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Células-tronco e o futuro da medicina regenerativa
Committee on the Biological and Biomedical Applications of Stem Cell Research, Board on Life Sciences, National Research Council, Board on Neuroscience and Behavioral Health, Institute of Medicine.

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Giovanni Berlinguer e Volnei Garrafa

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Células-tronco e o futuro da medicina regenerativa

Stem Cells and the future of regenerative medicine
Committee on the Biological and Biomedical Applications of Stem Cell Research, Board on Life Sciences, National Research Council, Board on Neuroscience and Behavioral Health, Institute of Medicine.
National Academy Press
Washington, DC - 2002

As pesquisas com células-tronco têm sido consideradas essenciais para o desenvolvimento de novos tratamentos para doenças degenerativas, além de possibilitarem um maior conhecimento sobre o desenvolvimento e formação dos tecidos do corpo humano. Essas são algumas das conclusões encontradas em Células-tronco e o futuro da medicina regenerativa (Stem Cells and the future of regenerative medicine), que tem como autores cientistas de cinco comissões que coordenam pesquisas biológicas e biomédicas dos EUA, além do Conselho Nacional e Pesquisa daquele país.

O livro é resultado das atividades apresentadas no primeiro workshop sobre células-tronco dos EUA, que reuniu, em junho de 2001, pesquisadores com opiniões contra e a favor da realização de pesquisas com células-tronco. O texto serve como um guia de informações sobre o assunto e ainda apresenta resultados e pré-resultados de pesquisas em andamento no país.

A obra aborda separadamente as células-tronco fetais, embrionárias e adultas, dando destaque às duas últimas. As fetais podem gerar células neurais e sanguíneas e têm sido usadas em pesquisas para o tratamento do mal de Parkinson. Porém, elas são raras e difíceis de serem identificadas. As células-tronco embrionárias são obtidas durante a fase da blástula de embrião, até o oitavo dia após a fecundação. Elas podem ser retiradas de embriões fecundados para inseminações artificiais, mas não utilizados.

Os estudos apresentados mostraram que as células-tronco embrionárias têm maior potencialidade para se transformar em diferentes tecidos, mas, de acordo com os autores, os resultados ainda são preliminares.

As células-tronco adultas hematopoiéticas (que originam as células sangüíneas) têm sido utilizadas em pesquisas sobre leucemia e outros tipos de câncer. Alguns estudos feitos em camundongos também têm levantado a possibilidade dessas células-tronco adultas se transformarem em células cerebrais, de músculos, pele, do sistema digestivo, córnea, retina, fígado e pâncreas. A grande dificuldade para o desenvolvimento de trabalhos com células-tronco adultas é que elas não podem ser cultivadas in vitro (fora do corpo), além disso elas são difíceis de se identificar e de se isolar.

O livro aponta as principais barreiras a serem vencidas, tais como as questões éticas, morais e religiosas. Para os autores, essas pesquisas são mais um tema polêmico em discussão na medicina, como aconteceu anteriormente com o DNA, a inseminação artificial e a clonagem. No caso das células-tronco, o foco da polêmica tem sido o uso de células-tronco embrionárias.

Mas as pesquisas com células-tronco estão apenas começando e os resultados apresentados são preliminares. Mesmo assim, os autores aprovam e recomendam o desenvolvimento de estudos em humanos, e não somente em cobaias, uma vez que existem diferenças biológicas substanciais, que ainda precisam ser melhor compreendidas, entre o desenvolvimento das células no corpo humano e nos animais utilizados como cobaias.

Esses cientistas ressaltam a necessidade de cada país ter uma comissão responsável pela condução de suas pesquisas, além de exercer um monitoramento e acompanhamento desses trabalhos, que deverá se estender inclusive para o período posterior à aplicação de terapias com uso das células-tronco. De acordo com os autores, as células-tronco são passíveis de sofrer rejeição ou até mutação por se tratarem de um tecido estranho ao organismo em que são implantadas. Por isso, é preciso também desenvolver pesquisas que estudem e avaliem esse processo de rejeição o que, inclusive, pode resultar em novas descobertas para a medicina.

Os autores advertem que as pesquisas devem ter bases científicas, sejam analisadas por pares e ter os seus resultados divulgados publicamente. Além disso, destacam que os trabalhos devem ser conduzidos, em sua maioria, com fundos públicos para não terem interesses meramente comerciais, como as patentes, o que inviabilizaria os benefícios para um contingente mais amplo.

Células-tronco e o futuro da medicina regenerativa estava em vias de publicação quando o presidente norte-americano, George W. Bush, anunciou a liberação, com restrições, de pesquisas com células-tronco embrionárias, com financiamento federal. (leia mais sobre o assunto na ComCiência).

O relatório pode ser obtido gratuitamente, no site da National Academy Press (NAP) Em versão PDF, em inglês

Atualizado em 10/02/04

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2003
SBPC/Labjor

Brasil