores, a coleção  SciELO Brasil ocupa o primeiro lugar no ranking internacional de portais de informação  científica em acesso aberto calculado pelo sistema Webometrics, do Conselho  Superior de Pesquisa Científica da Espanha. 
ComCiência – Imagino que o projeto, por sua grandeza,  tenha passado por desafios e dificuldades. Quais foram eles, tanto no momento  da formação quanto já em funcionamento? 
Packer – A criação da SciELO, em 1997, foi um projeto  pioneiro em muitos aspectos, e como tal, enfrentou muitos desafios. O primeiro  deles foi a adoção da publicação online na web, que enfrentava muitas  resistências e dúvidas de parte dos publicadores e editores no Brasil e no  estrangeiro. O segundo desafio foi a adoção do acesso aberto como estratégia  para aumentar a visibilidade. Esses desafios foram superados progressivamente, à  medida que o desempenho dos periódicos aumentava com a indexação na SciELO, em  termos de número de acessos, citações recebidas e de manuscritos recebidos. A  indexação e a publicação na SciELO seguem controles de qualidade centrados no  caráter científico dos periódicos, com exigência de publicação de pesquisa  original com revisão por pares e obediência às normas bibliográficas. De forma  que a indexação na SciELO passou a ser um reconhecimento da qualidade do  periódico, o que facilita sua indexação internacional e a valoração nos  processos de avaliação de periódicos. 
ComCiência – Atualmente quais são os grandes desafios? 
Packer – Os desafios atuais da SciELO estão  relacionados com os esforços para aumentar o desempenho internacional dos  periódicos brasileiros em termos de citações que recebem por artigo, que é bem  inferior à média dos periódicos dos países desenvolvidos. Essa situação é  evidenciada pelo fato de que 90% dos periódicos brasileiros indexados nos  índices de referência internacional estão localizados abaixo da mediana nas  distribuições dos principais indicadores de impacto. Como os periódicos  brasileiros publicam cerca de um terço da produção científica internacional, o  seu impacto reflete de modo significativo no impacto geral da pesquisa  brasileira. Muitos fatores explicam esse desempenho, como, por exemplo, a  publicação em português de metade dos artigos indexados, o que limita  seriamente a sua leitura; e a predominância de autores brasileiros, ou seja,  baixa porcentagem de artigos em colaboração internacional, que normalmente  recebem mais citações. Esses fatores revelam que os periódicos brasileiros são  pouco internacionalizados, o que se expressa também na composição dos conselhos  editorais e nos processos de revisão dos manuscritos. Assim, um grande desafio  para os periódicos que almejam aumentar a presença e o impacto internacional é  ampliar e fortalecer a internacionalização da gestão e operação dos processos  de edição. Ao mesmo tempo, os periódicos brasileiros apresentam baixo grau de  profissionalização. São raros os editores-chefes que recebem salário ou  compensação financeira pela função. Não existe, por exemplo, o reconhecimento  da função pelas agências de apoio à pesquisa ou apoio financeiro como bolsas  para editores, por exemplo. Nesse contexto, a eficiência, eficácia e qualidade  dos serviços de edição, em muitos casos, estão aquém do estado da arte  internacional. Em consequência, um desafio que permeia os periódicos  brasileiros é melhorar radicalmente o nível de profissionalização dos processos  editorais. Para tanto, uma solução é o acesso a um conjunto comum de serviços  de editoração e publicação seguindo padrões internacionais e criando escala  para minimizar os custos fixos. Um terceiro desafio que enfrentam os periódicos  brasileiros é a sustentabilidade financeira. Uma boa parte dos periódicos não  conta com financiamento estável e seus orçamentos dependem anualmente de um  conjunto de aportes vindos da instituição ou sociedade responsável pelos  periódicos, dos programas de financiamento de periódicos do CNPq e da Capes,  das fundações de apoio à pesquisa dos estados. A Fapesp financia 90% do  programa SciELO. Assim, a busca de um sistema nacional de financiamento dos  periódicos é um dos principais desafios que enfrentam os periódicos  brasileiros. O caminho mais recomendado é associar o financiamento dos  periódicos e dos projetos de pesquisa, visto que a publicação dos resultados é  parte integrante da pesquisa. Assim, na modalidade de acesso aberto, uma das  práticas que vem se consolidando internacionalmente e paulatinamente no Brasil  é cobrar os custos de processamento dos artigos ao autor. Nesse sentido, muitos  países e instituições têm desenvolvido mecanismos que facilitam aos autores  esse pagamento. A SciELO tem exercido mais e mais a função de metapublisher,  no sentido de dotar os periódicos com acesso a serviços de apoio aos processos  de editoração e publicação. Essa função deverá ampliar-se no futuro, com vistas  a minimizar custos de editoração e publicação. 
ComCiência – Havia algum plano ou estratégia para colocar a  SciELO dentro de um patamar competitivo em relação aos demais portais de  informação científica? 
Packer – O sucesso do desempenho da SciELO é produto,  por um lado, da sua condição de biblioteca virtual em acesso aberto, e, por  outro lado, do melhoramento acentuado que tiveram os periódicos brasileiros na  última década com a publicação de pesquisa de qualidade crescente. 
ComCiência – A SciELO chega a ser uma alternativa na  América Latina em relação às bases do Scopus e do Web of Science (WoS)? Quais  as diferenças entre eles? 
Packer – A SciELO complementa os índices  internacionais. Não pretende ser alternativa a eles. Um das principais  contribuições da SciELO é identificar e promover periódicos de qualidade que  progressivamente são indexados no WoS e no Scopus. Entretanto, nem todos os  periódicos brasileiros indexados no WoS e no Scopus são indexados na SciELO. Em  geral, os periódicos da SciELO têm tido desempenho superior no WoS e Scopus.  Isso se deve provavelmente ao sistema de avaliação e controle de qualidade da  SciELO, que é mais exaustivo que os praticados pelo WoS e Scopus. 
ComCiência – Qual o peso da língua portuguesa na  SciELO e nos índices internacionais? 
Packer – Na SciELO,  60% dos artigos são publicados em português. A porcentagem dos artigos em inglês  nos periódicos da SciELO vem aumentando progressivamente nos últimos anos.  Também aumentou o número de periódicos que publicam tanto em inglês quanto em português. Assim,  um terço dos periódicos da SciELO publica atualmente mais de 40% dos artigos em  inglês e 12% publicam pelo menos 40% dos artigos em inglês e em português. Vale a  pena destacar que no WoS, os artigos em português recebem em média metade de  citações que os artigos em inglês. 
ComCiência – Quanto custa publicar os periódicos  online e quanto custa manter a rede SciELO funcionando? 
Packer – O custo de  editoração e publicação de um periódico de qualidade, com revisão dos  manuscritos por editores associados e por pares, revisão e edição dos textos – no  caso do inglês, a revisão por nativos desse idioma –, a formatação em xml e pdf  e disponibilização online custa entre R$ 500 e R$ 3.000 por artigo  publicado. Essa variação depende de vários fatores, como a área temática do artigo,  a presença de tabelas e figuras, o idioma do texto, o número de artigos  publicados, o índice de rejeição de manuscritos etc. A SciELO tem sua operação  principal na indexação, publicação online e interoperação dos conteúdos na web.  O custo médio por periódico é de R$ 20.000 por ano. 
ComCiência – No texto O livro eletrônico chegou! Vida eterna ao livro!, o senhor diz que o impacto decisivo que a consolidação do livro eletrônico provocará no ecossistema de publicação e na sociedade ainda estava por vir. É possível prever se estamos próximos de tal impacto? O que mudará?
 
Packer – A modalidade do livro em suporte digital e  publicado online na web se consolidou nos últimos anos e seu mercado vem  crescendo sistematicamente, principalmente nos Estados Unidos, que lidera essa  inovação tecnológica e empresarial. As resistências e barreiras vêm diminuindo  gradativamente com o aperfeiçoamento dos dispositivos e softwares de leitura,  assim como as vantagens operacionais e de custos que oferecem. Entretanto, para  que o livro eletrônico venha a dominar o ecossistema de publicação  internacional, terá que superar alguns desafios importantes. Por um lado, os  modelos de comercialização ainda não estão consolidados, mas as tendências  apontam para um domínio comercial, nos próximos anos, dos grandes  intermediários, como Amazon, Apple, Barnes & Noble, Kobo etc. Esse domínio  expande-se globalmente. É importante lembrar que na web, para efeitos de acesso,  não importa o lugar em que foi editado e publicado o conteúdo. Estamos frente a  um claro processo de concentração. Por outro lado, o acesso e adaptação dos  leitores aos livros eletrônicos são ainda limitados, principalmente nos países em desenvolvimento. Mas  essa situação deverá mudar no futuro próximo, com a disseminação crescente dos  dispositivos móveis, como o telefone celular, com ampliação da capacidade de  armazenamento, conectividade e qualidade das interfaces. Certamente, a adoção  do livro didático em formato digital sinalizará a predominância do livro  eletrônico. Os livros multimídias enriquecerão a leitura em dimensões ainda não  imaginadas. As coleções em acesso aberto contribuirão para democratizar o  acesso aos livros. Isto é, o livro de hoje e do futuro estará mais e mais  próximo de nós, dos nossos cérebros e das nossas vidas. A médio e longo prazo,  haverá também uma mudança nas modalidades clássicas de escritura, edição e  publicação dos livros, como o avanço da publicação individual sem  intermediários e a elaboração cooperativa entre vários autores. Com o passar do  tempo, as mudanças serão mais radicais, alterando, por exemplo, os hábitos e  modos de leitura. Muitas dessas mudanças envolvem necessariamente as novas  gerações. Com elas, podemos imaginar parcelas crescentes da população letrada  que nunca lerão livros em papel, assim como não lemos em papiro. 
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