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             Fontes 
              alternativas podem completar abastecimento 
            O petróleo 
              ainda é a fonte energética mais utilizada no mundo, 
              35.7%, de acordo com dados de 1998 da Agência 
              Internacional de Energia, seguido pelo carvão (23.3%), 
              gás natural (20.3%), combustíveis renováveis 
              (como biomassa) (11.2%), nuclear (6.7%) 
              e água (2.3%). Por último, na fatia mais fina do gráfico 
              em pizza, estão representados os 0.4% correspondentes às 
              energias alternativas (solar, eólica, ondas, geotérmica 
              etc). Mas não é por falta de potencial que elas são 
              as menos utilizadas. 
            Oito 
              mil quilômetros de costa, uma média de 5 horas de sol 
              por dia, ventos intensos e 12% de toda água doce do planeta 
              fazem do Brasil o país com um dos maiores potenciais energéticos 
              do mundo. No entanto, o país encontra-se em meio a uma crise 
              de grande impacto enquanto lugares como a Alemanha, com um pequeno 
              território (algo em torno do tamanho do estado de Mato Grosso 
              do Sul) é a campeã em aproveitamento da energia solar 
              e eólica.  
            
               
                 
                   
                    Certificados 
                      de Carbono 
                      Na Conferência de Kyoto, 1997, 
                      foi estabelecido o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), 
                      que permite que países industrializados invistam 
                      em projetos de países em desenvolvimento que promovam 
                      uma redução líquida nas emissões 
                      de gás carbônico. O Certificado de Redução 
                      das Emissões de Carbono, como foi nomeado, terá 
                      um valor monetário que pode ser comprado por países 
                      industrializados. Estima-se que o preço de cada tonelada 
                      de carbono, que deixa de ser emitida não está 
                      estabelecido, varie de US$ 10 a US$ 100. Por enquanto, o 
                      plano ainda não está em prática, basta 
                      dizer que de 1992 até hoje, apenas Alemanha e Grã 
                      Bretanha reduziram de fato as emissões de carbono. 
                      Todos os países, incluindo o Brasil, aumentaram as 
                      suas . (Fonte: Ecol 
                      News) 
                   
                 | 
               
             
            A energia 
              dos ventos é considerada uma fonte de energia renovável, 
              amplamente disponível, com baixo impacto ambiental e limpa, 
              por não emitir resíduos, como gás carbônico, 
              na atmosfera. Seu uso em escala comercial teve início por 
              volta de 1970 quando o mundo viveu a crise do petróleo, embora 
              no Brasil seu início tenha sido apenas a partir de 1992. 
              Hoje, a utilização da energia eólica no mundo 
              está em torno de 13.500 MW (MegaWatt), e poderá ultrapassar 
              a marca dos 30.000 MW até 2030, em função da 
              perspectiva de venda dos "Certificados de Carbono" [veja 
              box], que determinam a diminuição da emissão 
              de gás carbônico. O Brasil contribui com apenas 20,3 
              MW, no entanto, o Centro Brasileiro de Energia Eólica estima 
              que o potencial do nordeste seja de 6.000 MW. O objetivo é 
              que até 2005 se instale 1.000 MW de energia eólica 
              no país. 
            
               
                 
                    
                     Aerogerador 
                    fabricado pela Wobben-Enercon, produz 600KW por hora e tem 
                    50 metros de altura até o centro das hélices. 
                    (crédito: Wobben-Enercon) 
                 | 
               
             
            Hoje, 
              os países que mais fazem uso desta energia são a Alemanha 
              (produzindo 32% do total mundial), a Dinamarca (12% do total da 
              energia elétrica produzida), e os Estados Unidos (2550 MW). 
              No final do ano passado a França anunciou o desenvolvimento 
              de 5.000 MW de energia eólica até 2010, e a Argentina 
              anunciou um projeto para o desenvolvimento de 3.000 MW também 
              até 2010. Em maio, um relatório de Beijing revelou 
              que a China pretende desenvolver cerca de 2.500 MW de energia eólica 
              até 2005. Segundo a Associação Européia 
              de Energia Eólica, a indústria do setor pretende atingir 
              uma capacidade de 60.000 MW em 2010, o que daria para fornecer energia 
              elétrica para até 75 milhões de pessoas. 
            Já 
              no Brasil há, instaladas, cerca de 9 usinas eólicas 
              nos estados do Ceará, Paraná, Rio Grande do Norte, 
              Pernambuco, Pará e Minas Gerais. Para o coordenador do Centro 
              de Referência para Energia Solar e Eólica Sérgio 
              de Salvo Brito (Cresesb), 
              Hamilton Moss de Souza, nos próximos 2 anos certamente haverá 
              uma expansão de 20 vezes no uso desse tipo de energia no 
              Brasil. É um setor que cresce cerca de 25% ao ano, tendo 
              crescido 65% apenas em 1999.  
            Uma 
              boa alternativa para países que têm pouco espaço 
              em terra, é a instalação desses aerogeradores 
              dentro do mar, onde o fluxo de ventos é mais constante e 
              em maior quantidade do que na terra, como tem sido feito pela Alemanha, 
              Inglaterra e Japão. 
            Para 
              Souza, a energia eólica deve ser combinada com outras fontes 
              de energia (sistema híbrido), uma vez que não é 
              possível armazenar a energia elétrica produzida pelos 
              ventos. Assim, os períodos de menor vazão do rio São 
              Francisco, de junho a setembro, que correspondem as maiores velocidades 
              de vento no nordeste do Brasil poderiam produzir grandes quantidades 
              de energia eólica, evitando que a água do rio fosse 
              utilizada. Pode-se dizer que, deste modo, a energia seria armazenada. 
            A única 
              fonte de energia inesgotável e externa ao nosso planeta é 
              o sol. Para se ter uma idéia deste enorme potencial, basta 
              dizer que a quantidade de sol que incide na terra durante dez dias 
              é equivalente a todas as reservas de combustíveis 
              fósseis existentes. E o Brasil recebe a maior incidência 
              de sol no mundo, no entanto apenas cerca de 6MW de energia são 
              aproveitadas. O estado da Califórnia, nos Estados Unidos, 
              possui a maior central solar do mundo, onde se utiliza o sistema 
              de espelhos côncavos (helio-térmica) que direcionam 
              a energia solar para uma tubulação de aço inoxidável, 
              onde a água é aquecida. A utilização 
              desta técnica não permite armazenar a energia produzida, 
              mas com o advento das células fotovoltaicas (feitas de silício), 
              por volta de 1980, passa a ser possível não apenas 
              armazená-la, mas também transformar energia térmica 
              em elétrica. Este sistema de energia pode alimentar uma casa 
              mesmo durante a noite ou em dias chuvosos.  
            
               
                 
                    
                    Casa Solar Eficiente, toda energia é 
                    provinda do sol. (crédito: Cresesb)  
                 | 
               
             
            Este 
              é o caso da Casa 
              Solar Eficiente, projetada pelo Centro de Referência para 
              Energia Solar e Eólica Sérgio de Salvo Brito (Cresesb), 
              onde toda energia é produzida através do calor do 
              sol. Localizada na ilha do Fundão (RJ), nas dependências 
              do Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel), a casa 
              teve um custo de R$18.000 apenas na parte de energia e vem atraindo 
              empresários que querem montar empresas que disponham destas 
              instalações. Embora o custo ainda seja elevado, a 
              tendência é que caia, tanto pela melhoria na tecnologia 
              de fabricação quanto pela maior demanda de sua utilização. 
              Participaram do projeto diversas instituições como 
              o Ministério de Minas e Energia (MME) e a Eletrobrás. 
               
            A tecnologia 
              deverá estar ao alcance de um número maior de consumidores 
              em pouco tempo. A Caixa Econômica Federal anunciou, em maio 
              deste ano, linhas de financiamentos populares para quem quiser adquirir 
              equipamentos de aquecimento solar (aquecimento de água) ou 
              o uso destes em uma construção planejada. Também 
              estarão brevemente assinando um Protocolo de Cooperação 
              Técnica, com a Secretaria de Infra-estrutura da Bahia, para 
              financiar equipamentos de energia solar em obras públicas. 
            Além 
              dos tipos de energia já citados, que certamente têm 
              tecnologia mais desenvolvida, existe uma vasta possibilidade do 
              uso de outras fontes energéticas, mas que ainda se encontram 
              em fase experimental no Brasil. É o caso do aproveitamento 
              do movimento das marés para fazer girar turbinas e produzir 
              eletricidade, como já é feito pela França, 
              Inglaterra e Japão. Funciona como uma hidrelétrica: 
              uma barragem com turbina e gerador são instaladas na costa, 
              de forma a aproveitar o fluxo de água durante a maré 
              cheia e vazia. A construção desta usina exige grandes 
              amplitudes de maré, como acontece em São Luís 
              (MA) (6,8 m). Este mês a Coppe 
              (Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação 
              e Pesquisa de Engenharia) e o Instituto Nacional de Engenharia e 
              Tecnologia Industrial de Portugal iniciam um acordo de cooperação, 
              que consiste no acompanhamento do funcionamento de uma usina experimental 
              que produz energia a partir de ondas do mar, localizada no Arquipélago 
              de Açores, com capacidade de produzir 400 KW, suficientes 
              para abastecer cerca de 1000 habitantes.  
            No 
              Brasil, no entanto, a microempresa Mayorca criou há 11 anos 
              uma bóia de 2 metros de altura, com 1.500 kg, que produz 
              5000 watts e custa US$20 mil. A energia é gerada no interior 
              da bóia e aproveita simultaneamente a energia cinética 
              horizontal e vertical das ondas, diferentemente de Açores, 
              que aproveita apenas a vertical. Um gás não oxidante, 
              colocado no interior da bóia, é responsável 
              pela transformação da energia cinética em elétrica, 
              que é então transferida para o continente por meio 
              de cabos. Para Aurélio Mayorca, sócio da empresa, 
              esta tecnologia é flexível (não é fixa), 
              de instalação fácil e rápida, e seu 
              mecanismo não fica exposto ao mar, já que o equipamento 
              é hermético. "Agora que o país acordou 
              para o problema da energia, estamos procurando investidores", 
              desabafa. Sua empresa já está pronta para produzir 
              100 bóias por mês. 
            Parceria 
              parece ser a palavra chave para pesquisas na área de energia 
              alternativa. O Ipen 
              (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares) vem desenvolvendo 
              junto às indústrias nacionais, à Universidade 
              Técnica Darmstadt, na Alemanha, e outras universidades e 
              institutos de pesquisa, trabalhos com células a combustível. 
              São módulos que produzem até 1 quilowatt de 
              energia a partir de reações eletroquímicas 
              entre o oxigênio (coletados do ar) e o hidrogênio (obtido 
              do gás natural, do etanol ou metanol) produzindo energia 
              elétrica e água como resíduo. As células 
              poderiam gerar energia para veículos, laptops ou até 
              residências. Para 2002, a Alemanha planeja ter sua usina movida 
              a células a combustível, que irá fornecer energia 
              elétrica para cerca de 2 mil habitantes. Hoje, a Copel (Companhia 
              Paranaense de Energia) e o Lactec (Instituto de Tecnologia para 
              o Desenvolvimento), em Curitiba (PR), também desenvolvem 
              projeto com 3 células, adquiridas dos Estados Unidos, para 
              que possam estudar o seu funcionamento e a tecnologia utilizada. 
              Essa é uma energia de altíssima qualidade - já 
              que está livre de interferências do meio ambiente e 
              com baixo risco de interrupção - e que no futuro deverá 
              beneficiar hospitais, transportes, centros de processamento de dados 
              e indústrias altamente automatizadas. O custo de cada equipamento 
              está em torno de US$ 863 mil. Segundo Margarita Ballester, 
              professora do Instituto de Física da Unicamp, a Mercedez-Chrysler 
              tem perspectivas de lançar no mercado, por volta de 2003 
              a 2005, um carro que utiliza células combustíveis 
              que deverão ter seu custo semelhante a carros que utilizam 
              motores a explosão. 
            O recém 
              criado Centro Nacional de Referência em Energia do Hidrogênio 
              (CENEH) da Unicamp, desenvolveu o carro Vega, um protótipo 
              que utiliza o hidrogênio como combustível, juntamente 
              com células fotovoltaicas, aquelas que fazem uso da energia 
              solar. O hidrogênio é mais limpo que o petróleo, 
              uma vez que não emite gás carbônico para a atmosfera 
              e sim moléculas de água. É possível 
              que em um futuro bem próximo, a cidade de São Paulo 
              seja a primeira a usufruir do transporte coletivo com esta energia 
              alternativa. O projeto, conduzido pela EMTU (Empresa Metropolitana 
              de Transportes Urbanos) de São Paulo e originado pelo Ministério 
              das Minas e Energia, prevê a compra de 8 ônibus da Alemanha. 
               
            Os 
              biodigestores indianos e chineses passaram a ser implantados no 
              Brasil na década de 70 e a partir daí começaram 
              a ser testados alguns produzidos nacionalmente. Atualmente, o país 
              está em terceiro lugar no ranque mundial, com 8,3 mil biodigestores, 
              principalmente na zona rural, perdendo apenas para a China (5 milhões) 
              e Índia (1,6 milhões). A vantagem desta tecnologia 
              é que todos os resíduos orgânicos, que antes 
              eram descartados como lixo, passam a produzir o biogás (composto 
              principalmente por metano ~60%, e gás carbônico ~40%), 
              além de um composto semelhante ao lodo que pode ser utilizado 
              como fertilizante. O biogás é utilizado como combustível 
              de automóveis ou até para gerar energia elétrica 
              em turbinas. Trata-se de uma fonte de energia "ecologicamente 
              correta" por ser renovável, barata, menos poluidora 
              (o biogás queima totalmente), além de ser uma ótima 
              alternativa para o problema do lixo orgânico. 
            Outra 
              fonte de energia alternativa, mas que o Brasil não dispõe, 
              é a energia geotérmica. Centrais instaladas próximas 
              de zonas de vulcanismo já são responsáveis 
              por suprir cerca de 30% da energia elétrica consumida por 
              El Salvador e 15% das Filipinas, enquanto que a Nova Zelândia 
              e a Islândia aproveitam o calor emanado dos géiseres 
              como fontes de água quente (temperatura às vezes superior 
              a 100o 
               
             |