A evolução do jornalismo na divulgação científica

Por Eduardo Cruz Moraes e Erica Mariosa Moreira Carneiro

Teorias da conspiração, sucos detox, Terra plana, cura quântica… Ao nos depararmos com esses temas nas timelines de nossas redes sociais, temos a impressão de estarmos recebendo conteúdo sobre “crendices” da era medieval. Contudo, nos últimos tempos, é cada vez mais comum vermos notícias com teor duvidoso, e aquilo que parecia ser uma opinião minoritária, restrita a pequenos grupos, hoje tem tido espaço em telejornais, conversas cotidianas e até influenciado decisões políticas. A disseminação de conteúdo falso, não apurado ou sem respaldo científico tem tomado conta das discussões de cientistas e jornalistas em todo o mundo, o que faz com que a preocupação em realizar divulgação científica e jornalismo com credibilidade e qualidade se torne cada vez mais urgente.

“O jornalismo científico é essencial na formação da opinião pública sobre ciência, particularmente porque contribui para o surgimento de uma cultura científica. É uma forma de empoderamento”, diz Marli dos Santos, doutora em ciências da comunicação pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP).

Ao longo da história, foi proposto divulgar o conhecimento científico adquirido de diversas formas e ferramentas. Contudo, a dificuldade da sociedade em entender os conceitos científicos e a tendência ao “viés de confirmação” [leia a respeito a seguir] fazem com que notícias falsas e pseudociências continuem dominando a opinião pública.

De acordo com Marciel Aparecido Consani, doutor no Departamento de Comunicações e Artes da ECA-USP, “as explicações místicas e teorias da conspiração existem desde quando a comunicação se limitava à oralidade e a escrita. Muito tempo antes do surgimento da internet, elas já funcionavam convencendo as pessoas daquilo que elas estavam predispostas a acreditar.”.

Ciência e jornalismo: uma história conjunta

Muito antes da prensa criada pelo inventor Johann Gutemberg em 1447, o “Acta Diurna”, datado de 59 a.C., em Roma, já noticiava os acontecimentos da época, sendo assim o primeiro jornal conhecido pela história. Realizado em grandes placas brancas e colocado à disposição em locais públicos, o jornal continha as informações que o líder militar romano Júlio César julgasse que a população deveria saber, como julgamentos e execuções. O jornal como conhecemos hoje em dia só ficou conhecido no século XVII, surgindo como publicações periódicas.

Concomitante à invenção e à expansão da imprensa, a divulgação científica, ou seja, atividades que buscam fazer uma difusão do conhecimento científico para a sociedade, foi tomando forma, primeiramente através de cartas, monografias, livros e arte, como fez Leonardo da Vinci (1452-1519) e Gerolamo Cardano (1501- 1576). A partir da Revolução Científica (XVI a XVII), com o fim da Idade Média e o início da Era Moderna, a classe burguesa da época começa a estimular o desenvolvimento da ciência e das técnicas visando benefícios comerciais. Com a Revolução Industrial (de 1760 a 1840), a ciência adquire uma maior influência político-econômica, a partir da percepção da rápida aplicação de suas práticas e resultados no dia a dia da sociedade. Foi apenas em 1850 que as primeiras coberturas de ciência e tecnologia surgiram, na realização das exposições universais de indústria, na Europa e nos EUA.

No Brasil a divulgação científica tem seu início a partir da transferência da corte portuguesa em 1808, com a criação das primeiras instituições de ciência, publicação de livros e o surgimento da imprensa. Mas foi apenas no início do século XX que a divulgação científica teve uma intensificação no país, através dos esforços de uma elite acadêmica ainda pequena,  com o objetivo de conscientizar e sensibilizar o poder público da importância do progresso científico. Esses esforços geraram a criação e a manutenção de instituições ligadas à ciência, como a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Instituto Butantã. Desse período em diante, a divulgação científica passa a influenciar a economia e a sociedade, aumentando a visibilidade da ciência e provocando questionamentos quanto ao progresso científico-tecnológico e suas aplicações. Questionamentos esses que despontaram após evidências de que a ciência também poderia ter um lado negativo (impactos ambientais, armas nucleares e biológicas etc.), tornando assim a divulgação científica uma necessidade ainda maior. A partir da década de 1970  o jornalismo científico (uma das atividades de divulgação científica, normalmente realizada pelos meios de comunicação de massa, utilizando os critérios e o sistema de produção jornalísticos) passa a ser reconhecido como especialização e editoria separada de jornais, contribuindo assim para maior relevância e credibilidade da divulgação científica.

Do fim do século XX aos dias de hoje a área de comunicação sofre mudanças significativas no Brasil e no mundo, com o início da  World Wide Web (década de 1990), desenvolvida pelo cientista inglês Tim Berners-Lee; e posteriormente com a Web 2.0 e as redes sociais. Essas novas formas de comunicação promovem uma série de mudanças nos padrões da divulgação científica ao disponibilizar ferramentas que permitem a qualquer usuário gerar e propagar conteúdo e não ser somente aquele que o recebe, como no caso das mídias convencionais. Para isso o gerador de conteúdo precisa ter o senso crítico para verificar a veracidade e os fatos das informações antes de disponibilizar online, contudo, apesar dos grandes benefícios da internet e uma euforia inicial sobre essa democratização do acesso e divulgação de conhecimento, o que se observa hoje é uma saturação de informações duvidosas e a dificuldade do receptor em identificar o que é verdadeiro ou falso, estimulado pela aparente impressão de impunidade por detrás da tela do computador, facilidade em gerar conteúdo e ainda com a possibilidade de rentabilização de acordo com o alcance do conteúdo gerado.

Desinformação na era da informação

As ferramentas de comunicação na era digital surgiram como instrumentos de empoderamento para os usuários da internet e abriram uma possibilidade sem precedentes de acesso à informação. Temos hoje, literalmente, o mundo na palma de nossas mãos, através da conexão à rede via nossos smartphones. E não apenas ganhamos acesso a uma fonte praticamente ilimitada de conhecimento. Todo usuário é capaz de criar conteúdos e, portanto, ter poder de voz no discurso virtual. Podemos citar exemplos onde blogs e redes sociais foram de suma importância em processos de cidadania e  democracia, como os levantes revolucionários que ocorreram a partir de dezembro de 2010 em países do norte da África e no Oriente Médio, que foram chamados de a “Primavera Árabe”. Não é à toa que em regimes como a China e Coreia do Norte existam restrições de acesso a certos conteúdos na internet que possam incitar uma revolta popular. Entretanto, mesmo nas ditas democracias ocidentais, o que a Web 2.0 tem proporcionado é o oposto: um tsunami de “ruído” ou “lixo” digital onde a informação de relevância se perde e se confunde – algo aos moldes da distopia huxliana de Admirável mundo novo. Esse fenômeno se manifesta na forma da propagação de conteúdo falacioso, as chamadas fake news.

O Dicionário Collins, que elegeu fake news a palavra do ano 2017, define o termo como “informações falsas, muitas vezes sensacionais, disseminadas sob o disfarce de reportagens”. Normalmente trata-se de uma “mentira verossímil”, ou seja, que contenha algo de verdade, ou seja plausível. No entanto, para Angela Pimenta, jornalista e presidente do Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo (Projor), esse termo não seria o mais adequado para explicar o fenômeno que presenciamos hoje. “Nós do Projor acreditamos que este termo é impreciso, simplista e não dá conta de descrever o fenômeno que nós chamamos de desinformação.” Segundo Angela, a desinformação compreenderia conteúdos mais abrangentes, desde a sátira noticiosa – que, por vezes, pode enganar o leitor desatento – até a manipulação dos fatos ou mesmo a criação de fatos inverídicos, com o objetivo explícito de enganar e moldar a opinião pública. Além da questão do simplismo do termo, outro ponto importante destacado por Angela para o seu não uso é que ele foi cooptado por políticos, entre outros agentes, com o objetivo de desqualificar o trabalho dos jornalistas e desmentir acusações, tendo como principal expoente dessa prática o presidente americano Donald Trump.

Este fenômeno de disseminação de conteúdo falacioso alcançou um novo patamar nas eleições norte-americanas de 2016. O que marcou a disputa eleitoral não foram as calúnias, que sempre fizeram parte do sórdido jogo político (mesmo séculos antes do surgimento da imprensa), mas sim o volume, a velocidade de dispersão e o alcance de tais mentiras, potencializadas pelos compartilhamentos de usuários nas redes sociais. Ainda que seja controverso o quanto as notícias falsas influenciaram de fato o resultado das eleições, com alguns estudos indicando pouco impacto, o fenômeno da desinformação atraiu a atenção de especialistas em comunicação interessados em compreendê-lo e antecipar seus possíveis impactos.

A ciência da desinformação

O momento que vivemos na comunicação é definido pelo conceito de “pós-verdade”, uma outra palavra que entrou para o léxico de palavras mundial em 2016, justamente o ano das eleições norte-americanas. A palavra, segundo o dicionário Oxford, é um adjetivo “relativo ou denotando circunstâncias onde os fatos objetivos são menos influentes em moldar a opinião pública do que apelos à emoção e a crenças pessoais”. Ou seja, não mais considera-se um conceito uno de verdade, oriundo da apuração dos fatos ou avaliação experimental de um fenômeno. O que existem são verdades convenientes ou inconvenientes a determinados grupos, de acordo com suas crenças. No entanto, o que nos torna vulneráveis a acreditar e espalhar conteúdos falaciosos na era da comunicação em massa vai além do posicionamento ideológico. A arquitetura das redes sociais, o uso de novas tecnologias e até características psicológicas inerentes ao ser humano nos ajudam a entender como o processo funciona.

Ainda que a rivalidade entre democratas e republicanos não seja algo inteiramente novo, o que se observou na última eleição norte-americana para presidente foi um alto grau de polarização política. E o ambiente das redes sociais e a forma como temos acessos aos conteúdos nelas pode ser um dos fatores que intensificaram essa polarização. No Manual da Credibilidade, uma iniciativa do Projeto Credibilidade para combater a crise da desinformação no Brasil, são enumeradas razões que potencializam a polarização de ideias. Uma delas são os chamados “filtros bolhas”. Os algoritmos das redes sociais são programados de tal maneira que o usuário permaneça o maior tempo possível nelas. Deste modo, esses algoritmos rastreiam nossas preferências e tendem a nos mostrar conteúdos alinhados a nossas opiniões pré-estabelecidas. Isso acaba por criar bolhas de informação onde não há espaço para o discurso contraditório, o que intensifica o pensamento maniqueísta, ou seja, a polarização de ideias entre um lado bom (o meu lado) e um lado ruim (o lado do outro).

Uma outra característica das redes sociais que corrobora o fenômeno da desinformação é a fragmentação dos conteúdos. Nas timelines das redes, o conteúdo noticioso se mistura e é normalmente confundido com o chamado “ruído digital” – conteúdo opinativo ou fatos não apurados pelo jornalismo. Além disso, cada vez mais tem-se feito o uso de bots (ou robôs), programas de computador com a finalidade de replicar conteúdos de interesse, através do uso de perfis falsos nas redes sociais. No entanto, um estudo recente publicado na revista Science minimiza o papel desses robôs, concluindo que são menos importantes do que os usuários reais no sucesso da propagação de notícias falsas.

Temos ainda características da psique humana, como a suscetibilidade à aceitação de conteúdos com apelo emocional (ou seja, quando o apelo passional da fala tem mais importância do que seu conteúdo) e a tendência de aceitação de ideias que corroboram aquilo em que já cremos – o chamado “viés de confirmação”. Este pode levar ainda a outro agravante: a apuração enviesada de informações por profissionais de comunicação, ou seja, reportar apenas a parte da informação que confirme uma opinião pré-formada sobre o assunto. Como as redes sociais premiam conteúdos de acordo com o seu alcance (maior número de cliques), eles podem ser criados explorando tais características psicológicas humanas, visando o maior número de compartilhamentos. Isso de fato aconteceu durante as eleições norte-americanas: um grupo de jovens da cidade de Skopje, capital da Macedônia, criou sites com espaços publicitários e passaram a publicar neles, em inglês, notícias absurdas sobre políticos americanos, conseguindo uma grande audiência – e fazendo muito dinheiro com isso.

A desinformação na ciência

A propagação de conteúdo falacioso no ramo da ciência não foge às regras de disseminação já descritas. São referidas como pseudociências (pseudo = falso) por contarem com um teor de realidade, por vezes fazendo referências a teorias científicas consolidadas, falas ou ideias de cientistas ou com o suporte de renomadas instituições de ensino e pesquisa. Via de regra, se baseiam em uma interpretação equivocada ou incompleta de um fato científico com o intuito de dar suporte a uma crença pré-concebida – o já descrito “viés de confirmação”. “A pseudociência apela para o emocional das pessoas e apela para a crença de determinados públicos, por conta disso é muito difícil mostrar para essas pessoas que aquilo que está sendo ‘vendido’ não é verdade”, diz Paulo Camargo, pesquisador do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e divulgador científico do blog Descascando a Ciência. “As pessoas acreditam nesse tipo de informação simplesmente por que é o que elas querem escutar.” Em sua visão, Paulo diz que a principal dificuldade para se divulgar ciência na internet é “a concorrência com notícias de entretenimento e conteúdos falsos, pois estes fornecem a determinado público o que eles querem ler ou escutar naquele momento”.

Não é consenso dentro da comunidade cética quais ideias podem ou não ser consideradas como pseudocientíficas, com alguns tecendo duras críticas a práticas bem estabelecidas como a psicanálise e os métodos não científicos usados por Freud para conceber a sua teoria. No entanto, podemos separar as pseudociências em basicamente dois grupos: 1) as que visam dar suporte à crenças místicas e ao sobrenatural; 2) movimentos negacionistas, que em  geral possuem um pano de fundo político e/ou religioso, com o intuito de desacreditar a comunidade científica. Ambos os grupos se baseiam na interpretação e apropriação equivocada de conceitos científicos e em supostas teorias conspiracionistas envolvendo o governo, empresas ou sociedades secretas – fictícias ou históricas. No entanto, nenhuma delas se baseia no método científico para propor uma nova teoria – processo pelo qual a ciência evolui e se transforma – limitando-se em apenas refutar as teorias científicas vigentes. Tais ideias exercem um apelo muito grande na população em geral, em especial naquelas onde o ensino básico de ciência e filosofia é deficitário ou onde grupos conservadores possuem grande poder de influência.

Pseudociências mais comuns

Dado o seu grande apelo com um público em geral não iniciado em questões científicas, as pseudociências se tornam especialmente perigosas por moldar a opinião pública e, por consequência, influenciar políticas públicas baseadas em conceitos não científicos. Recentemente, no Brasil, foi aprovado o uso de “terapias alternativas” pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Do ponto de vista de liberdade de escolha, qualquer paciente pode, se desejar, procurar terapias complementares a seu tratamento médico. Os responsáveis por esses tratamentos, no entanto, não devem sugerir que o paciente abandone o tratamento médico convencional, e podem responder judicialmente caso o façam e tragam algum dano à saúde de outrem. A polêmica em torno da adoção de práticas alternativas pelo SUS se deve ao uso de dinheiro público.

Além disso, grandes danos podem ser causados através dos recentes movimentos de negação científica e revisionismo histórico. Grupos políticos conservadores nos EUA sustentam a hipótese de que o fenômeno das mudanças climáticas não possui qualquer influência da ação do homem, ou seja, não derivaria de causas antrópicas. Esse é um claro movimento em direção da manutenção do status quo e da estrutura político-econômica vigente. Outro movimento negacionista é o contra a vacinação, pois supostamente causam autismo. O movimento foi responsável pela volta de doenças consideradas erradicadas em países desenvolvidos, como a poliomielite. No campo da história, temos movimentos revisionistas que sugerem, por exemplo, que o movimento nazista foi um governo orientado à esquerda do espectro político – mesmo com o próprio Adolf Hitler criticando explicitamente o marxismo em seu livro, Minha luta) e que o Holocausto teria sido uma invenção dos americanos ou teria sido exagerado para justificar a guerra contra as forças do Eixo – mesmo sendo este um dos fatos históricos mais bem documentados da humanidade. É possível encontrar uma minoria de acadêmicos – de credibilidade e motivações questionáveis – que suportam tais hipóteses, mas a quase totalidade da comunidade científica baseia-se em uma extensa literatura científica com evidências mais do que suficientes para atestar a falsidade de tais alegações.

O antídoto para a desinformação

Não por acaso, usa-se o termo “viralizar” quando um assunto ganha grande repercussão ao ser replicado através da rede de computadores, e as chamadas fake news e pseudociências possuem um apelo especial para viralizarem. Tal como um vírus, elas infectam seus hospedeiros e se replicam através deles. Entendendo que o método científico e o pensamento crítico ainda são as melhores ferramentas para compreensão dos fenômenos naturais e apuração dos fatos, resta-nos fazer delas um escudo para nos proteger da avalanche de conteúdos falsos que inundam hoje o ambiente digital e aprender o “caminho das pedras” em busca da informação com credibilidade. Para Paulo Camargo, “a única forma de evitar esse tipo de notícia é duvidando de tudo que é compartilhado em redes sociais, verificar o site em que a notícia foi publicada e a fonte desse site”. Paulo ainda frisa que “é importante lembrar que até os sites tidos como confiáveis também buscam por ‘clicks’”, fazendo uma menção ao processo de monetização  que induz a tal prática.

Além de verificar de onde vem a informação, ou seja, site, veículo de mídia, autor e referências, também é preciso que o leitor leia ou assista o conteúdo completo e não só o título, muitas vezes o título é feito de forma a chamar a atenção mas seu conteúdo “desmente” o que foi dito em suas primeiras linhas. Conhecer e acompanhar veículos de divulgação científica e jornalismo científico que disponibilizam conteúdos checados e com as fontes disponíveis é outra forma de se prevenir contra a desinformação. “Nem sempre é possível evitar as fake news, mas uma boa opção é checar a informação nos veículos mais consolidados, de maior credibilidade, no jornalismo independente, e não espalhar informações sem verificar a fonte”, diz Marli dos Santos.

Muitas iniciativas têm sido desenvolvidas para combater a desinformação na internet. Facebook e Google afirmam estar atentos à questão, e se comprometeram a fazer investimentos para combater a propagação de notícias falsas, reconhecendo a importância do tema. Essas plataformas prometem desenvolver mecanismos que privilegiem a exibição de sites com conteúdos verificados. Foram também criadas agências de checagem de fatos, pela iniciativa de grupos jornalísticos. No Brasil, temos a Agência Lupa e o Aos Fatos, que trabalham exclusivamente com checagem de notícias, e o projeto Truco da Agência Pública de Jornalismo. Existem também sites especializados em desmentir boatos – típicos daqueles que recebemos em grupos de whatsapp – como o E-farsas e o Boatos.org, com um serviço de apuração irreverente, porém profissional. Temos ainda páginas especializadas em divulgar e discutir ciência, em blogs e nas redes sociais, além de páginas institucionais de universidades, centros de pesquisa e agências de fomento. A Unicamp possui ainda a iniciativa Blogs de Ciência, onde acadêmicos da universidade – pesquisadores e também pós-graduandos – dedicam o seu tempo para escrever sobre suas pesquisas e outros assuntos de interesse, visando informar o público em uma linguagem acessível.

Para Marciel Aparecido Consani, “as estratégias eficazes de curto prazo passam por garantir espaço para a divulgação científica na pauta dos grandes veículos e ocupar os chamados “espaços virtuais” — perfis do Facebook, canais do Youtube, contas no Twitter — com informação qualificada. A longo prazo, o caminho passa por criar uma cultura de recepção crítica nos jovens, no âmbito das políticas públicas de educação e cultura”. Nesta questão, Angela Pimenta também destaca que “compete às escolas de educação básica e aos cientistas tornar o conhecimento científico o mais próximo possível do senso comum. As pessoas melhor educadas desde criança estarão menos propensas ao viés de confirmação e terão uma capacidade maior para lidar com o discurso contraditório e, dessa maneira, também maior capacidade de aprender e inovar”. Para ela, o caminho para combater conteúdos falsos na internet também passa por uma valorização do profissional de comunicação e do seu trabalho.

Para saber mais:

Manual da Credibilidade: https://www.manualdacredibilidade.com.br/

Projeto Credibilidade: https://www.credibilidade.org/