Sem conflitos

Por Carlos Vogt

A história registra grande quantidade de conflitos, muitos com a qualidade de marcas fundamentais na definição das mudanças que as sociedades, em sua época e depois dela, iriam conhecer como curso de suas transformações.

Não sabemos ainda se o Brasil está vivendo um processo de mudança de rumos, no que diz respeito aos padrões de liberdade e de conquistas sociais, políticas e culturais, que se seguiram à promulgação da Constituição de 1988, na grande reação democrática aos anos duros da ditadura militar no país.

O fato é que corremos o risco de uma inversão de valores, que pode ser mais tenebrosa do que os anos de chumbo dos governos militares.

No plano internacional, o cenário não é menos preocupante, agravado com a invasão da Ucrânia pela Rússia, sob o comando de Putin.

No plano global, persiste a ameaça, agora mais contida, mas sempre aterradora, da pandemia causada pelo vírus da Covid-19, com todas as suas mutações e variantes insistentes.

No plano nacional, além dos males decorrentes das situações anteriores, somam-se conflitos e mais conflitos, teóricos, práticos, ideológicos, reais, desestabilizadores, cotidianamente agressivos.

Conflitos entre os poderes da república, entre a república e os golpistas, entre os golpistas e as instituições democráticas, entre a inflação e a fome, entre a fome e o desemprego, entre o desemprego e o bem-estar social, entre o bem-estar social e a mentira de pseudo-sebastianistas, entre mitos forçados e a força maléfica de falsos mitos.

Bem não estamos e, por não estarmos bem, tendemos a aumentar o potencial de conflitos que, já sendo grande, tende a crescer ainda mais, numa escalada de violência sem antecedentes, nos últimos anos.

O bem público é um ponto de resistência e o conhecimento, um avatar da tessitura do mundo que desejamos ver permanecer em constante transformação pra melhor.

Estamos todos, os que reconhecem a capacidade do bem e lutam, a seu modo, com suas forças, com seus recursos e energias, para essa permanência dinâmica, comprometidos com a vida, com a paz, com o entendimento, com a inteligência, com a solidariedade, com a ciência, com a cultura, com a arte, com a poesia, a criação e a criatividade.