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                    Irapé: 
  a catedral tecnológica e a supressão de uma paisagem 
Márcio Santos 
Em 2002 a Companhia Energética de Minas Gerais 
  – Cemig – deu início, mediante a formação de 
  um consórcio de construtoras, às obras civis para a construção 
  da barragem de Irapé, localizada no alto Jequitinhonha. Em 2003 houve 
  o desvio do rio e o início da construção efetiva da barragem, 
  que terá 205 metros de altura, cifra que a coloca, segundo Fábio 
  Gonçalves, gerente administrativo financeiro do Consórcio Construtor 
  Irapé, como a barragem mais alta do Brasil. O enchimento do reservatório, 
  que se iniciaria em novembro de 2004, foi atrasado devido a impasses no processo 
  de reassentamento das famílias que residem na área inundável. 
 
Compõem o Consórcio Construtor Irapé as empresas Andrade 
  Gutierrez, Norberto Odebrecht, Ivaí Engenharia de Obras e Hchtief do 
  Brasil. A empresa Voith Siemens é responsável pelo fornecimento 
  e montagem de material eletromecânico. O investimento previsto é 
  de 580 milhões de reais. O reservatório terá 137 Km2 de 
  área e possibilitará a geração de 360 MW de energia. 
O alagamento resultante atingirá núcleos 
  urbanos e áreas rurais numa extensão de 115 quilômetros 
  do Rio Jequitinhonha e de 50 quilômetros de um dos seus afluentes, o Itacambiruçu. 
  Um total de 754 famílias, ou 3.564 pessoas, residentes em 47 comunidades 
  ribeirinhas, em áreas dos municípios mineiros de Berilo, José 
  Gonçalves de Minas, Leme do Prado, Turmalina, Grão Mogol, Cristália 
  e Botumirim, serão afetadas. 
   
    Fotos: Márcio Santos  | 
   
   
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    |   Obras da barragem de Irapé-MG  | 
   
 
“Quero aconselhar os que me lêem a não deixarem de visitar 
  as obras de construção de Irapé. Seus olhos jamais verão 
  cenas iguais. Elas serão incorporadas para sempre em sua retina e fixadas 
  em sua lembrança. Para quem como eu tanto pelejou em favor dessa realização, 
  enfrentando incompreensões e doestos malevolamente atirados contra mim, 
  ir ao canteiro de obras foi um bálsamo para meu coração 
  de homem do Jequitinhonha. A todo tempo da visita acorria em meu espírito 
  o famoso apólogo. Estava certo de que todos tinham perfeita consciência 
  e orgulho de estar participando da construção de uma grande catedral”. 
  Assim percebeu Irapé, em agosto de 2003, um dos tradicionais políticos 
  mineiros, o ex-senador Murilo Badaró. O propósito deste rápido 
  artigo é refletir sobre os impactos socioculturais resultantes da desconstrução 
  de uma paisagem e do patrimônio cultural a ela associado, estabelecendo 
  uma dicotomia entre a catedral da tecnologia entrevista pelo ex-senador e os 
  signos culturais forjados pela ocupação secular da região. 
O reservatório de Irapé ocupará uma região formada 
  por comunidades tradicionais, dedicadas majoritariamente às atividades 
  agropecuárias. São lavradores, roceiros, vaqueiros e cortadores 
  de cana. Em segundo lugar, numa posição quantitativamente bem 
  distante dos trabalhadores rurais, aparecem os pequenos comerciantes; os pequenos 
  garimpeiros de diamante, ouro e cristal; os trabalhadores domésticos; 
  e os que trabalham em estabelecimentos industriais ligados aos recursos naturais 
  da região, tais como fábricas de farinha, de cachaça, de 
  rapadura, de doces e de telhas. Pouco menos de dois terços das famílias 
  afetadas pelo empreendimento residem na área rural; o restante se distribui 
  pelos povoados da região, nenhum dos quais chega a ter duas centenas 
  de habitantes. 
O acentuado ruralismo da paisagem foi, desde o período colonial, uma 
  das marcas da ocupação humana dessa região. No século 
  XVIII e em parte do seguinte o território integrava o termo de Minas 
  Novas, sediado na vila de Nossa Senhora do Bom Sucesso das Minas Novas do Araçuaí 
  e formado a partir da mineração aurífera e diamantífera, 
  cujos registros mais antigos na região datam do ano de 1727. O influxo 
  urbanizador que gerou os núcleos de Minas Novas (atual cidade de mesmo 
  nome), Piedade (Turmalina), Chapada (Chapada do Norte), Água Suja (Berilo) 
  e Sucuriú (Francisco Badaró) não chegou a atingir a área 
  onde estará o reservatório de Irapé. No seu mapa da capitania 
  das Minas Gerais, de 1778, José Joaquim da Rocha não registra 
  nenhum núcleo urbano nessa área específica. A ocupação 
  luso-brasileira de maior expressão parece ter se restringido, no século 
  XVIII, a dois registros, o da Conceição e o de Simão Vieira, 
  ambos na margem direita do Jequitinhonha, o primeiro no caminho que, cruzando 
  o rio, ligava Minas Novas a Itacambira e conectava as regiões mineradoras 
  a leste e a oeste do vale. 
De toda forma, a ocupação luso-brasileira da região iniciou-se 
  a partir do garimpo de diamantes, realizado principalmente na serra de Santo 
  Antônio, nas proximidades do Rio Itacambiruçu. Um documento de 
  1781 já se refere à presença, nessa região, de centenas 
  de garimpeiros clandestinos, que mineravam num dos córregos afluentes 
  do rio e na própria serra. 
Essa primeira leva mineradora deve ter provocado a expulsão, ou a dizimação, 
  das populações indígenas que ocupavam a região, 
  sobre as quais pouco se sabe. Entre os 61 sítios arqueológicos 
  registrados na área diretamente afetada pelo reservatório, pelo 
  menos sete são seguramente anteriores à chegada dos povoadores 
  luso-brasileiros. Os demais, já do período colonial, incluem, 
  entre outros, abrigos sob rocha, vestígios de fazendas, vestígios 
  de atividade mineradora e um cemitério.  
Em 1818, no seu trajeto entre o Tejuco (atual cidade de Diamantina) e Minas 
  Novas, Spix e Martius encontraram um grupo de botocudos, que descreveram como 
  indivíduos de “cor de canela clara, de altura mediana, estatura 
  baixinha, pescoço curto, olhos pequenos, nariz curto achatado e lábios 
  grossos”. É possível que essas populações 
  já descendessem dos primeiros ocupantes da região, que deixaram 
  os registros pictóricos e o material lítico e cerâmico encontrado 
  no projeto de pesquisa arqueológica da área a ser inundada por 
  Irapé. 
Localizada num espaço distante dos centros 
  econômicos coloniais, num território fronteiriço cuja jurisdição 
  político-administrativa oscilou entre as capitanias das Minas Gerais 
  e da Bahia, representou também essa região zona de fuga para quilombolas 
  e índios fugidos à perseguição luso-brasileira. 
  A comunidade de Porto dos Coris, hoje um lugarejo de 86 habitantes, formou-se 
  a partir do estabelecimento de escravos fugidos no local, liderados pela família 
  do escravo Germano. Foi ele o responsável pela aquisição 
  das terras locais, tendo para isso poupado recursos recebidos nos dias de trabalho 
  livre, que conseguia mesclar com os dias de trabalho compulsório. Inicialmente, 
  era o lugarejo conhecido como Boa Sorte. 
   
      
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    |   Morador mais antigo de Porto dos Coris   | 
   
 
Com a decadência da mineração de diamantes, a região 
  transitou para o perfil econômico agropecuário que apresenta atualmente. 
  Quer seja na atividade garimpeira, quer seja no plantio e criação, 
  a ocupação humana tem aproveitado e interagido com a fisionomia 
  natural do alto Jequitinhonha. Topograficamente, a região pode ser caracterizada 
  como uma combinação de serras, chapadas e vales de rios. As chapadas 
  se destacam no meio das serras como grandes extensões de terrenos planos 
  e elevados, pouco férteis e com escassas fontes de água. Spix 
  e Martius identificaram a maior dessas chapadas, que ocupa, segundo os naturalistas, 
  “todo o espaço do território, entre dois rios diamantíferos, 
  o Jequitinhonha, a oeste, e o Araçuaí, a leste”. Nas serranias 
  e chapadas, que estão inseridas no domínio geológico da 
  Serra do Espinhaço, há pouca atividade humana, reservando-se para 
  esses espaços a extração mineral ou a pastagem comunitária. 
Os vales dos rios e córregos formam as grotas, compostas por áreas 
  úmidas e frescas próximas dos cursos hídricos. Nesses espaços, 
  aponta Flávia Maria Galizoni, os agricultores assentam boa parte das 
  suas unidades de produção – casas e quintais, roças 
  e mangas (pastagens cercadas e plantadas). 
No Plano de Controle Ambiental elaborado sob a coordenação da 
  Cemig, a fisionomia natural da área de influência de Irapé 
  é assim descrita: “A área de influência da UHE Irapé 
  localiza-se, principalmente, no domínio do cerrado sensu lato [sic], 
  enquanto seu limite leste faz contato com área de transição 
  para caatinga [...]. É dotada de cadeias montanhosas e afloramentos rochosos 
  quartzíticos (que atingem até 1.400 m de altitude), além 
  de chapadas de exuberante beleza cênica, as quais confrontam com o encaixado 
  vale do Rio Jequitinhonha. As íngremes drenagens e encostas das chapadas 
  exibem reduzido uso e ocupação humana, possibilitando uma extensa 
  e contínua cobertura vegetal nativa, diferenciada em: formações 
  florestais [...], arbustivas [...] e campestres”. Quanto ao clima, a região 
  do empreendimento localiza-se em área de transição entre 
  os regimes quente semi-árido de influência continental e quente 
  sub-úmido de influência marítima, ambos de regime tropical. 
Galizoni observou a intensa relação de continuidade entre o meio 
  e a ocupação humana, por meio da qual os lavradores do alto Jequitinhonha 
  aprenderam a perceber “o espaço a partir de categorias resultantes 
  de experiências de várias gerações, estabelecendo 
  uma divisão espacial e, concomitantemente, distinguindo os usos possíveis”. 
  O uso da terra forjou regionalmente uma tipologia, por meio da qual são 
  classificados os terrenos da região. As terras que a população 
  identifica como de culturas, correspondentes às formações 
  florestais, são as mais propícias ao plantio, por estarem próximas 
  dos cursos hídricos; nas caatingas, localizadas nas cabeceiras dos córregos, 
  são plantadas espécies rústicas, como a mandioca, o abacaxi 
  e, algumas vezes, o café; nos campos ou carrascos, impróprios 
  para a lavoura, predominam capins, arbustos e árvores nativas. Vê-se 
  que a classificação popular coincide, essencialmente, com a observação 
  científica, conotando cada tipo de terreno com o valor que tem a partir 
  da prática agrícola. 
Esse padrão cultural de interação 
  com o meio, que inclui, ao longo dos séculos de ocupação 
  humana da região, mecanismos lentos de adaptação e de transformação 
  da sua fisionomia natural, permite colocar as populações ribeirinhas 
  do alto Jequitinhonha entre as sociedades tradicionais. Segundo Giddens, nessas 
  sociedades o passado é venerado e os símbolos são valorizados 
  porque contêm e perpetuam a experiência de gerações. 
  A tradição é um meio de lidar com o tempo e o espaço, 
  inserindo qualquer atividade ou experiência particular na continuidade 
  do passado, presente e futuro, os quais, por sua vez, são estruturados 
  por práticas sociais recorrentes. 
   
     
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    |   Festa religiosa popular, em Canabrava - 
        Turmalina  | 
   
 
Um dos mecanismos culturais mais ricos na lida com o tempo e o espaço 
  no alto Jequitinhonha é a religiosidade popular. Na localidade de Canabrava, 
  localizada na área inundável pelo reservatório, ainda se 
  pode acompanhar uma missa, celebrada num rústico galpão, e a procissão 
  e a festa religiosa que se seguem, realizadas na margem do Rio Jequitinhonha. 
  No povoado de Peixe Cru encontra-se uma edificação de significativo 
  valor cultural, a Capela do Senhor Bom Jesus do Peixe Cru. Construída 
  em posição dominante, isolada sobre uma elevação 
  ao fundo do largo que constitui o lugarejo, a capela é um exemplar típico 
  da arquitetura mineira tradicional de cunho popular. 
O conjunto desses elementos – mecanismos de 
  adaptação e transformação do meio, técnicas 
  de plantio e de extração mineral, formas de vivência comunitária, 
  formas de expressão religiosa, artística e simbólica – 
  forma o patrimônio cultural das comunidades do alto Jequitinhonha. Os 
  elementos materiais e imateriais de expressão dessa sociedade tradicional 
  ganham, assim, a qualidade de bens culturais. 
   
     
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    |   Capela - Capela do Senhor Bom Jesus do Peixe 
        Cru, em Peixe Cru - Turmalina  | 
   
 
Como se viu, essas formas culturais foram engendradas e modificadas no curso 
  da lida do homem com o meio. Num ritmo lento, novas técnicas econômicas 
  e novas formas de expressão simbólica foram introduzidas, reunindo 
  elementos trazidos pelos diversos grupos étnicos e sociais que formaram 
  a população local – grupos indígenas jê; quilombolas; 
  exploradores, entradistas e bandeirantes nordestinos, paulistas e reinóis; 
  pequenos garimpeiros; agricultores. 
A característica tradicional dessa sociedade 
  permite situar o seu território como uma sucessão de paisagens, 
  que retratam os distintos momentos da história da ocupação 
  humana do alto Jequitinhonha. Ao contrário dos territórios ocupados 
  por sociedades modernas, em que os elementos de paisagens passadas são 
  rapidamente suprimidos, atualizados ou ressignificados, o território 
  das comunidades ribeirinhas do alto Jequitinhonha mantém vivos e atuantes 
  muitos dos elementos que contribuíram para a formação histórica 
  da região. O garimpo manual, em que se empregam alavancas, pás, 
  cavadeiras, enxadas, garfos, peneiras e bateias; o sistema tradicional de plantio 
  e criação, que utiliza a coivara, o rodízio de terras, 
  a pastagem comunitária; a localização das unidades produtivas 
  nas margens dos cursos hídricos; as expressões materiais e imateriais 
  da religiosidade são elementos da paisagem colonial que se transmitiram 
  para a paisagem contemporânea do território. Também o são 
  os padrões construtivos das edificações, com paredes de 
  pau-a-pique ou adobe, forros de palha, telhas de cerâmica, utensílios 
  de barro. A essa paisagem se sobrepõem outras, em que aparecem elementos 
  exclusivamente contemporâneos, tais como equipamentos, artefatos mecânicos, 
  veículos motorizados, construções de alvenaria. Como pano 
  de fundo, permanece a paisagem primordial de populações humanas 
  que aprenderam a habitar os vales e as encostas úmidas, abaixo das serranias 
  e chapadas. Num ritmo lento, essas sucessivas paisagens se sobrepõem 
  e se intercambiam, configurando o território na forma com a qual se apresenta 
  hoje. 
   
     
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    |   Paisagem do Vale do Jequitinhonha 
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O alagamento de parte dessa região imporá, de maneira súbita, 
  o que se pode chamar de supressão da paisagem. O território habitado, 
  tanto nos seus elementos mais antigos, quanto nas suas formas contemporâneas, 
  será, de maneira irreversível e total, ocupado pelas águas 
  do reservatório, ação que desfará a dinâmica 
  atual das paisagens e instaurará uma nova e ainda desconhecida configuração 
  territorial da região. Samuel Branco e Aristides Rocha assim descrevem 
  alguns dos impactos dos reservatórios sobre a paisagem: “Os lagos 
  artificiais dão uma imagem nova e diferente à paisagem. Mesmo 
  quando o desmatamento é feito com cuidado, no local abrangido pela faixa 
  de oscilação do nível do reservatório, sempre permanece 
  o aspecto de natureza morta. Às vezes, as novas margens se tornam pantanosas, 
  podendo se constituir em focos de vetores de doenças endêmicas. 
  [...] Aliado à presença da represa e da nova paisagem criada, 
  em certas regiões, é implantado o turismo [...]. Surgem clubes 
  náuticos, que se estabelecem em suas margens, bem como casas de veraneio. 
  Às vezes, criam-se animais aquáticos e semi-aquáticos, 
  e pratica-se a pesca recreativa”. Algumas vezes, pode-se completar, a 
  diminuição do nível das águas do reservatório 
  provoca um efeito inusitado: reaparecem vestígios dos elementos naturais 
  e das estruturas humanas do passado. Essa paisagem emersa pode ser observada, 
  por exemplo, na área ocupada pela antiga cidade de Remanso, onde hoje 
  está o reservatório de Sobradinho, no médio São 
  Francisco. Na nova paisagem destacam-se uma das paredes de sustentação 
  do altar da igreja e os restos das árvores que adornavam o que teria 
  sido a rua principal do lugar, elementos que, voltando à tona, ganham 
  forte expressividade imagética e simbólica. 
Uma característica a ser sublinhada é a de que a supressão 
  da paisagem se dá de maneira abrupta, rompendo a dinâmica lenta 
  da sucessão de paisagens. Populações são removidas, 
  laços socioculturais são rompidos, bens culturais materiais e 
  imateriais são desfeitos. A superfície plácida de um lago 
  artificial, que, no caso de Irapé, inundará tudo o que estiver 
  abaixo de 550 metros de altitude, passa a ocupar o espaço que antes era 
  de rios, córregos, nascentes, chapadas, formações vegetais, 
  lavouras, povoados, casas, igrejas. Em alguns meses, prazo de enchimento do 
  reservatório, ocorre a supressão de uma paisagem que se vinha 
  construindo ao longo de séculos de ocupação humana – 
  aliás, os efeitos dessa supressão, pode-se dizer, iniciam-se antes 
  mesmo do enchimento, já que a anunciada remoção dos lavradores 
  interrompe os cultivos algum tempo antes do reassentamento das famílias. 
Por exigência legal, um minucioso plano de salvamento do patrimônio 
  cultural foi elaborado e desenvolvido pela Cemig na área a ser ocupada 
  por Irapé. Sítios arqueológicos foram identificados e documentados, 
  a capela de Peixe Cru será reconstruída no local a ser ocupado 
  pela comunidade, um centro de memória abrigará, ao lado da represa, 
  bens e registros culturais das populações atingidas. Essas iniciativas, 
  no entanto, não recriarão os elementos basilares da paisagem sociocultural 
  da região inundada, construídos a partir de uma íntima 
  relação do homem com o meio no alto Jequitinhonha. A construção 
  da barragem de Irapé representará a edificação de 
  uma catedral tecnológica, sob a qual submergirão para sempre os 
  elementos materiais e imateriais que produziram, na região, um determinado 
  modo de vida e de expressão simbólica das populações 
  que sucessivamente a habitaram. 
Márcio Santos é mestre em história, pesquisador e coordenador 
  do Núcleo de Estudos e Pesquisas da Escola do Legislativo da Assembléia 
  Legislativa de Minas Gerais. 
 
  Referências bibliográficas 
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  de Serra da Mesa: a construção de uma nova paisagem. 2002. 266 
  f. Tese (doutorado em geografia) ? Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências 
  Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2002. 
BADARÓ, Murilo. “Sonho e realidade”. Estado de Minas, 19 
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  de Minas Gerais. Belo Horizonte, Rio de Janeiro: Editora Itatiaia, 1995. 
BRANCO, Samuel M.; ROCHA, Aristides A. Poluição, proteção 
  e usos múltiplos de represas. São Paulo: Nobel; Brasília: 
  INL, 1983. Apud ANDRADE, Soraia Maria de. O patrimônio histórico 
  arqueológico de Serra da Mesa: a construção de uma nova 
  paisagem. 2002. 266 f. Tese (doutorado em geografia), Faculdade de Filosofia, 
  Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São 
  Paulo, 2002. 
CENTRAIS ELÉTRICAS DE MINAS GERAIS Cemig. Usina hidrelétrica 
  de Irapé: plano de controle ambiental. [S.l]: Cemig, novembro de 2001. 
  5 tomos, 18 volumes. Plano. 
GALIZONI, Flávia Maria. A terra construída : família, 
  trabalho, ambiente e migrações no Alto Jequitinhonha, Minas Gerais. 
  2000. 92 fl. Dissertação (mestrado em antropologia social) ? Faculdade 
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  São Paulo, 2000. 
GIDDENS, Anthony. Consecuencias de la modernidad. Madrid: Alianza, 1990. 
ROCHA, José Joaquim da. Geografia histórica da Capitania de Minas 
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