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Oceano a desvendar
Recursos econômicos
Projeto Revizee
O caso dos Corais
Trabalhando com Bio

Entrevista a
Sérgio Bonecker

Entrevista a Marcelo Medeiros


Barco do Projeto Revizee içando draga com amostras do sedimento do fundo do mar. Foto gentilmente cedida pela Profa. Cecília Amaral.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Vista geral da parte oceânica da Ilha do Cardoso (SP), importante reserva ecológica. Foto: Bruno Buys.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Coleção de corais em laboratório do Revizee.
Foto: Bruno Buys

 

O Projeto Revizee

A tarefa do Programa de Avaliação do Potencial Sustentável de Recursos Vivos na Zona Econômica Exclusiva (Projeto Revizee) é coletar e identificar organismos marinhos ao longo de toda a costa brasileira. Desde 1994, quando o Brasil assinou a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM), o projeto tem mobilizado quase todas as instituições de ensino e pesquisa envolvidas com o mar, para cumprir com a tarefa de aumentar o conhecimento da biodiversidade marinha do litoral brasileiro.

Pela convenção, existem dois conceitos diferentes de gerenciamento do litoral: um deles é o de mar territorial, ligado à segurança marítima e, portanto, à Marinha. Este é o limite de 12 milhas de que o Brasil dispõe, a partir da costa. E há um novo conceito que é o de Zona Econômica Exclusiva (ZEE). A ZEE não é mais um direito de toda e qualquer nação marítima, como ocorria antes da Convenção. Agora, para gozar do direito de explorar economicamente sua zona costeira, o país deve mostrar que dispõe de conhecimento, infra-estrutura e frota suficiente para explorar adequadamente os recursos da ZEE, caso contrário deve estabelecer parcerias com os países mais capacitados nesta exploração.

Foi justamente para organizar e coordenar todas as instituições aptas a trabalhar com a biodiversidade marinha brasileira que se criou o Projeto Revizee, um amplo programa de coleta de organismos marinhos e de informações sobre suas áreas de ocorrência e hábitos de vida.

Para isso, a costa brasileira foi dividida em quatro grandes regiões: norte, nordeste, central e sul. Os grupos animais foram organizados de forma a racionalizar os trabalhos de coleta e triagem de exemplares durante o trabalho no mar, gerando vários "subprojetos". Estas divisões foram entregues a especialistas, com vistas à preparação de um relatório detalhado de atividades com informação sobre as espécies de peixes, caranguejos, camarões, lulas, polvos, e quaisquer outras espécies que sejam potenciais recursos econômicos. Este relatório deverá ser divulgado em breve à comunidade internacional.

Apesar da tarefa ser colossal (afinal são 8.698 quilômetros de costa e um sem-número de ilhas, recifes, mangues, com inúmeras espécies vivas em cada um) o Revizee tem mostrado valentia. A dificuldade de conseguir embarcações, a falta de verbas e a distância contribuem para tornar o projeto uma espécie de embate patriótico: o Brasil, pela primeira vez, organiza um esforço de coleta e identificação de organismos marinhos nesta escala.

Segundo o professor Clovis Barreira e Castro, do Laboratório de Celenterologia do Departamento de Invertebrados do Museu Nacional (UFRJ), responsável por receber e identificar espécies de corais do Revizee, o projeto já revelou novos gêneros e famílias de organismos marinhos, com destaque para as amostragens de peixes. Com a ajuda de um barco francês, recentemente alugado pelo projeto, foi possível coletar vários organismos mais delicados em bom estado conservação. Além de identificar espécies novas, o Revizee fará também uma "avaliação de estoques"(quantidade disponível) para os principais grupos tradicionalmente usados como recursos econômicos.

O Revizee tem somado esforços de laboratórios e pessoas capacitadas em todo o país, unindo universidades, Petrobrás (que cede embarcações, equipamentos e combustível), Marinha, museus científicos, organizações não-governamentais, centros de pesquisa e instituições de pesca.

Uma vez tendo as espécies sido coletadas e devidamente alocadas em coleções nas instituições de pesquisa e museus, os biólogos, zoólogos, oceanógrafos e demais estudiosos do mar terão acesso a essas coleções e produzirão trabalhos científicos a respeito desse material. Um dos objetivos de mais longo prazo do Projeto é aumentar o conhecimento não só das espécies de valor econômico, mas de toda a biota marinha brasileira. Isso inclui uma quantidade imensa de organismos ainda ignorados. Essas duas tarefas do Revizee não são exclusivas, pois as espécies de importância econômica (como peixes, por exemplo) freqüentemente alimentam-se de vermes, microorganismos, animais bentônicos e outros grupos difíceis de pesquisar. Como na natureza as espécies estão envolvidas em uma trama de relacionamentos, onde uma depende da outra para se manter, seria prejudicial (e ineficiente) pensar nos animais de interesse econômico sem considerar as populações de outros organismos que os alimentam. Os biólogos que trabalham no Revizee estão conscientes disso, e o trabalho de obter informação a respeito dos hábitos de vida de cada espécie tem sido sério. Desta forma, será possível avaliar não só o estoque de cada espécie de interesse econômico, mas também as condições que os sustentam.

O Prof. Dr. Clovis Castro faz uma análise da situação atual da biodiversidade de Corais no Brasil.

 

 



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Bibliografia / Créditos

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Campinas, Brasil